Os trabalhadores em Educação do Estado de Minas Gerais paralisaram as atividades no dia 16 de março, o mesmo dia em que aconteceu a Paralisação Nacional em defesa do Piso Salarial. Revoltados com o achatamento do salário ocorrido, principalmente, nos últimos 16 anos sob o governo do PSDB (Eduardo Azeredo e Aécio Neves) em que o poder aquisitivo da categoria caiu mais de 70%, segundo o Sind-UTE, a paralisão no Estado alcançou 80%, de acordo com informações da sede central em BH, no boletim nº 6, divulgado no dia 18 de março.
“- O momento da mobilização é agora. Até o momento, o governo estadual não apresentou nenhuma proposta de política salarial”, disse a presidenta Beatriz Cerqueira, presidenta estadual. Sem reajuste salarial há mais de dez anos, conforme o boletim, o Conselho Geral e a assembléia estadual aprovaram o indicativo de greve e o início da greve a partir do dia 8 de abril.
Preocupado com o tamanho da paralisação e a revolta dos servidores da Educação, o governo agiu rápido. Na última segunda-feira, 22, o governador Aécio Neves, às vésperas de deixar o cargo, enviou projeto de aumento à Assembléia Legislativa, reajustando em 10% os salários dos trabalhadores em educação, ativos e inativos, e ampliando para seis meses a licença maternidade. Os militares tiveram um aumento de 15%. O aumento vai incidir no contra-cheque de maio, pago em junho.
Os servidores estaduais estrearam a Cidade Administrativa, inaugurada no dia 4 de março com uma grande manifestação, que reuniu milhares de servidores que foram à capital em caravana de cerca de 50 cidades do interior, além de representantes de cidades, como o professor Carlos Roberto da Silva – O Carlão, presidente da subsede local do SindUTE, que seguiu com a caravana de Uberaba.
Aliás, a classe está batalhando em todo o Estado e a subsede de Sacramento também. De acordo com o presidente Carlos Roberto, a mobilização começou no dia 12, quando os servidores da Educação da rede estadual de Uberaba realizaram uma manifestação durante a visita do Governador Aécio Neves. “Era uma manifestação pacífica, objetivando mostrar o descontentamento de toda categoria com o salário e as péssimas condições de trabalho, mas fomos tratados de forma brutal e com toda truculência pelos manifestantes pró- governo que a todo o momento arrancavam de nossas mãos as faixas do movimento sindical que é tão ou mais legítimo que o governo”, afirmou.
Falando da assembléia e manifestação em Belo Horizonte no dia 16, Carlão informou: “A assembléia foi na virtuosa e megalópole Cidade Administrativa, construída com nosso dinheiro. Ali, em conjunto com sindicatos de várias categorias como: polícia civil, saúde, transporte coletivo, agentes penitenciários, Ipsemg e Sindpublicos (Sindicato dos funcionários da Secretaria de Educação), exigimos o cumprimento da lei para que se pague o piso salarial, reajuste salarial, dentre outras reivindicações”, disse.
Disse o presidente que nem mesmo a chuva intensa atrapalhou a manifestação que conseguiu o fechamento da rodovia de acesso de Belo Horizonte às cidades de Lagoa Santa, Vespasiano, Pedro Leopoldo e principalmente ao aeroporto internacional de Belo Horizonte.
Na grande manifestação, de acordo com Prof. Carlos, foi elaborada e aprovada uma pauta de reivindicações, que foi protocolada na quarta-feira, 17 de março.
Dilma e Patrus recebem servidores
“Caso ela não seja atendida ou mesmo se o governo não chamar para o diálogo de negociação, a categoria entrará em greve com prazo indeterminado que se iniciará no próximo dia 08 de abril”, disse.
Diferentemente da truculência com que os manifestantes foram tratados por ocasião da visita do governador Aécio Neves, em Uberaba, no dia 12, durante visita dos ministros Patrus Ananias e Dilma Rousseff, também em Uberaba, na quarta-feira, 17, os servidores uberabenses e região se reuniram e entregaram aos dois (nas mãos dos dois) uma pauta de reivindicações e contracheques de vários servidores de diversas áreas de atuação nas escolas.
Um dos servidores de Sacramento que aderiu à paralisação disse na terça-feira, “o pessoal de Sacramento reclama, reclama, mas na hora de lutar a maioria se acomoda. Devem estar satisfeitos com o salário e a série de desmandos que está ocorrendo. E olha que tem gente que recebe um salário mínimo, gente que fez faculdade, tem gente que corre de uma escola para outra o tempo todo. Mas, devem estar satisfeitos”.