Previdência Social ruim, mas pior sem ela
Paulo de Tarso de Souza Vieira
Quando falo da importância da Previdência Social para as pessoas, o que mais ouço é que "lá é tudo ladrão, a gente contribui e eles roubam".
Não posso deixar de concordar (em parte), pois os precedentes históricos deixam qualquer um descrente com nosso sistema previdenciário, que visivelmente é comandado por amadores incompetentes indicados políticamente, e por isto cheio de distorções, injustiças, arbitrariedades. Outro problema sério que sempre existiu e cada vez mais ocorre, é a "mudança das regras durante o jogo", ou seja, a pessoa faz um planejamento e quando está prestes a obter um benefício a regra muda e tudo tem que ser novamente repensado.
Outro absurdo que presenciamos é a dificuldade para obtenção de auxílio-doença (que quando se torna irreversível transforma-se em aposentadoria por invalidez). Não existe o mínimo respeito pelas pessoas no momento em que estão mais fragilizadas, pois qualquer que seja seu estado de saúde, têm que se deslocar até as unidades do INSS (no caso de Sacramento, o deslocamento é para Uberaba) para se submeterem às famigeradas "perícias", que não passam de "sessões de humilhação", salvo poucas exceções, pois há alguns médicos-peritos que respeitam os segurados.
Porém com tudo isto afirmo: sem a previdência é pior. Vejo o caso de muitas pessoas que têm condições de contribuir e não o fazem, e quando ficam idosos ou doentes não contam com qualquer renda, mesmo que pequena. Justamente nestes momentos em que uma renda mensal é vital, ela não vem
O que poucos sabem é que atualmente as pessoas podem contribuir desde os dezesseis anos (inclusive estudantes e donas-de-casa), sobre o teto máximo da previdência, sem ter que passar por escalas. Isto significa que, quanto mais cedo começar a contribuir, melhor será a renda mensal a ser recebida no futuro, seja por incapacidade de trabalhar, por atingir a idade ou por completar o tempo de contribuição para requerimento de aposentadoria.
Por isto, redundantemente insisto com todas as pessoas com as quais me relaciono (familiares, amigos, clientes) sobre a importância de ir fazendo uma boa média de contribuições, pois no momento da necessidade, mesmo com os absurdos citados no início deste texto, o auxílio previdenciário é importante demais. Infelizmente a maioria somente se conscientiza disto quando vem a necessidade.
Outro trabalho que faço em minhas atividades profissionais e que considero uma verdadeira "ação social" é recomendar que todos os que têm empregados que os registrem imediatamente após a contratação e recolham a previdência com o que é realmente pago, proporcionando uma mínima dignidade aos mesmos. Creio que este tipo de atitude por parte dos empregadores, acima de tudo, é um ato cristão. Considero-me feliz e realizado, pois atualmente mais de noventa por cento de meus clientes seguem este procedimento.
Por fim, mesmo que possa ser uma utopia, acredito que a Previdência Social de nosso País venha um dia a ser justa, coerente e sem distorções. Basta que os governantes criem vergonha na cara e nomeiem técnicos competentes para, aos poucos, acabarem com tanta coisa ridícula.
Paulo de Tarso de Souza Vieira é contabilista (técnico), advogado militante em Sacramento e acadêmico de Ciências Contábeis pela Uniube.