Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Editorial

Tirando lições

por Ivone Regina Silva

Frente aos constantes e horripilantes casos de corrupção no Brasil, a maioria dos pais, tenho a certeza, viram-se aflitos e perguntando: "o que será de nossos filhos, presenciando o desenrolar de tamanha corrupção no país, tanta impunidade, tantos maus exemplos públicos?"

Estamos estarrecidos com as mentiras e falcatruas daqueles que deveriam ser, de fato, nossos representantes e preocupados com o significado de tudo isso na cabeça das nossas crianças e adolescentes.

O que eles estão assistindo?

Podemos enumerar aqui, os mais graves erros que estão sendo cometidos e deles, dar lições àqueles que nos sucederão.

Dentre muitos, destacamos: A impunidade confirmada pela forma como o Congresso Nacional tem lidado com a questão do Mensalão, do Caixa 2, das CPIs, etc.

A cumplicidades dos honestos ou, a omissão dos bons. O medo de se misturar com os políticos, de serem vistos como mais um a entrar na lama, tem levado pessoas de bem a compactuar com o que ocorre no país pela omissão e inapetência de contribuírem para a renovação do trato da coisa pública.

Se pessoas honestas não ocuparem os lugares apossados pelos desonestos, pouca esperança vai restar para um mundo melhor para as nova gerações.

Felizmente a sociedade começou a mobilizar-se contra tantos desmandos.
Além de passeatas, estamos assistindo a manifestações claras e contundentes da sociedade organizada, como tem feito exemplarmente a OAB em todo o país.

Votar em branco, anular o voto, não colocar o valor ético como critério principal na hora de escolher um candidato, não é solução, ao revés, é contribuir para a perpetuação de uma situação que repudiamos.

A cultura da esperteza, com a valorização do "jeitinho" brasileiro, do levar vantagem em tudo, os pequenos subornos, tão comuns no dia-a-dia.

A falta de educação para a ética de crianças e jovens na famílias e nas escolas.

O ensino da ética deveria ser obrigatório em todas as escolas e as famílias deveriam transformar esse momento nefasto da vida nacional em oportunidade de ensinar as crianças e jovens.

Não adianta apenas falar do absurdo da corrupção, se não dermos o exemplo nas pequenas coisas ou não limitarmos as crianças e adolescentes nos pequenos gestos de invasão do espaço de outras pessoas: furar filas, jogar lixo nas ruas, passar a perna nos colegas, não cumprir compromissos assumidos, etc.

É a hora de os pais, professores, amigos e familiares baterem forte na tecla de que a desonestidade não pode fazer parte na vida de ninguém e que mais cedo ou mais tarde,
haverá punição e graves conseqüências por tais degradações.

E lembrem-se, somente a força conjunta dos segmentos da sociedade é que fará o destino
do nosso país ser mudado.

(*) Ivone Regina Silva é advogada e Conselheira da OAB/MG