
Em 1996, no último ano de seu primeiro mandato, o prefeito Joaquim Rosa Pinheiro cometeu um grande crime ecológico ao asfaltar algumas tradicionais ruas calçadas com paralelepípedos. Na época, este jornal, ao saber da intenção do prefeito, defendeu em editorial a conservação do histórico calçamento, mostrando a importância da pavimentação com pedras quadradas de basalto, que propiciam a drenagem do subsolo, amenizando o calor e alimentando o lençol freático. Foi tudo em vão. Defendendo o que chamou de "modernidade" e a pedido de grande parte da comunidade e de indicações de vereadores, executou a obra.
Esta semana, pasmem, as máquinas da Vecol, da mesma empresa que, segundo o prefeito, cobrou R$ 1,6 milhão do ex-prefeito Biro para executar a terraplenagem do Centro de Cultura e Lazer, hoje abandonado, estão asfaltando mais 15.865 m2 de ruas com asfalto betuminoso usinado a quente. Que pena! Sem ouvir a cidade. Sem ouvir a câmara. Ninguém. Às favas a qualidade de vida da população. Às favas a tradição, a cultura. Tudo pela modernidade.
São estas as sete ruas asfaltadas: Ângelo Crema, 2.371 m2; Visconde do Rio Branco, 338 m2; Major Lima, 2.632 m2; Silva Jardim, 6.320 m2 e Cristo Rei, 1.904 m2 e a rua Capitão Ferreira, 2.300 m2, a bela e tradicional rua dos Fazendeiros. Os moradores, indefesos recorrer a quem? - assistem quietos, mudos a tamanho absurdo.
Maquinas trabalham na rua Ângelo Crema e, abaixo, a tradicional avenida Vigário Paixão, sendo asfaltada em setembro de 1996: “a lama asfática asfixiando os sulcos profundos deixados por anônimos artesãos, no desejo heróico de fazer de Sacramento, uma cidade singular, no cenário da lendária Minas Gerais.”

Ruas de Sacramento
Voltei aos idos 50, quando no ‘leito carroçável da festeira Capitão Ferreira, colocaram a impecável calçada de arenito endurecido, delimentando nosso vasto campo de sonho, onde sem girasol, jogávamos olimpicamente nosso bete. Verdadeiros ases, os Ramos Ribeiro (Aramis e Ruth), os Rezende (José e Edalides), os Miranda e Scalon (Laura e Alcebíades), nos latifúndios do Ferrúcio Bonatti, José Rezende, Pavanelli e Alexandre Scalon. Registro histórico:
Minha rua era de pedra (Cap. Ferreira, 234).
Muito antes de ser rua (Passarela do Guilherme, grande armazém), Casa Mogico, casa do Nino e da vovó Meca (lugar Sagrado, mágico mesmo, prá nós crianças).
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