Os caras vêm do outro lado do mundo para ver a seleção japonesa disputar uma Copa no Brasil. Perdem o jogo de estreia de virada para a Costa do Marfim e, para surpresa (talvez a expressão mais correta seja perplexidade) dos brasileiros presentes na Arena Pernambuco - e tantos outros torcedores de sabe lá quantas nacionalidades pelas redes sociais - ao final da partida, espontaneamente, tomam a iniciativa de coletar o próprio lixo do setor onde se encontravam no estádio, com sacolas plásticas azuis - levadas por eles para esse fim.
Não foi uma ação de marketing, flash mob ou exibicionismo barato. Foi apenas a expressão de uma cultura admirável, onde o senso comum indica o gerador do resíduo como o principal responsável pela sua destinação final.
Em outras palavras: não importa se a Arena Pernambuco dispõe de uma equipe de limpeza que deixará o estádio limpo após a partida. Para quem veio da Terra do Sol Nascente, essa questão é absolutamente irrelevante. Quem suja deve limpar. Simples assim.
Quantos de nós se surpreendeu com esse gesto? Quantos seríamos capazes de fazer a mesma coisa, principalmente depois de uma derrota de virada na estreia da Copa?
Foi um ippon moral. (André Trigueiro, pós-graduado em Gestão Ambiental pela COPPE/UFRJ e professor de Jornalismo Ambiental da PUC RJ)