Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Cidade sedia mais um Festival de Capoeira

Edição nº 1375 - 16 Agosto 2013

A Associação de Capoeira de Sacramento e o Grupo de Capoeira Semente da África, de Uberlândia, realizaram no último final de semana, dias 10 e 11, mais um Festival de Capoeira na cidade, evento que reuniu mais de duzentos capoeiristas de mais de dez cidades da região, além dos grupos de Sacramento: Santa Juliana, Canápolis, Tupaciguara, Centralina Monte Alegre, Araguari, Patrocínio, Monte Carmelo, Pedregulho, Igarapava, dentre outras, todos reunidos para cursos/oficinas,  palestras e apresentações. 

No domingo, 11, o ET  esteve no local, onde presenciou o Hino Nacional executado em ritmo de samba, pelos ritmistas da Capoeira e entoado por todos. A seguir, animados pelo mestre Angola, coordenador regional, os atletas entoaram as canções, 'Faz um milagre em mim' e 'Entra em minha vida, seguida  de um Pai Nosso em homenagem  aos pais pelo seu dia. Mais cedo, na abertura dos trabalhos, um minuto de silêncio foi observado em homenagem à líder espírita, Heigorina Cunha, que morreu naquela madrugada.

Carlos Alberto Rezende, Mestre Beto, presidente da Associação de Capoeira de Sacramento, falou da importância do Festival na formação dos adolescentes e jovens. “Somos mais de 200 adolescenres e jovens de ambos os sexos, que estão aqui não apenas para o jogo da Capoeira, mas para participar de um encontro que ali também à prática da Capoeira, vários cursos e palestras. No sábado estavam disponíveis cursos de contemporâneo, movimentação de bimba, alongamento e exercícios da capoeira e  curso de movimentação e cintura. Neste domingo, além de apresentações, duas palestras, uma sobre drogas e álcool e, agora à tarde,  outra sobre prevenção contra a dengue, ministrada pelo Bergson Evangelista”, ressaltou. 

Sobre as arquibancadas vazias, Beto admite que faltou divulgação.  “O que foi feito de divulgação foi uma hora de som de  rua, doada pelo Carlinhos  da Rádio, e  mais 15 minutos de palavreado  na rádio Sacramento na sexta-feira. O mais foi no boca a boca”, informou, lamentando a falta de apoio da Prefeitura.

“- Vários ofícios foram encaminhados à Prefeitura, mas a maioria indeferidos, só nos cederam o som e a quadra aqui do Rosário. É praxe nos festivais em toda cidade que vamos, as prefeituras doarem o almoço, mas este ano não tivemos ajuda da Prefeitura de Sacramento. O prefeito e o vice fizeram uma doação particular, mas uma quantia mínima. E, para não cancelar o evento, tivemos de sair pedindo ajuda. Não fomos atrás de  patrocinadores porque eles doam mas querem a propaganda, que não tínhamos condições de fazer, então optamos por pedir doações para conhecidos para fazer o almoço e graças a Deus conseguimos realizar o festival”. 

Beto explica que a Associação recebe uma subvenção anual da Prefeitura no valor de R$ 3 mil, mas o dinheiro não é para eventos como o festival. 

“- Esta dotação é gasta com as prioridades do projeto, ou seja, o dinheiro  é empregado para cuidar dos grupos e investir sobretudo na compra de material e roupas para as crianças”. 

 

Mestre Angola pede mais apoio da Prefeitura

 

Cleudison da Silva Rodrigues, Mestre Angola, coordenador regional dos festivais, de Uberlândia, também ressaltou sua importância. “O festival, idealizado há alguns anos pelo grupo Semente da África é realizado anualmente, não só nas cidades mineiras, mas também nos estados de São Paulo e Goiás com o objetivo de unir os grupos e difundir a cultura e o esporte e com o objetivo ainda de estreitar laços entre os grupos e aprimorar técnicas,  além da troca de faixas”.

Lamentando a  falta de apoio do poder público e ausência de público, Mestre Angola diz que chegou a falar com o vice prefeito Geraldo Majela, que esteve no local, sobre o assunto. “Expliquei ao vice-prefeito que, quem investe em capoeira economiza em segurança pública, porque em vez de  construir cadeia está formando cidadão. Economiza com saúde, porque em vez de construir clínicas para dependentes do álcool e outras drogas, está investindo em saúde ensinado-os a ficarem longe dos vícios.  

O custo é muito barato se avaliarmos o que vai economizar lá na frente. Uma criança, um jovem envolvidos com a capoeira está longe das drogas e da cadeia. Além do jogo, temos também boas práticas de formação e comportamento, como tivemos aqui hoje, palestra antidrogas, prevenção contra a dengue, alimentação e disciplina”, frisou.

De acordo com mestre Angola, “a Capoeira é o esporte mais inclusivo que existe, reunindo em um único espaço o rico e o pobre, o preto e o branco, o feio  e o bonito, o doutor e o analfabeto, o patrão e o empregado, o professor e o aluno... Na roda de capoeira não há lugar para preconceitos ou vaidades pessoais. Na capoeira somos todos iguais, e cada um vale pela sua arte”. 

Segundo Mestre Angola, o vice-prefeito se comprometeu a dar mais apoio à capoeira. “Mas com ou sem apoio vamos continuar levando a nossa arte. Aos trancos e barrancos... E, em 2014, estaremos aqui novamente com mais um festival”. 

Abrilhantado o festival, o grupo de Kung Fu de Sacramento, coordenado pelo kifu Joarez, fez uma apresentação de sua arte na quadra do ginásio. “A presença de outros esportes coletivos serve para mostrar, principalmente para o publico presente, as várias possibilidades da prática esportiva, além da capoeira”, justificou mestre Angola.