Duas jovens artistas sacramentanas, Esther Venites e Júlia Figueiredo, ligadas à Arte Urbana ou Arte Pública, estão transformando paredes de antigos prédios e muros da cidade em lindos painéis artísticos. O bonito da arte, que é estritamente legal, pois as artistas só pintam com a autorização dos proprietários, além da beleza em si e da figura, é o seu volume sempre gigantesco. A arte das meninas já é possível observar em alguns pontos da cidade.
A jovem Esther lembra que a primeira iniciativa para incentivar o movimento na cidade foi com o evento Sacrativa, que contou com o apoio de amigos e da população, mas parou por aí. Agora que Esther está passando uma temporada em Sacramento, dedica seu tempo para espalhar a arte pela cidade. “Até agora fiz dois murais, o primeiro, na rua Major Lima, próximo ao Clube Atlético Sacramentano e à Madeireira Casarão; o segundo, na Bonargila, fiz com minha amiga Ju Figueireido, e pretendemos fazer muitos outros”, revela, para a satisfação da cidade.
O trabalho, de acordo com a artista, nasceu de um desejo pessoal. “A iniciativa foi de minha livre e espontânea vontade, visitei os proprietários de cada lugar e pedi autorização, pois gosto muito dessa arte. Uma vez concedida a autorização, a prática já não se enquadra mais na categoria 'Grafite', feita a maioria das vezes sem a autorização do imóvel”, explica, ressaltando que o objetivo é o mesmo.
“- Nossa arte se diferencia, porque temos a autorização. O ideal é o mesmo, ambos, a Arte Urbana e o Grafite são formas de manifestação em espaços públicos; a técnica também é a mesma, geralmente utilizando latex e spray. Porém, o Grafite, movimento que nasceu nos Estados Unidos por volta dos anos 70 e que teve seu ápice na década de 80, é uma prática ilegal, porque os artistas não pedem autorização do proprietário”, explica mais.
Falando sobre o Grafite, Esther diz que o trabalho consiste em deixar 'sua marca' em diferentes pontos da cidade, com letras personalizadas. “É mais ou menos o que acontece com a pichação aqui no Brasil. Mas o grafite é também uma forma de protesto e de democratização da arte. Ela está lá, nas ruas, não é preciso pagar o ingresso de uma galeria para poder apreciar, nem dedicar um tempo específico para isso. A pessoa passa a caminho do trabalho e a arte está lá. O que nós fazemos aqui em Sacramento tem sua base no grafite, porém tudo é legalizado, por isso chamamos de Arte Urbana ou Arte Pública, Muralismo, na verdade chamamos do que quisermos. O importante é que fazemos”, afirma.
Esther Venites, porém, lamenta a atitude de algumas pessoas em relação à Arte deixada nos espaços. “Temos percebido que, talvez por falta de costume e de conhecimento das pessoas com esse tipo de arte, elas não têm respeitado, estão assinando e pichando por cima da pintura pronta. Essa atitude, num lugar onde já conhecem a Arte, é inaceitável. Os mais avisados sabem muito bem que todas as formas de manifestações em espaços públicos devem andar lado a lado, por isso todos respeitam, ninguém 'atropela' ninguém”, lamenta.
A artista tem toda razão. Primeiro foi a retirada de placas de identificação dos espaços turísticos, agora a pichação da Arte Pública. Até quando? Pichação é ato de vandalismo, de pessoas mal educadas e inconsequentes. Ou, no mínimo, invejosas. É lamentável!