A partir do dia 1º, faltarão exatamente 49 dias para o Carnaval, que deve movimentar a cidade a partir do dia 17 de fevereiro, sexta-feira, com o teste do som e iluminação e depois seguirá pelos dias 18, 19, 20 e 21. Os tamborins ainda não soam nos bairros, mas tem escola já se movimentando com os preparativos para a festa. Mas o local onde será o carnaval ainda continua uma incógnita: de um lado um abaixo assinado dos que querem tirar o carnaval do centro; de outro os amantes do reinado de Momo que recorreram às autoridades e, segundo dizem, já coletaram bastante assinaturas para a manutenção da festa no centro, como manda a tradição. “Afinal, Carnaval são apenas quatro dias”, defendem.
O ex-vereador, psicoterapeuta e naturopata holístico, João Jarnaldo Araujo, um dos que encabeçaram o abaixo assinado pedindo a retirada do carnaval do centro, enviou ao Jornal, o texto entregue às autoridades, por ocasião do pedido. Nele, o psicólogo justifica que, “A Avenida Visconde do Rio Branco, por décadas sucessivas, prestou-se como palco de uma maravilhosa festa, o Carnaval, festa esta que, ao lado das eleições municipais e também da comemoração da Copa do Mundo, podemos dizer ter sido a grande, triunfal a mais alegre, notável e festiva demonstração de democracia de nosso bom povo de Sacramento, cuja nominação guarda a perfeita e merecida relação e vínculo com o sagrado”.
Lembra Jarnaldo o início da década de 1970 quando os foliões das brincadeiras de salão do saudoso Sacramento Clube, da 'Catação do Dr. Juca', do clube XIII de Maio se uniram para o primeiro desfile de blocos na av. Rio Branco. “As famílias se uniam em um só laço de alegria, de entusiasmo e satisfação, para receber seus nobres e bem amados, filhos ausentes. Não tinha ninguém de Sacramento que estudasse e/ou morasse fora, que não morresse de saudades de estar aqui 'brincando' Carnaval, e isso era concebido unanimemente, como sendo a maravilha das maravilhas, não dava mesmo para ir embora dormir, antes do sol raiar”, lembrou.
Lembra o autor que hoje o SC está entregue aos ratos e baratas e avenida Rio Branco uma total balbúrdia. “Ao invés de roda de amigos, em plena dança da cidadania, com seus maravilhosos e despretensiosos foliões, temos uma total balburdia, um espreme, espreme, um empurra, empurra, que não condiz nada, com o Sacramento de paz e amor, que todos almejamos e,não foi isso que nossos pais e avós sonharam para seus estimados filhos, não foi isso de maneira alguma que nossos honrados esteios, nossos professores, nossos líderes espirituais e religiosos, nos indicaram e sugeriram”, lembrou mais.
João citando a participação popular conquistada a partir de 1988, com a 'Constituição Cidadã', justificando a mobilização do grupo. “O que pretendemos pelo presente abaixo assinado é mobilizar uma força tarefa, no sentido de promover e fazer resgatar o direito do cidadão, de ter a prerrogativa, de poder participar desta festa maravilhosa, que a nosso entender, requerem profundas e acertadas reformulações, de sorte a vir enaltecer a nossa condição de cidadania, e dentro do pacote de melhoramentos, queremos que o nosso Carnaval, seja acomodado no lugar ideal e estratégico. Deu certo e funcionou nos idos de 70 e 80. Agora os tempos são outros”, afirmou.
Com sabedoria, João Jarnaldo propõe três iniciativas: “empreendedorismo, profissionalismo e novas estratégias”, citando para isso exemplos de inserção social, como acontecem nos carnavais do Rio,Bahia, São Paulo... “Carnaval é um negócio saudável, enquanto contingente econômico,financeiro, daí pode existir emprego e renda. O que estamos sugerindo é coisa que já existe na prática. Qualquer dúvida, fale com Carlinhos Brown, com o pessoal do Olodum por exemplo. Não é porque não temos praia de águas salgadas, que não podemos ter um Carnaval de alto reconhecimento”, frisou.
Concluindo, Jarnaldo conclama a comunidade a essa mudança. “Contamos com os nobres representantes os vereadores, contamos com o bem intencionado chefe do poder executivo, com o Ministério Público, com a Polícia Militar, como também com os demais lideres dessa nossa bonita comunidade, contamos com os devotados mestres de bateria, diretores de Escola, passistas, sambistas, organizadores, dentre outros, tudo em nome da cultura e da tradição, com respeito e acatamento à criança, ao adolescente ao idoso, isso fundamentado na crença soberana, de que somos resultados de nossas crenças internas, e que, sobretudo um grande, maravilhoso e festivo futuro nos aguarda... Com muito samba no pé e muito amor no coração, de preferência que seja com a devida ordem e o almejado e bem-vindo progresso!”.
O texto e o abaixo assinado foram entregues ao prefeito Wesley De Santi de Melo, ao presidente da Câmara, José Maria Sobrinho, promotor José do Egito e representante da Polícia Militar, sargento Luiz Carlos de Freitas.
Para Jarnaldo, o objetivo foi o de “retirar o carnaval do centro da cidade, como forma de fazer manter a ordem e o sossego público, direito que assiste ao munícipe, bem como seu direito de ir e vir, além de outros aspectos congêneres. Ressaltando serem tais prerrogativas inerentes, recomendadas, expressadas e consagradas, em lei Soberana e maior...”
Segundo ainda João Jarnaldo, um dos signatários do documento, “a reunião terminou com o entendimento consensual, que Sacramento precisa mesmo repensar um novo Carnaval, além de outras medidas afetas ao bom andamento da vida em comunidade, na forma que se preserve o direito de cada um, com a contemplação de todos”.
E citando o saudoso alemão, locutor de rodeios: “Vamos fazer com elegância e boniteza”!,concluiu, “Afinal, é possível colocar em um único pacote a alegria, o progresso o festivo convívio e a segurança!”.