Obras de padre Beltrame ganham exposição na cidade

O missionário redentorista, Pe. Waldemar Beltrame, 85,  pintor naif (autodidata)  está realizando um antigo sonho: a exposição de suas obras na cidade. A abertura da mostra aconteceu na noite da terça-feira, 27, às 20h, no salão do Centro Administrativo com a presença de um seleto público, dentre outras, as organizadoras da exposição, Bia Almeida e Márcia Regina Bizinoto; vereador  José Carlos Basso De Santi Vieira, artistas plásticos e amigos do artista, que se mostrou radiante  e agradecido.

“- Há dias comuns e dias importantes; dias que voam e dias que ficam, este é para mim um dia que ficará para sempre. Sinto-me como se tivesse oito anos”, destacou lembrando o poeta romântico, Casimiro de Abreu. 

Bia Almeida, curadora da mostra, conta que a exposição nasceu de uma brincadeira. “Pe. Beltrame vivia falando  de sua vontade de fazer uma  exposição com seus trabalhos e um dia eu apoiei e disse quem sabe a gente não faz uma aqui em Sacramento, e isso passou. Mas ele ficou pensando no assunto e um dia me ligou falando que queria a exposição e nós passamos a nos empenhar para realizá-la. Tivemos vários apoios e a ajuda direta de algumas pessoas como Marcia Regina Bizinoto, pela amizade com padre Beltrame e de tantas outras pessoas amigas. Este é um trabalho que ninguém faz sozinho, temos que trabalhar em grupo”, justificou.

Falando sobre a obra, Bia definiu o artista sacerdote como um 'Naif', um autodidata. “Existem pessoas que fazem arte porque gostam da arte e que muitas vezes não têm oportunidade ou nem têm  interesse de   freqüentar uma escola. Elas desenvolvem uma técnica, diferente de qualquer outra técnica acadêmica e dão vazão à imaginação através de cores muito vivas, colagens, relevos, etc, mas que têm o seu valor enquanto artistas. No Brasil e no mundo todo há importantes obras de pintores naifs, pessoas que se consagraram com trabalhos obras que saem dos aspectos formais acadêmicos”, informou. 

A emoção do sonho realizado

Padre Beltrame, com uma simpatia impar, falou de seu trabalho, do prazer e do gosto com que se dedica à pintura, ao bisqui, às colagens. “Nunca estive numa aula de desenho e nem tive professor. É um dom de Deus, que estou exercendo até hoje. Quando criança, eu fazia desenhos. Na revista Careta, vinham charges de políticos como Getúlio Vargas, Hiltler, Mussolini. Eu as reproduzia e os adultos me estimulavam,  porque achavam os desenhos interessantes. Foi assim que adquiri interesse pelos desenhos e pintura. Mais adiante, no seminário, participava das revistas e jornais produzidos, com pintura e desenho”, lembrou. 

Segundo o missionário, quando tornou-se sacerdote, abandonou a pintura, pelo intenso trabalho como padre. “Passei muitos anos sem pintar, mas por volta de 1960 e 70, comecei a fazer algumas pinturas”, disse, mostrando um dos primeiros trabalhos que guardou, um abstrato, datado de 1969,  representando as três dimensões do ser humano: a espiritual, a mental e a fisica.  

“- Essa primeira pintura expressa um período bom da minha vida, depois de eu ter passado por problemas, angústias e preocupações. Quando fiz o desenho, eu estava me sentindo bem; sentia que essas três partes funcionavam bem em mim”, contou.

Padre Beltrame falou também de seu trabalho preferido, intitulado de Madona Della Luce. “Na Itália via essa madona, linda, fotografei e decidi que a faria a mais bela. Demorei, mas consegui e é minha obra favorita”. 

O carinho do sacerdote por Sacramento

Gaúcho de Santa Maria, Pe. Beltrane viveu 11 anos no Seminário do Santíssimo Redentor, em Sacramento, tempo em que se dedicava a visitas às famílias, em especial em momentos mais angustiantes, nos momentos de doença e falecimentos, levando sua palavra de consolo e orações a todos. 

“- A vida sacerdotal nos exige muito, mas em Sacramento pude me dedicar mais à pintura. Depois de uns tempos, parei de novo, passando a me dedicar a estudos, leituras e oraçoes e só em meados de 2000 voltei à arte, fazendo a Padroeira de Sacramento e aí intensifiquei, passando a me dedicar mais e mais à arte”, afirmou. 

As obras estão à venda e com o valor arrecadado, Pe. Beltrame quer realizar outro sonho: comprar um notebook, o que sobrar irá para uma instituição de caridade. “Só quero um notebook, não preciso de mais nada, tenho casa, comida, roupas, só quero comprar um notebook”, disse, agradecendo através de Bia Almeida, os apoios recebidos da Prefeitura, da Paróquia de Nossa Senhora do Patrocínio do Ssmo Sacramento, da imprensa em geral, do Interact e de amigos, dentre eles, o ex-aluno de Seminário Alex Juliano Rodrigues, que abrilhantou a noite com belas páginas musicais, além de várias outras pessoas, citando-as todas. 

A exposição fica aberta no Salão do Centro Administrativo até o dia 5 de abril, (Quinta-Feira Santa) no horário comercial. Durante estes dias os jovens do Interact fazem o apoio das 13h às 17h para vendas das obras.