Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Daniel Melo quer gravar músicas que compõe sobre poemas

Edição n° 1305 - 13 Abril 2012

O sacramentano Daniel Melo Rodrigues (foto), músico, artesão de instrumentos musicais, professor de violão, percussão, radicado em Goiás Velho, cidade que adotou como sua desde quando abandonou o curso de Administração na USP, em São Paulo, há muitos anos, esteve em Sacramento na Semana Santa para rever parentes e amigos.
Mais conhecido entre os amigos como Raneco, o músico continua na antiga capital de Goiás, cidade histórica tombada pela Unesco como Patrimônio Histórico e Cultural Mundial por sua arquitetura barroca peculiar, por suas tradições culturais seculares e pela natureza exuberante que a circunda.
Raneco ganha a vida como professor de músico e de coral. Iniciou outros cursos superiores, Filosofia, Língua Portuguesa e Pedagogia, mas também deixou de lado, para se dedicar exclusivamente à música. “Trabalho como professor de música e musicando poemas de Carlos Drummond de Andrade, como 'Mãos Dadas', 'Congresso Internacional do Medo', 'Quadrilha'; além de Cora Coralina, poetisa que não é muito conhecida por aqui, mas que tem poemas lindos; poemas do grande Manuel de Barros e uma poetisa da minha cidade, viva ainda, Goiandira Ortiz. Os poemas ganharam ritmos bem brasileiros, mais voltados para a MPB. Não tenho banda, toco os poemas que musiquei, acompanhado de cantores convidados e aí fazemos apresentações”, conta.
Daniel conta que já houve propostas para gravação, mas o mercado hoje para esse gênero de música está muito ruim. “Não tem mercado pra essas músicas, moro em Goiás, uma cidade pequena. Até comecei a fazer um trabalho em cima disso, mas depois vi que estava longe o resultado. Já houve pessoas interessadas em gravar, mas também não compensa, não querem pagar direitos autorais, só querem ganhar, aí não autorizei”, explica.
Raneco chegou a Goiás em busca de seus sonhos, um deles a música. Durante a visita, após falar da música, questionado sobre sua a afirmação religiosa, fala de sua virada cristã. “Digo que ninguém converte sem ter uma experiência com Deus, com o Espírito Santo, num ambiente cristão. Depois dessa experiência a gente busca, acredita que é verdadeiro. E essa minha experiência aconteceu depois de uma fase de freqüentar religiões afro-brasileiras, com catolicismo popular e que vai te distanciando do Cristianismo. O Protestantismo, tirando a teologia da prosperidade, afasta também. Mas, eu acredito que um protestante sério, um católico serio estão próximos daquilo que Cristo falou e deixou, que é diferente de muita coisa que vemos nas religiões por aí, inclusive a católica. Ler a bíblia todos os dias é necessário, religião é um exercício diário, porque o que vemos é falar sobre amor, mas não a vivência desse amor e, todos os dias nós nos melhoramos um pouquinho, a gente vai melhorando tendo como alvo o Cristo”, justifica.
E falando em amor, Daniel Raneco lembra de um grande amor que teve em Goiás Velho. “Tive, sim, um amor, mas não deu certo e como diz o ditado, 'antes só que mal acompanhado', estou solteiro”, conta sorrindo, se despedindo para ir a uma balada. “O pessoal vai fazer uma balada, eles vão pra badalar, beber, eu vou pra rever amigos, todos reunidos. Já fui mais radical em relação a baladas, hoje mudei um pouco, mas isso faz parte da vida”, revela.
Daniel Melo Rodrigues é sacramentano, filho dos grandes amigos, Luiz Rodrigues de Souza e Cidinha Melo, radicados em Uberlândia.