Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Carolina Maria de Jesus em destaque em mais uma dissertação de Mestrado

Edição n° 1291 - 06 Janeiro 2012

A escritora Carolina Maria de Jesus mais uma vez é alvo de pesquisa acadêmica. Desta feita, trata-se da jovem Alessandra Araújo de Souza, 26, mestranda em História naUniversidade Federal da Paraíba, em intercâmbio com a UFMG.

Alessandra conheceu Carolina através de um grupo de estudos da história da África e da literatura afro no Brasil. “Meu primeiro contato com Carolina e sua obra foi num grupo de estudos que reunia pessoas das Letrase História e a partir daí, passei a estudá-la mais a fundo.Meu primeiro trabalho sobre Carolina foi a monografia da pós graduação,  'O mundo social no Quarto de Despejo',  em 2008, enfocando as representações sociais que ela faz, os grupos sociais, as relações de poder e outros aspectos”, explicou. 

A pesquisa atual de Alessandra vai compor sua dissertação de mestrado. “Estive dois meses na UFMG, estudando dissertações e teses sobre ela. Estive no Rio de Janeiro, onde está o maior acervo de Carolina, tudo microfilmado na Biblioteca Nacional, estive em São Paulo, onde Carolina passou a maior parte de sua vida e o cenário das obras Quarto de Despejo e Casa de Alvenaria,  as duas obras a serem enfocadas na dissertação e, agora, em Sacramento, porque aqui estão os originais dessas obras, os manuscritos dela. Meu trabalho consiste  de uma análise de Quarto de Desejo e Casa de Alvenaria, respectivamente de 1960 e 1961. Essas obras representam a transição  e a ascensão social que Carolina viveu. Casa de Alvenaria é um relato raro de ascensão social”. 

Para Alessandra, Carolina é uma escritora singular, com uma vasta obra a ser explorada. “São poesias, diários avulsos, o Estranho Diário, Diário de Bitita, este focando as memórias da vida em Sacramento. A maior parte de sua obra tem cenário em São Paulo e Diário de Bitita é vivido aqui, porém dessa obra não há os originais. Eles estão na França, o que existe no Brasil são traduções, inclusive a publicação feita em Sacramento. Até pode haver aqui nos escritos, alguma coisa incluída no Diário de Bitita, mas grande parte dos escritos não estão no Brasil. A publicação feita no Brasil, em 1986, é uma tradução. Mas há muita coisa a ser explorada”, explicou. 

Alessandra pretende ir mais longe com Carolina, ela será o eixo central da tese de doutorado, futuramente. “Pretendo fazer um estudo investigativo das personalidades negras, do período de 1945 a 1964, período em que se encaixa a obra e a ascensão social de Carolina. Veja bem, Carolina, nesse período já escrevia, o que era raro, sobretudo para uma mulher pobre enegra. É um período de efervescência política,  cultural, esportiva, de movimentos estudantis, de expansão da mídia que dá enfoque a essas personalidades  negras que vão surgindo”, explicou.