O redentorista, Pe. Luiz Rogério Carrilho Cruz, pároco da cidade de 1981 a 1984, foi quem teve a iniciativa de comprar a Rádio Sacramento, usando para isso, parte do dinheiro recebido no testamento deixado por Antenor Vilela Duarte, da Paróquia e de algumas entidades também beneficiadas. Veja a palavra do ex-vigário.
Caríssima comunidade de Sacramento
Pede-me nosso oblato e diretor do ET, Walmor, uma palavrinha sobre a Rádio Sacramento, uma vez que criamos a Fundação Na. Sra. do Patrocínio do SSmo. Sacramento, em meu paroquiato, para adquirir de forma legal a Rádio Sacramento.
Então, que direi sobre a Rádio Sacramento? 30 anos se passaram, trinta anos evangelizando, 30 anos produzindo para o povo Sacramentano momentos de lazer, cultura, religião, política, vida. “Semente de fé e vida” era nosso slongan. Em primeiro lugar, uma longa ação de graças de poder ter feito parte desta “Divina Aventura”, que foi montar a Fundação Na.Sra. do Patrocínio do Ssmo. Sacramento, para poder comprar a Rádio Sacramento para a Paróquia. Esta foi para mim, uma nítida experiência de Deus. A história é interessante, perdoem-me se os faço relembrar sob outro ponto de vista do que aquele que todos já sabem.
1981, eu era padre jovem, na época com os meus 31 anos de vida, dois anos de sacerdócio. Fui designado para Sacramento, saindo de uma paróquia onde trabalhei como diácono e como padre recém ordenado. No final dos anos 80 pedi, por não agüentar, uma transferência daquela cidade. Naquele tempo eu ainda era bonito, tinha os meus cabelos intactos na cabeça, eheheh. Fazia uma bela figura. Vocês pensam que vida de padre é fácil, pois é, havia sempre uma maneira na qual Deus nos permitia nos recolocar na Escolha Fundamental. O que eu quero, o que escolhi para mim, em minha vida? Eram as perguntas que me recolocavam Nele e me ajudavam a superar os problemas que surgiam.
No final daquele ano de 80, quando o Provincial veio com a transferência, não me havia comunicado para onde, mas quando pedi a transferência, pedi que não fosse para Sacramento, e nem para
Aparecida. Dois fantasmas. Aí porque era longe demais, e Aparecida, porque foi nos projetado uma imagem negativa que criava em nós padres novos, uma verdadeira onda de pânico pensar em ir para lá. E confesso que foram os meus dois grandes amores.
Perdoem-me se lhes estou manifestando os meus sentimentos e que parecem não ter nada a ver com o aniversário da Rádio, mas verão no final que sim. Penso que tenha sido mandado para Sacramento exatamente para isso. Desígnios de um Deus que é imensamente amoroso.
Então, eu fui numa noite de dezembro de 80, final de ano, ao encontro do Provincial, em nossa casa. Após uma reunião tensa, e, já tendo ele a minha transferência para Sacramento, sem que eu soubesse, eu lhe disse: “Padre, pode me mandar para onde o senhor quiser, mesmo para Sacramento.”
Por que da minha mudança? Porque após ter pedido a transferência, e ter colocado aquela condição de não aceitar Sacramento, eu comecei a refletir e pensar: 'Como posso colocar condicional na vontade de Deus. E se Deus quiser que eu vá para justamente um desses dois lugares? Não devo estar pronto?' (Não sei se foi desespero de causa, mas penso que não). Assim, eu procurei me colocar inteiramente na vontade de Deus. E lá estava ele com a minha transferência para Sacramento. Coincidência? Penso que não. Vontade de Deus.
Bem, confesso que nunca fui tão bem recebido em nenhuma outra paróquia, como aí. A serenata foi fantástica, a música fatal: “Vem, vem, andando contra o vento; vem, vem, fugir do seu tormento; vem, vem ser feliz um só momento; vem, vem, vem morar em Sacramento”. Aquilo me deu uma alegria que só findou no dia de minha saída da paróquia.
Justamente, portanto, no meu primeiro ano em Sacramento, como formador, no Seminário do Ssmo Sacramento, tão caro a todos nós, que formou muito bons padres, a RS foi fundada. Eu cheguei em janeiro e, em outubro, o então pároco, Pe. José Marques Dias, juntamente com os Srs. Sebastião Scalon, José Alberto e o Luiz Rodrigues, donos da Rádio Sacramento, inauguravam-na com a presença do Pe. Vitor Coelho de Almeida, filho desta terra e grande comunicador pela RA. Também Pe. Júlio e eu estávamos lá na inauguração. Não imaginava que seria aquela a minha maior missão na minha pastoral em Sacramento.
Quando a Paróquia comprou a Rádio Sacramento? Eu me lembro que, através das páginas de nosso ET, quando de minha transferência de Sacramento, expressei meus agradecimentos e despedida à comunidade de Sacramento, que tão maravilhosamente bem me acolheu, publicando uma prestação de contas. E lá, em um dos tópicos, narrei como adquirimos a R.S. e peço a vocês que transcrevam de lá, a minha palavra. Esse sim é um fato histórico e ficou lavrado.
Abaixo, transcrição da página com a prestação de contas, do então pároco, Pe. Luiz Rogério Carrilho Cruz, publicada na edição de 06.01.1985.
Tesoureiro Miguel Soares relembra compra da RS
Para o bancário Miguel Alcanjo Soares, 1º tesoureiro da primeira diretoria da Fundação Na. Sra. do Patrocínio do Ssmo. Sacramento, entidade jurídica que comprou a Rádio Sacramento, por Cr$ 40 milhões (cruzeiros), tendo a última prestação, no valor de Cr$ de 10 milhões, sido paga em 10 de janeiro de 1985, “o valor na época foi o de mercado e representava uma substancial quantia”.
Miguel, que era também diretor da Sociedade S. Vicente de Paulo, revelou ao ET que, à época, ao discutir como a entidade aplicaria o dinheiro, lavrou-se em ata uma comparação interessante: “Consta que o valor recebido da herança de Antenor Duarte Vilela daria para comprar 30 casas para alugar e manter as conferências vicentinas e ainda sobraria grana. Nada disso foi feito e o dinheiro, aplicado em bancos pelas entidades, iludidas pelos altos juros mensais, acabou sendo engolido pela inflação”.
O ex-tesoureiro, hoje residente no Prata (MG), ao ler a última edição do ET, disse que aquela comparação feita com o salário mínimo da época, não atualiza o valor. “O mais real é pesquisar hoje quanto vale a concessão de uma rádio A.M.; o pequeno prédio construído, que serviu de sede da emissora; os equipamentos técnicos e uma área de 12 mil m². Com certeza, muito mais de R$ 1 milhão (reais). Assim como o preço das 30 casas, que a Sociedade poderia ter comprado na época e, ao invés disso, decidiu-se aplicar o dinheiro na ciranda financeira”, ponderou.
Sobre o valor que cada entidade despendeu para a compra da Rádio Sacramento, Miguel estima em R$ 150 mil (reais) hoje. “Eu me arriscaria em afirmar que, cada entidade católica ajudou na compra da rádio com o valor estimado de R$ 150.000,00 (reais), sendo que a parcela maior foi da Paróquia Nossa Senhora do SS. Sacramento, que também foi beneficiada com o testamento do Antenor Duarte Vilela”, disse mais, lembrando que houve até briga. “Era muita grana.... foi notícia em vários jornais, houve até briga, tentaram até anular o testamento”, informou.
Como bancário, Miguel lembra que os gerentes correram atrás dos presidentes das entidades para levar o dinheiro para o seu banco. “Eu me lembro que foi aplicado dinheiro até no Banespa, de Rifaina. O fato é que, até antes do governo Lula, tivemos o corte de nove (9) algarismos. Quem vendeu patrimônio e aplicou ficou pobre. Foi o caso das entidade que preferiram colocar o dinheiro a juros, gastando os rendimentos e, no final, acabou perdendo o patrimônio com a hiper inflação”, lembrou.
“Volto a repetir – prosseguiu - o grande erro das entidades beneficiadas na época, foi o de aplicar no mercado financeiro, esquecendo que nosso dinheiro era moeda podre. Falo isso com a experiência vivida como bancário, dos clientes que conseguiram o mesmo exemplo. Já aqueles que investiram no mercado imobiliário, pelos menos conseguiram conservar os bens”.
Finalizando, afirmou: “Foi o caso da Rádio Sacramento. O único patrimônio que sobrou da herança recebida. A compra da Rádio de Sacramento, que na conversa da boca pequena na cidade era um péssimo negócio de investimento, tornou-se com o passar dos anos, um excelente negócio! Não pela renda, porque sempre lutou com dificuldades, mas pelo valor do patrimônio”.
“Caríssimos Paroquianos
Mais um Natal se aproxima e um ano finaliza. São momentos intensos na vida do cristão. (...) Creio que houve uma caminhada muito boa nesses três anos. Podemos ressaltar aqui alguns pontos que são significativos:
(...)
Uma palavra sobre a Rádio Sacramento.
Ela foi colocada à venda pela sociedade desde fim de outubro do ano passado. Depois de muitas consultas, com o Conselho Paroquial, Comissão de Finanças, Conselho de Presbíteros da Arquidiocese de Uberaba, Conselho Provincial dos Padres Redentoristas, com advogados e entendidos de rádio, a Paróquia decidiu fazer negócio com a Sociedade Rádio Sacramento Ltda. Foi avaliada em Cr$ 40.000.000,00 (cruzeiros) – o prédio, o terreno, as aparelhagens todas e mais as cotas da sociedade.
Por quê?: Para que a Paróquia pudesse ter em mãos com segurança esse grande meio de evangelização que é uma rádio.
Porém, a Paróquia como pessoa jurídica não poderá ter rádio. O governo só dá essa concessão a pessoas físicas governamentais ou a fundações que são entidades, e que são controladas pelo governo, através do Promotor Público.
Por isso, a Paróquia, com uma parte da herança recebida de Antenor Duarte, constituiu a Fundação Na. Sra. do Patrocínio do SSmo. Sacramento, que irá adquirir a Rádio Sacramento. Ainda não foi, porque somente nesta primeira semana de dezembro é que a Fundação passou a existir, e agora está entrando em negócios com o Dentel para a transferência da concessão da Rádio Sacramento para a Fundação e isso demora ainda um pouco para acontecer. Só depois disso é que a Fundação poderá ser dona da Rádio Sacramento e assumir a sua administração.
Mas para isso, a Obra Social João XXIII e a Casa do Menor Rosa da Matta contribuíram. De sorte que também essas entidades investiram uma parte do dinheiro, que receberam da herança, na compra da rádio.
Pertencem à diretoria da Fundação: Diretor – o Pároco; vice-diretor – Cândida Costa Ribeiro Santos; 1º secretário – Sandra Maria de Almeida; 2º secretário – Dr.m Luiz Alves Ferreira; 1º tesoureiro – Miguel Alcanjo Soares; 2º tesoureiro – Lelis Feliciano de Deus.” (...)
Mais um Natal se aproxima e um ano finaliza. São momentos intensos na vida do cristão. (...) Creio que houve uma caminhada muito boa nesses três anos. Podemos ressaltar aqui alguns pontos que são significativos:
(...)
Uma palavra sobre a Rádio Sacramento.
Ela foi colocada à venda pela sociedade desde fim de outubro do ano passado. Depois de muitas consultas, com o Conselho Paroquial, Comissão de Finanças, Conselho de Presbíteros da Arquidiocese de Uberaba, Conselho Provincial dos Padres Redentoristas, com advogados e entendidos de rádio, a Paróquia decidiu fazer negócio com a Sociedade Rádio Sacramento Ltda. Foi avaliada em Cr$ 40.000.000,00 (cruzeiros) – o prédio, o terreno, as aparelhagens todas e mais as cotas da sociedade.
Por quê?: Para que a Paróquia pudesse ter em mãos com segurança esse grande meio de evangelização que é uma rádio.
Porém, a Paróquia como pessoa jurídica não poderá ter rádio. O governo só dá essa concessão a pessoas físicas governamentais ou a fundações que são entidades, e que são controladas pelo governo, através do Promotor Público.
Por isso, a Paróquia, com uma parte da herança recebida de Antenor Duarte, constituiu a Fundação Na. Sra. do Patrocínio do SSmo. Sacramento, que irá adquirir a Rádio Sacramento. Ainda não foi, porque somente nesta primeira semana de dezembro é que a Fundação passou a existir, e agora está entrando em negócios com o Dentel para a transferência da concessão da Rádio Sacramento para a Fundação e isso demora ainda um pouco para acontecer. Só depois disso é que a Fundação poderá ser dona da Rádio Sacramento e assumir a sua administração.
Mas para isso, a Obra Social João XXIII e a Casa do Menor Rosa da Matta contribuíram. De sorte que também essas entidades investiram uma parte do dinheiro, que receberam da herança, na compra da rádio.
Pertencem à diretoria da Fundação: Diretor – o Pároco; vice-diretor – Cândida Costa Ribeiro Santos; 1º secretário – Sandra Maria de Almeida; 2º secretário – Dr.m Luiz Alves Ferreira; 1º tesoureiro – Miguel Alcanjo Soares; 2º tesoureiro – Lelis Feliciano de Deus.” (...)