Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Crônica - O dia de Santos Reis

Edição n° 1239 - 07 Janeiro 2011

Maria Helena de Jesus (*)

 

Muitos fogos espocaram na quinta-feira, 6 e o questionamento logo veio: Por que os fogos? Como para tudo ou quase há uma resposta, ei-la: os fogos foram uma homenagem  dos devotos de Santos Reis ou os Três reis santos, como são conhecidos Gaspar, Belchior e Baltazar.   Muitos devotos rezaram o terço, soltaram foguetes e alguns ouviram contritos cantigas de Folias de Reis, inclusive, nas velhas fitas cassetes. 

O Dia de Reis, de acordo com a  tradição cristã, seria aquele em que Jesus Cristo recém-nascido recebeu a visita de "alguns magos do Oriente", os três Reis Magos, guiados pela estrela. A noite do dia 5 de janeiro e madrugada do dia 6 é conhecida como "Noite de Reis".  Para a Igreja Católica, a data marca o dia para a veneração aos Reis Magos, que a tradição surgida no século VIII converteu nos santos Belchior, Gaspar e Baltazar. Nesta data, encerram-se os festejos natalícios, sendo o dia em que são desarmados os presépios e todos os enfeites do natal.

O Dia de Reis é comemorado em todos os países de religião católica, mas a maneira como é festejada a data varia de lugar par alugar. Na Espanha, por exemplo,  as crianças deixam  sapatos na janela com capim (erva) antes de dormir para que os camelos dos Reis Magos possam se alimentar e retomar viagem. Em troca, os Reis Magos deixam doces que as crianças encontram no lugar do capim ao acordar. A tradição também consiste em comer Bolo-Rei, no interior do qual se encontra uma fava e um brinde escondidos. A pessoa que encontra a fava deve "pagar" o Bolo-Rei no ano seguinte. 

Na França come-se "Buché a la Renne", onde também encontram um brinde no seu interior e a buché também costuma trazer uma coroa, quem a encontrar será rei e será coroado. 

Em Portugal e também em outros paises as pessoas costumam ir cantar as ‘Folias de Reis’, de porta em porta, abençoando os lares e ganhando em troca goluseimas. 

No Brasil, esta tradição chegou trazida pelos colonos portugueses, mas encampou principalmente costumes africanos com suas vestimentas e ritmos musicais. É comemorada com festas onde é servido doces e comidas típicas das regiões, com muitas ‘Folias de Reis’ percorrendo as cidades e fazendas levando sua cantoria, que varia também conforme o costume da região, em troca de donativos, depois doados a entidades filantrópicas. 

Há ainda festivais ou Encontros de Companhias de Reis (grupo de músicos) que cantam músicas referentes ao evento, a exemplo do Encontro realizado anualmente em Sacramento no mês de maio. 

A presidente da Federação das Folias de Reis de MG, a produtora Cultural, Madalena Maria Diniz Bastos - a Dadá, ministra oficinas sobre Folias de Reis, em escolas de Belo Horizonte. O objetivo é mostrar aos jovens que a Folia de Reis, embora bastante antiga, traz na essência uma menagem de paz, solidariedade, amor à família e ao menino Jesus. 

‘‘- Esta mensagem é bem atual - diz Dadá - pois diz da beleza de estar com o outro por meio da fé’’

 

(*) Maria Helena é professora de Português e Literatura