Pai...
Olho suas mãos e vejo quão importantes
elas são na construção de seus filhos.
Que elas saibam ser firmes no orientar,
serenas no amparar, que elas não fujam
ao dever de punir e não se aviltem por agredir...
Suas mãos, pai, devem ser o exemplo
do seu trabalho e que não se abram
apenas materialmente, pois isso é um modo
de fechar a consciência, mas que, ao abri-las
esteja abrindo muito mais:
o seu coração e a sua compreensão...
Seus olhos, pai, que responsabilidade eles têm.
Que eles vejam as qualidades de seus filhos,
por menores que sejam, para que as faça crescer.
Mas que não deixem de ver os defeitos e as falhas,
porque é seu, o dever de corrigi-las...
Assim, ser pai,
é acima de tudo, não esperar recompensas.
É saber fazer o necessário por cima
e por dentro da incompreensão.
É aprender a tolerância com os demais
e exercitar a dura intolerância
com os próprios erros.
Ser pai,
é aprender errando, a hora de falar e de calar.
É contentar-se em ser reserva, coadjuvante,
deixado para depois.
É ter a coragem de ir adiante,
tanto para a vida quanto para a morte.
É viver as fraquezas que depois corrigirá
no filho, fazendo-se forte em
nome dele e de tudo o que terá de viver
para compreender e enfrentar.
Ser pai,
é aprender a ser contestado mesmo quando
no auge da lucidez. É esperar.
É saber que experiência só adianta
para quem a tem, e só se, tem vivendo.
Portanto, é agüentar a dor de ver os filhos passarem
pelos sofrimentos necessários,
buscando protegê-los sem que percebam,
para que consigam descobrir os próprios caminhos.
Ser pai,
é saber e calar, fazer e guardar.
Dizer e não insistir. Dosar e controlar-se.
Dirigir sem demonstrar. É ver dor, sofrimento,
vício, queda e tocaia, jamais transferindo aos filhos
o que, a alma, lhe corrói.
Ser pai,
é aprender a ser ultrapassado, mesmo lutando
para se renovar. É compreender sem demonstrar,
e esperar o tempo de colher, ainda que
não seja em vida.
Ser pai,
é saber ir-se apagando à medida em que
mais nítido se faz na personalidade do filho,
sempre como influência, jamais como imposição.
É saber ser herói na infância, exemplo na juventude
e amizade na idade adulta do filho.
É saber brincar e zangar-se.
É formar sem modelar, ajudar sem cobrar,
ensinar sem o demonstrar, sofrer sem contagiar,
e amar sem receber.
Ser pai,
é sobretudo, atingir o máximo de angústia
no máximo de silêncio.
O máximo de convivência no máximo de solidão.
É, enfim, colher a vitória exatamente
quando percebe que o filho
a quem ajudou a crescer e já dele,
não mais necessita para viver.
É quem se anula na obra que realizou
e sorri, sereno,
por tudo haver feito para deixar
de ser importante.
Feliz Dia dos Pais!