Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Crônica - 14 de agosto - Dia dos Pais

Edição n° 1270 - 12 Agosto 2011

Pai...

Olho suas mãos e vejo quão importantes 

elas são na construção de seus filhos.

Que elas saibam ser firmes no orientar,

serenas no amparar, que elas não fujam 

ao dever de punir e não se aviltem por agredir...

 

Suas mãos, pai, devem ser o exemplo 

do seu trabalho e que não se abram 

apenas materialmente, pois isso é um modo 

de fechar a consciência, mas que, ao abri-las 

esteja abrindo muito mais:

o seu coração e a sua compreensão...

 

Seus olhos, pai, que responsabilidade eles têm.

Que eles vejam as qualidades de seus filhos,

por menores que sejam, para que as faça crescer.

Mas que não deixem de ver os defeitos e as falhas,

porque é seu, o dever de corrigi-las...

 

Assim, ser pai, 

é acima de tudo, não esperar recompensas. 

É saber fazer o necessário por cima 

e por dentro da incompreensão. 

É aprender a tolerância com os demais 

e exercitar a dura intolerância 

 com os próprios erros. 

 

Ser pai, 

é aprender errando, a hora de falar e de calar. 

É contentar-se em ser reserva, coadjuvante,

deixado para depois. 

É ter a coragem de ir adiante, 

tanto para a vida quanto para a morte. 

É viver as fraquezas que depois corrigirá 

no filho, fazendo-se forte em 

nome dele e de tudo o que terá de viver 

para compreender e enfrentar. 

 

Ser pai, 

é aprender a ser contestado mesmo quando 

no auge da lucidez. É esperar. 

É saber que experiência só adianta 

para quem a tem, e só se, tem vivendo. 

Portanto, é agüentar a dor de ver os filhos passarem 

pelos sofrimentos necessários, 

buscando protegê-los sem que percebam, 

para que consigam descobrir os próprios caminhos. 

 

Ser pai, 

é saber e calar, fazer e guardar. 

Dizer e não insistir. Dosar e controlar-se. 

Dirigir sem demonstrar. É ver dor, sofrimento, 

vício, queda e tocaia, jamais transferindo aos filhos 

o que, a alma, lhe corrói. 

 

Ser pai, 

é aprender a ser ultrapassado, mesmo lutando 

para se renovar. É compreender sem demonstrar, 

e esperar o tempo de colher, ainda que 

não seja em vida. 

 

Ser pai,

é saber ir-se apagando à medida em que 

mais nítido se faz na personalidade do filho, 

sempre como influência, jamais como imposição. 

É saber ser herói na infância, exemplo na juventude 

e amizade na idade adulta do filho. 

É saber brincar e zangar-se. 

É formar sem modelar, ajudar sem cobrar, 

ensinar sem o demonstrar, sofrer sem contagiar, 

e amar sem receber. 

 

Ser pai, 

é sobretudo, atingir o máximo de angústia 

no máximo de silêncio. 

O máximo de convivência no máximo de solidão. 

É, enfim, colher a vitória exatamente 

quando percebe que o filho 

a quem ajudou a crescer e já dele, 

não mais necessita para viver. 

É quem se anula na obra que realizou 

e sorri, sereno, 

por tudo haver feito para deixar 

de ser importante.

 

Feliz Dia dos Pais!