Ivone Regina Silva (*)
Em 12 de outubro de 2009, um importante acontecimento marcou pela primeira vez a história da MULHER no Ministério Público Federal. Três mulheres ocuparam postos chaves naquele egrégio Ministério. Foram elas: - Déborah Duprat, Sandra Cureau, e Ela Wieko. Na mesma semana, a magistratura mineira em feito inédito, elegeu também três desembargadoras federais para comporem a administração do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para o próximo biênio: - Deoclécia Amorelli Dias, Emília Lima Faccini e Cleube de Freitas Pereira.
E no atual cenário político, nas próximas eleições de 2010, mais um fato surpreendente pode acontecer. Se os cenários de hoje se confirmarem, teremos entre os candidatos competitivos, um significante números de mulheres: Dilma Rousseff , pelo PT, e futuras coligações; Eloisa Helena pelo PSOL e Marina Silva pelo PV. É uma grande transformação em um país onde há pouco tempo as mulheres começaram a vencer eleições majoritárias e a ocuparem cargos de maiores expressões nos Poderes.
É a recompensa de uma história de resistência à discriminação e preconceito, cujo reconhecimento se traduz em vitória da mulher. É a expressão de um novo patamar que nossa sociedade atinge em meados deste século XXI.
É a valorização e eleição de mulheres de forma generalizada, para o Executivo, Legislativo e Judiciário emergindo como um dos grandes desafios da recente democratização do Estado brasileiro.
É um caminho que vai além de propor mudanças de atitudes ao contribuir para a transformação
das relações de poder em que a presença e contribuição da mulher sejam acolhidas como um bem da humanidade.
Dentre essa plêiade de grandes mulheres lutadoras e vencedoras, o Brasil é pródigo em exemplos, tais como Dra. Zilda Arns, que revolucionou o mundo,com seu verdadeiro apostolado de luta, coragem e fé, multiplicando informações para garantir a saúde das crianças pobres e desamparadas,
tornou-se verdadeiro ícone humanitário do século.
Que com seu discernimento visionário, concretizou-se com simplicidade, fazendo a diferença, mudando cenários e vencendo as estatísticas alarmantes da mortalidade infantil, cujo desprendimento,
abnegação e amor ao próximo a levava aos lugares mais distantes, onde as ondas de percussão invisíveis, invocavam a mensagem da paz, da presença humanística, de um ser que se dava inteiramente ao
dever de servir sempre.
E milhares de outras mulheres que como Dra. Zilda, hastearam bandeiras na luta pela
integração com o homem, sem rivalidade, mas com respeito e liberdade.Que pensam, mas também desejam, indagam, mas abrigam, sofrem com as cobranças, mas partilham com seu parceiro,
momentos de sabedoria. E que fazem da vida um poema com rimas de aceitação e das dores e angústias,
uma música para as futuras gerações.
Que o legado deixado por Dra. Zilda Arns, com o exército de voluntários de todas as classes sociais, na Pastoral da Criança e do Idoso, não sirva de âncora para alavancar candidaturas ou para promover figuras políticas, mas que seja uma realidade que continuará a fazer o bem, ganhando o mundo a custo de sacrifícios e, sobretudo, com a convicção amorosa de tantos, incluindo mesmo a oferta abnegada da própria vida.
Por isto, mister se faz, no Dia Internacional da Mulher, refletir e proclamar aos corações,
que o grande e desprendido amor ao próximo, a intuição e a audácia corajosa do serviço à vida, dispensado por Dra. Zilda e seu legado, vêm exclusivamente pela sua imensurável fé e a pessoa de Cristo é o nascedouro e ápice deste segredo.
Portanto, como sabiamente sustentou D. Walmor Oliveira de Azevedo: “É o encontro com Deus em Cristo, que suscita o amor, gera sabedoria, enquanto força que faz perseverar, e, abre o íntimo ao outro, de tal modo que o amor do próximo não seja uma imposição, mas, uma conseqüência resultante da sua fé que se torna operativa pelo amor”.
Que na mesma perspectiva de seu grande legado, consigamos como mulheres atuantes do século XXI, abraçar esse ideal em defesa urgente e permanente da vida em pról da criança e do idoso, para que nossa vida, a exemplo de Dra. Zilda Arns, seja também vivida em plenitude.
E sua luta pela vida, sobretudo, pelos mais humildes, nos alerte para o quanto é difícil a existência terrena e, por isto mesmo, o quanto é preciso defender a vida, urgente e permanentemente.
Homenageamos, pois, o DIA INTERNACIONAL DA MULHER na pessoa de Dra. Zilda Arns, já considerada a “santa do século”, todas as mulheres que vêm construindo e sobrepujando a luta pelos Direitos Humanos, pelas minorias raciais, pela derrocada dos mitos retrógados, para a criação de um universo de amor e igualdade e com o suor de seu rosto, de seu trabalho digno, continuem lutando pela própria sobrevivência e de seus semelhantes, em especial pelos mais fracos, carentes e excluídos,
fazendo-se ouvir pela razão e pelo coração.
(*) Dra. Ivone Regina Silva - Advogada e Conselheira da Seccional da OAB/MG