Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Esperar até quando?

Edição nº 1582 - 04 de Agosto de 2017

Até quando vamos enterrar nossos taxistas, pessoas queridas como Baltazar, Ruy, Dídia... até quando vamos enterrar nossos Marcondes? Até quando nossos proprietários de camionetes, homens e mulheres serão perseguidos como se fossem bandidos, criminosos, autores de crimes hediondos, porque se dão ao prazer de adquirir um veículo de luxo? Até quando motoristas de ônibus serão cassados com armas a laser pelas estradas do município? Até quando assistiremos passivos o roubo de veículos estacionados próximos ao Parque Exposição durante eventos? 

Quantas vezes mais quadrilhas vão furtar gado no município a Deus dará? Quantos mais serão os funcionários presos, clientes rendidos e colocados em cárcere privado por quadrilhas agindo em plena luz do sol nos Correios da cidade?  Quantas mais explosões de caixas eletrônicos vão nos assustar nas madrugadas, metralhadoras cuspindo balas pelos ares da velha e antes tranquila Sacramento? 

A verdade é que graça no município de Sacramento uma onda de crimes sem precedentes. A população já não viaja mais tranquila, o coração sempre na mão. Seja qual o rumo tomarmos, nos inquietamos durante o trajeto. Que seja para qualquer uma das cidades vizinhas, através das rodovias que servem o município, seja pelas estradas vicinais em direção aos povoados rurais... Acabou a paz!! 

E quase sempre escapando ilesos pelas estradas que cortam o município... Para qualquer direção, a rota é livre para os autores, que conhecem, naturalmente, todos os desvios, menos para os cidadãos de paz, trabalhadores e contribuintes de impostos - que não são poucos - que fazem a pujança deste país. 

Não queremos com esse apelo apontar culpados exclusivos, mesmo porque não há como enumerá-los. Os culpados somos todos nós, pela omissão, pelos braços cruzados até então, pois há anos essa onda de violência vem acontecendo no município sem que uma medida de peso seja tomada. 

Não houve nos últimos anos nenhuma política pública voltada exclusivamente para o combate à violência. Então, a culpa é nossa, da sociedade como um todo. Não se exclui aqui nenhum dos três poderes constituídos em todas as esferas federativas, não se exclui aqui nenhuma das instituições civis, judiciário, militares ou religiosas, sindicatos, associações... Todos temos nossa parcela de culpa por apenas chorarmos pelos nossos mortos, pelos bens roubados, pelas sequelas deixadas, pela dor sentida, pela dignidade vilipendiada... aguardando como cordeiros a nossa vez.

Urge um trabalho unido, coeso, com um único objetivo: devolver a segurança ao cidadão de bem. Poder escancarar as portas de nossos lares sem portões eletrônicos, poder arrancar dos muros que nos prendem as câmaras indiscretas que não deixam de ferir nossa intimidade, as cercas elétricas, as serpentinas cortantes, as grades pontiagudas, vivendo como reféns do medo.

Por favor, coloquemos a carapuça. Deixemos de fingir que está tudo bem. Cada um de nós, cidadãos livres deste país, temos esse direito constitucional de clamar e exigir, dentro dos preceitos legais, por segurança e paz. O momento é de abrir a boca e cobrar um retorno dos impostos pagos, investindo, por exemplo:

- No monitoramento de câmaras na cidade; 

- em ações concretas também nas estradas e rodovias que cortam o município; 

- no aumento do contingente humano responsável pelo policiamento ostensivo;

- no monitoramento com iluminação da pista, câmaras e lombadas em todas as saídas da cidade que servem de alternativas como rota de fuga, a saber: 1) Pelo Trevo Nino Cerchi,  através da rodovia MG 190, via av. Domingos Magnabosco em direção à BR 262 ou MG 428/Araxá-Franca; 2) pelo trevo do bairro Santo Antônio, através da MG 190, em direção à BR 262 ou MG 428/Araxá-Franca,; 3) pelo aeroporto, via bairros Maria Rosa, Chafariz,  Alto Boa Vista ou São Geraldo; 4) pelo Cipó, via Rodovia Antenor Duarte; 5) por Conquista e Uberaba, via bairro Perpétuo Socorro, pela PG 464 ou MG190; 6) por Conquista e Uberaba, via rua da Ritinha pela MG 464 ou MG190. Todas essas saídas dão acesso também para o imenso território que constitui nossa zona rural, com 3 mil Km² de área. 

- reivindicar junto aos órgãos responsáveis a reabertura do Posto Eduardo Devós, na fronteira com o estado de São Paulo, não como um posto de fiscalização, mas como um Posto da Polícia Rodoviária Federal ou Estadual.

Sugestões não faltam para tentar coibir a violência nas nossas estradas e cabe a nós apresentá-las e cobrar soluções de nós mesmos, sociedade civil, e de todos que, direta ou indiretamente têm o dever de garantir a paz, a harmonia e o bem viver à nossa Casa Comum.

Dê o seu apoio a essa causa subscritando este abaixo-assinado. 

 

*Rafael Jorge é  

Delegado de Polícia Civil de Sacramento