A campanha política dos três candidatos a prefeito na cidade, José Alberto, José Carlos e Wesley Baguá, parou pela primeira vez, nessa quarta-feira 28, desde que iniciou no dia 16 de agosto, em solidariedade à morte da jovem Karine Almeida 26, num fatídico acidente de carro ocorrido na zona rural do município, no início da noite dessa terça-feira 27, quando voltava de uma campanha.
Os comitês dos três candidatos amanheceram fechados e guardaram luto durante todo o dia, com faixas pretas em suas fachadas, em solidariedade à família da jovem. Os carros de som não saíram às ruas, os arrastões e as caminhadas pelos bairros também cessaram e nenhuma propaganda foi ouvida nas ruas da cidade, em sinal de luto.
Uma louvável atitude que demonstra o respeito pelo ser humano, virtude que pauta a vida de cada um que, mesmo sendo adversários, sabe que a dor pela perda de um ente querido está acima de qualquer campanha. A dor do próximo tem de ser respeitada, como bem postou Jullyane Cristina Almeida (Juh Cristine), prima de Karine, na sua página na internet: “Hoje o sol não brilhou, os pássaros não cantaram, os sorrisos se calaram e as lágrimas rolaram nos rostos. Os corações choram e gritam em silêncio”.
Todos sabem que acidentes podem acontecer com qualquer um, como já aconteceu com tantos outros, que cortam essas estradas de terra, ora cheias de lama, ora cheias de pó, no nosso tão vasto município. Ou até mesmo em rodovias asfaltadas. Quem não se lembra do candidato a prefeito de Sacramento em José Luiz da Matta, o Bocão, com grandes chances de ser eleito, teve a vida ceifada em plena reta final de campanha, num acidente ocorrido próximo a Ibiá, na BR 262.
Louvável essa solidariedade dos três comitês eleitorais da cidade. Aliás, uma atitude que destoa e muito da postura de muitos internautas que maculam o pleito pelo besteirol e grosseria plantados nas redes sociais. Sem o mínimo constrangimento, denigrem candidatos, no verbo e em imagens montadas. E, lamentavelmente, isso vem de cidadãos comuns a doutores, professores e ditos letrados que, pobres de argumentos, apelam para a agressão, magoando candidatos e eleitores que manifestam seu voto. O pior, na falsa convicção de estarem contribuindo com seus candidatos. Mas, felizmente e ao contrário, percebe-se que os candidatos não comungam com tais posturas.
O professor de História, Edson Gomes Mattos, pela rede, pediu um basta para tanta mesquinharia. “Hoje, peço, sinceramente. Vamos esquecer as rivalidades políticas e orar por Karine Almeida, que partiu tão prematuramente, pelos familiares de todos os envolvidos no trágico acidente”.
Também Ana Lúcia Nascimento Fidelis, deixou seu apelo. “Misericórdia, Sacramento! Vamos esquecer a política um pouco, em respeito à dor dos familiares que perdeu essa moça, que saiu de casa não só para abanar bandeira de candidato, mas pra buscar o ganha-pão, assim como tantas outras pessoas e, infelizmente, perdeu a vida numa fatalidade. Acredito que devemos, todos, nos unir em oração”, sugeriu.
Para Ana Cláudia, o terrível acidente que tirou a vida de Karine deixa lições. “Que dia mais ruim, sem sentido ! Só nos resta pedir a Deus o conforto e tirar uma grande lição dessa tragédia: Ficamos com ódio das pessoas, mágoas, tudo provocado por política, discussões que não levam a nada. Realmente, nunca sabemos o que pode acontecer”. Sábias palavras de Ana Cláudia, que vão de encontro ao pensamento de Chiara Lubich, ao ver com as amigas sua cidade natal, Trento, na Itália, totalmente destruída ao fim de um bombardeio na 2ª Grande Guerra:
“-A lição que Deus nos dava, por meio das circunstâncias, era clara: tudo é vaidade das vaidades, tudo passa. Mas, ao mesmo tempo, Deus colocava no meu coração, para todas, uma pergunta, e com ela a resposta: 'Mas existirá um ideal que não morre, que nenhuma bomba pode destruir, ao qual doar-nos inteiramente?'. Sim, Deus. Decidimos fazer Dele o ideal da nossa vida”.
O Jornal ET une-se também a dor dos pais de Karine e manifesta seu profundo pesar pela perda da filha. Que, com certeza, não está perdida, mas nos braços do Pai.
Que Deus os conforte.