Festejar o mês de junho pela ordem cronológica é uma tradição muito antiga, advinda do século IV. Os festejos juninos são dedicados a três santos cristãos: Santo Antônio, São João e São Pedro, mas São João acaba por ser o mais homenageado, pois dá nome às festas do mês de junho, que nos primórdios era chamada de 'joanina' e só ele era homenageado. Santo Antonio e São Pedro só foram introduzidos depois e as festas vieram sofrendo modificação no decorrer dos anos, de acordo com cada região.
Mas, segundo estudos, Santo Antônio é, com certeza, o que mais possui devotos espalhados pelo Brasil e também na Europa. Normalmente, é representado carregando o menino Jesus em seus braços, e, curiosamente, em vários lugares do Brasil, ganhou a simpatia de moças que agilizavam seus pedidos para obter um bom casamento. A tradição envolvendo o santo data de determinadas épocas e contextos, em que as manifestações populares extrapolavam a decência dos costumes.
São João, responsável pelo título de “santo festeiro” é comemorado no dia 24 de junho, dia do seu nascimento, as festas são recheadas de muita dança. O nordeste do país, onde se destaca o forró, é a região onde existem as maiores festas em homenagem a São João, que também é conhecido pela tradição popular como protetor dos casados e enfermos. Alguns símbolos são conhecidos por remeterem ao nascimento de São João, como a lenda que diz que os fogos de artifício soltados no dia 24 são para acordá-lo, pois pela tradição, diz-se que ele adormece no seu dia, pois, se ficasse acordado vendo as fogueiras que são acesas em sua homenagem, não resistiria e desceria a terra,por isso as fogueiras a ele dedicadas têm forma de uma pirâmide com a base arredondada. Mas na verdade, a fogueira serve para lembrar o nascimento de São João. Diz a história, que na noite em que ele nasceu sua mãe mandou acender uma fogueira para anunciar a chegada do filho à Maria, mãe de Jesus. Por isso ela é um elemento fundamental da festa. Para cada santo há um tipo diferente. Na festa de Santo Antônio, a fogueira tem formato quadrangular; na de São Pedro, triangular e na de São João ela é arredondada na base, formando uma pirâmide. Há também o levantamento do mastro de São João que se dá ao anoitecer da véspera do dia 24.
São Pedro, um dos doze apóstolos, também é outro santo homenageado, precisamente no dia 29 de junho. Tido como guardião das portas do céu é ainda considerado o protetor das viúvas e dos pescadores. A fogueira de São Pedro tem forma triangular e por ser cultuado como protetor das viúvas, em muitas regiões são elas, as viúvas que organizam a festa deste dia. Além disso, em muitas regiões, os pescadores, fazem homenagem ao santo com procissões marítimas.
No Brasil, de acordo com o antropólogo Roberto Albergaria, os costumes de homenagear os santos do mês de junho foram trazidos pelos portugueses e readaptados com a inserção de valores de negros e indígenas. A tradição das fogueiras também foi trazida do continente europeu e representava o aviso a Maria do nascimento de João, filho de sua prima Isabel. Os fogos de artifício, por sua vez, representam para alguns o despertar de João. Em Portugal, o uso das bombas e rojões serve para espantar os maus espíritos.
Mas os costumes introduzidos no Brasil sofreram influência da colonização portuguesa, proporcionando vários modos de festejar. Com a guerra dos 100 anos entre Inglaterra e França, surge um intercâmbio cultural no qual o country dance dá origem aos grandes bailes da corte francesa, propagados por toda a Europa e hoje é presença nas festas juninas no Brasil.
Mas o certo é que, além do folclore, estas festividades demonstram devoção e homenagem dos devotos. As festas juninas estão enraizadas de arte popular com suas influências próprias das regiões, cheias de pureza, ingenuidade, poesia e inspiração.
Vivam Santo Antonio, São João e São Pedro!
(Disponível na internet/Redação ET)