Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Publicidade Infantil em questão no Brasil

Edição nº 1450 - 30 Janeiro 2015

A prova do Enem de 2014 teve como título, 'Publicidade infantil em questão no Brasil'. Para ajudar a produção do texto, a proposta trouxe um texto jornalístico que discute se a publicidade infantil deve ser proibida no Brasil, um infográfico sobre a publicidade para crianças no mundo e um texto sobre a criança como o consumidor do futuro. O resultado dessa questão na prova de Língua Portuguesa, que valia mil pontos, foi pífio. Para espanto geral, mais de 500 mil dos candidatos tiraram nota zero na redação. Apenas 250 obtiveram nota mil e 35.719 obtiveram notas entre 901 e 999. Entre elas, a aluna da EE Cel.José Afonso de Almeida, de Sacramento, Olívia Mello, que obteve a nota 940. Veja na crônica da semana o seu texto.

 

Nesse mundo capitalista onde o “ter” é considerado mais importante do que o “ser”, grandes empresários estão dispostos a utilizar todos os meios disponíveis para conseguir vender seus produtos e assim aumentar seu capital e poder. Essa indução, presente em todas as vidas humanas desde a mais jovem idade, há de ser controlada, pois seu poder é tão grande e as crianças submetidas a essa prática tão facilmente influenciáveis. A publicidade, que em alguns casos chega a agir como uma verdadeira lavagem cerebral, especialmente quando repetida múltiplas vezes no arco de uma hora, é capaz de transformar crianças em futuras máquinas consumidoras. 

Muitos países europeus, entre os quais a Inglaterra, a Noruega, a Suécia e a Dinamarca, já possuem proibições parciais ou totais para publicidades direcionadas à criança. Observe-se que esses mesmos países estão entre os com maior IDH e melhor educação, o que já deve ser prova suficiente de que as proibições são um avanço, cujo exemplo os restantes dos países deveriam seguir para também atingirem níveis parecidos de desenvolvimento.

Muitos opositores a essa mais nova resolução do CONANDA questionam sua aplicação, duvidando de sua praticidade, mas na verdade ela é bem simples: é só vender os produtos em questão sem truques, sem usar personagens (reais ou fictícios) para conquistar o publico, sem submeter a população à uma repetição constante da mesma frase ou jingle, sem mentiras sobre o que o brinquedo ou objeto realmente faz e, o mais importante, sem fazer a criança acreditar que sem o produto ela se sentirá incompleta, infeliz ou que será excluída do seu grupo de amigos por não o ter comprado. 

Mas as medidas não devem vir apenas dos publicitários, a educação do jovem deve começar com seus pais, professores, pessoas que lhe estão em volta no dia a dia, pois só assim essa criança se transformará em um adulto consciente e cético da mídia, capaz de se manter atualizado,  mas sempre com um olho aberto para truques do mercado e noticias falsas que circulam disfarçadas de verdades absolutas. Só assim o “ser” se tornará mais importante que o “ter” e a sociedade avançará para um futuro mais lúcido.  

 

(*) Olívia Mello foi aluna da 

EE Cel. José Afonso de Almeida