Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Irmã Loreto uniu amor a Deus e à natureza

Edição nº 1472 - 03 de Julho 2015

Morreu em Uberaba às 5h da manhã do dia 25 de junho a religiosa dominicana, Ir. Maria de Loreto Gebrim, nos seus belos 97 anos. Morreu, como seus patrícios antigos diziam, “de velhice” e na graça de Deus. Com a saúde bastante fragilizada e problemas ligados ao aparelho respiratório, Ir. Loreto vinha recebendo cuidados especiais junto às irmãs da Fraternidade Bethânia, onde passou os últimos anos. Dia 21 último, foi internada no Hospital São Marcos, e ali morreu na última semana. 

Seu corpo foi velado na capela da Fraternidade Bethânia e o seu sepultamento aconteceu às 17h00h, no Cemitério S. João Batista. Irmã Loreto partiu deixando muitas saudades, muitos e muitos amigos e a lembrança de seu olhar sereno, de seu sorriso amável e de seu otimismo que a levou a dizer, no ano passado: "Tenho 96 anos, mas a minha cabeça é de 15!" 

E era verdade. Cabeça aberta, linda! De acordo com as irmãs dominicanas de Uberaba, “Ir. Loreto continuará vivendo nas suas várias composições musicais e no testemunho de vida. Viveu intensamente seus 97 anos de existência e seus 77 de consagração na Vida Religiosa. Unidas à alegria de Ir. Loreto que é acolhida pelo Pai e solidária, sobretudo às comunidades Santo Tomás de Aquino e à Fraternidade Betânia, onde viveu ultimamente, rendamos graças a Deus por esta vida tão fecunda, pela presença dela em nossa Congregação e por todo o bem que o Senhor realizou na vida dela e através dela aos irmãos. São Domingos e Madre Anastasie, cortejados por todas as irmãs que nos precederam, a conduzam à presença de Jesus, cantando hinos de louvor e ação de graças”, homenagearam suas confreiras.

Em 2012, Irmã Loreto foi destaque na mídia, com a abertura de uma exposição de uma coleção composta por pedras preciosas em estado bruto, mais de 30 variações de quartzos, rochas, lavas de vulcão e fósseis, objetos que encantaram geólogos da nova geração. “Esse contato permite que a gente interaja com o passado da evolução do planeta. A gente fica sabendo as várias etapas do processo geológico, o que aconteceu, os eventos vulcânicos, as formações do ambiente tanto da terra como dos organismos. É uma contribuição fantástica”, afirmou o geólogo Luiz Carlos Borges.

Mas a  coleção vai muito além das rochas e minerais, são 1500 itens. Irmã Loreto reuniu ao longo dos anos pedaços do calçamento do interior de um palácio da Roma Antiga, da entrada de templos e até alguns objetos de mais de quatro mil anos. Doutora pela Universidade de Sorbonne, na França, Irmã Loreto  também é geóloga  e voltou para o Brasil na década de 50 trazendo  um pouco da história de cada canto que visitou. 

A viagem foi feita de navio para trazer os mais de 100 quilos de bagagem com fragmentos da vida terrestre. Todo o acervo da geóloga foi doado ao Museu da Capela da Igreja Nossa Senhora das Dores.. “Doei para o museu para que isso tenha utilidade hoje para os estudantes. A contribuição que dei não foi muito científica, mas sim, pelo lado da educação do município”, disse a irmã.

Em Sacramento, muitos professores têm grandes e boas recordações de Irmã Loreto, a professora de Geografia Física e Humana nos tempos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santo Tomás de Aquino (FAFI), que em 1976 passou a denominar-se   Faculdades Integradas Santo Tomás de Aquino (FISTA), escola superior de excelência na formação de professores,  encampada pela FIUBE/UNIUBE no início dos anos 1980. Irmã Loreto foi mestra por excelência. (Irmãs Dominicanas/G1 Globo SP e imprensa regional)