Com certeza, foi assim que Jesus saudou
nossa querida irmã Maria do Carmo Santana,
acolhendo-a em sua morada eterna
e coroando-a com a coroa da justiça.
E deve ter continuado:
“Venha, bendita de meu Pai,
você possuí por herança o reino
que lhe está preparado
desde a fundação do mundo.
Porque tive fome, e você me deu de comer;
tive sede, e deu-me de beber;
era estrangeiro, e hospedou-me;
Estava nu, e me vestiu;
adoeci, e você me visitou;
estive na prisão, e você foi me ver”.
E ela, em sua humildade deve ter respondido:
“Senhor, quando o vi com fome e dei-lhe de comer?
Ou com sede, e dei-lhe de beber?
E quando o vi estrangeiro, e o hospedei?
ou nu, e o vesti?
E quando o vi enfermo, ou na prisão,
fui vê-lo?
E, respondendo o Rei, deve ter –lhe dito:
“Em verdade eu lhe digo, Maria que
quando você o fez a um dos meus
pequeninos irmãos, a mim você o fez”.
Maria foi chamada por Deus justamente
na Quinta-feira Santa que nos fala do amor,
com a cerimônia do Lava-pés,
a proclamação do novo mandamento,
a instituição do sacerdócio ministerial
e a instituição da Eucaristia, em que Jesus
se faz nosso alimento, dando-nos
seu corpo e sangue.
Ao mesmo tempo que toda a cidade
pranteou tão grande perda, demos graças
também por tão grande mérito.
Maria tinha tantas qualidades que incorro
no risco de deixar alguma sem enumerar.
Mas ela nunca ligou para isso...
Com seu sorriso lindo e autêntico,
ninguém poderia imaginar que alguma
dor pudesse ter-lhe sido imposta.
Parecia-nos que ela morava no paraíso
e que sua vida era só maravilha...
Por que isso?
Maria possuía fé.
Essa capacidade que temos de acreditar
em algo que não é palpável,
que não se pode ver ou provar.
Ela acreditou que a estrada ia
além do que ela via,e isso a consolava.
Nos momentos mais complicados,
ela recordava que nem por um segundo
estava sozinha.
Havia alguém que olhava por ela
e trabalhava a seu favor.
Assim, tinha a sensação de que cumpria
passos para algo maior.
E essa certeza de que havia um plano a sustentou,
manteve seu sorriso e permitiu que ela subisse
um degrau por vez.
Ela não podia ver todo o caminho;
mas a cada curva que se revelava,
crescia a confiança de que
dias melhores viriam. ..
Maria revelou-se como MARIA:
o protótipo da humildade, da fé,
da segurança do dever cumprido,
da renúncia, doação e amor.
Aos seis meses de idade ela fez
a sua primeira doação.
Eu havia perdido a minha mãe
aos três meses de idade
e minhas tias iam de porta em porta
das mães que amamentavam, pedir-lhes
uma porção de leite para mim.
A mãe da Maria, tia Iracema tirava-a
dos seus fartos seios para que
eu pudesse desfrutar daquela dádiva.
Maria não reclamava... como sempre!
Não posso deixar de citar o seu grande
trabalho pedagógico.
Mestra por excelência!
Com seu jeitinho conseguia milagres,
alfabetizando crianças com um alto
grau de dificuldade e deficiência.
Maria foi também a evangelizadora,
dedicando-se totalmente a serviço
de Deus, anunciando, proclamando,
cantando e vivendo a sagrada palavra.
Sinto desnecessário falar mais
sobre a Maria.
A prova de todo o seu valor nos foi dada
durante o seu velório: matriz repleta de amigos,
flores, lágrimas, orações, sacramentanos
vindos dos quatro cantos da cidade!
Em vida, não recebeu medalhas, moções,
poemas ou canções.
Escreveu a sua história baseada no amor,
doação, humildade, respeito e amizade.
Sua Páscoa foi a concretização
da Campanha da Fraternidade:
“EU VIM PARA SERVIR”.
Descanse em paz, MARIA!
AVE, MARIA !
(*) Sandra Almeida