Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Reflexões sobre ética e o fazer acontecer

Edição nº 1398 - 24 Janeiro 2014

Se ética é a escolha pelo bem comum, o bem de todos os seres vivos, do  todo maior,  o que seria não-ético?

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir não agir porque existem dificuldades e  incertezas… não é ético. 

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir agir pequeno porque é mais  confortável… não é ético. 

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir omitir suas propostas, idéias e ações para não ir contra a maioria… não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir viabilizar o viável em vez de procurar  tornar possível o impossível… não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir usar apenas parte do seu potencial  (“poupando-o” para interesses pessoais)… não é ético. 

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir não persistir até o limite de suas forças… não é ético. 

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir não agir, se manter em silêncio, deixando o medo prevalecer… não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir se conformar com a “letra da lei” em vez de persistir pelo “espírito da lei”… não é ético. 

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir deixar seu poder, como cidadão do mundo, nas mãos dos outros… não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir não explorar novos caminhos porque ninguém até hoje tentou… não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir não fazer face aos desafios de grande escala e complexidade porque parecem “além da conta”… não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir deixar de buscar o melhor e se conformar com o “negociável”… não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir protelar ações ousadas de novo e de novo esperando “o momento certo”… não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir abster-se de agir para não  contrariar convenções de sua “comunidade profissional”… não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir não ir em frente porque não  será reconhecido como o autor da idéia… não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir “entrar no jogo” fingindo não  perceber manipulações em processo… não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir viver no reino das idéias, dos  diagnósticos e das teorias em vez de assumir os riscos da ação… não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir agir só quando tudo puder ser cientificamente provado, mesmo quando a verdade for auto-evidente… não é  ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir rejeitar toda e qualquer  proposta “diferente” (inclusive suas próprias) mesmo quando as idéias tradicionais “não radicais” não estiverem funcionando… não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir rejeitar qualquer proposta que  pareça “idealista” ou “utópica”… não é ético.

Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir deixar tudo como está porque  o caminho para a perfeição é muito complexo e difícil de implementar…  definitivamente não é ético.

 

(Insights de Oscar Motomura durante o concerto que seguiu o workshop sobre Limites 

Morais,  em Talberg, em 2008. www.comitepaz.org.br)