Se ética é a escolha pelo bem comum, o bem de todos os seres vivos, do todo maior, o que seria não-ético?
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir não agir porque existem dificuldades e incertezas… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir agir pequeno porque é mais confortável… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir omitir suas propostas, idéias e ações para não ir contra a maioria… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir viabilizar o viável em vez de procurar tornar possível o impossível… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir usar apenas parte do seu potencial (“poupando-o” para interesses pessoais)… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir não persistir até o limite de suas forças… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir não agir, se manter em silêncio, deixando o medo prevalecer… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir se conformar com a “letra da lei” em vez de persistir pelo “espírito da lei”… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir deixar seu poder, como cidadão do mundo, nas mãos dos outros… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir não explorar novos caminhos porque ninguém até hoje tentou… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir não fazer face aos desafios de grande escala e complexidade porque parecem “além da conta”… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir deixar de buscar o melhor e se conformar com o “negociável”… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir protelar ações ousadas de novo e de novo esperando “o momento certo”… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir abster-se de agir para não contrariar convenções de sua “comunidade profissional”… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir não ir em frente porque não será reconhecido como o autor da idéia… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir “entrar no jogo” fingindo não perceber manipulações em processo… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir viver no reino das idéias, dos diagnósticos e das teorias em vez de assumir os riscos da ação… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir agir só quando tudo puder ser cientificamente provado, mesmo quando a verdade for auto-evidente… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir rejeitar toda e qualquer proposta “diferente” (inclusive suas próprias) mesmo quando as idéias tradicionais “não radicais” não estiverem funcionando… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir rejeitar qualquer proposta que pareça “idealista” ou “utópica”… não é ético.
Se ética é a escolha pelo bem comum, decidir deixar tudo como está porque o caminho para a perfeição é muito complexo e difícil de implementar… definitivamente não é ético.
(Insights de Oscar Motomura durante o concerto que seguiu o workshop sobre Limites
Morais, em Talberg, em 2008. www.comitepaz.org.br)