Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

O REINO ENCANTADO DA BUCOLÂNDIA

Edição nº 1429 - 29 Agosto 2014

Tudo o que vem de Saulo é bom. A começar do nome, 'o filho ansiosamente desejado' de Homilton e Margarida. Saulo traz no nome a ousadia, o espírito competitivo, a originalidade, a vontade avassaladora. Costumo chamá-lo de 'Grande Mestre', nas caminhadas onde nos topamos pelas beiradas do Borá, que um dia seu pai transformou em poesias. Devotado à causa de Cristo, ao trabalho, à família, ao próximo... Saulo só não foi de Tarso. Mas teve também uma origem divina, pois nasceu nas terras sagradas do Santíssimo Sacramento.

Herdou a verve da escrita do pai e misturou sua militância de jovem entre os antigos tablóides criados, como diz, no 'Sacramento antigo'. Foi assim, jornalista e editor. E fossem encadernadas as laudas que saíram de sua velha Remington teríamos uma vasta obra. Advogado, conheceu as agruras dos tribunais e condenou a intolerância social e religiosa, o labor corrupto e a hedionda casta dos que fazem da política as suas benesses próprias. 

Entre sua rica e enorme criação literária, o jornal O Estado do Triângulo teve a honra e o privilégio de tê-lo como um de seus nobres colaboradores, desde a coluna fixa, 'Histórias do Sacramento Antigo' aos artigos e crônicas da vida cotidiana.

'A Vida Burlesca e Agitada no Reino da Bucolândia' nasceu, com certeza, desse espaço tênue entre a realidade e a ficção, entre o que se vê e o que se sente, entre o que se vive e o que se escreve. Mas frisa de antemão, o autor, que a Bucolândia é um lugar imaginário.  Nem tanto assim, se o perspicaz leitor amarrar alguns nós aqui e desamarrar outros acolá, enxergando no fim da linha ou do parágrafo algumas personagens que desfilaram pelas ruas do 'Sacramento Antigo'. 

É essa história do burlesco e da vida agitada de uma provinciana cidade que torna a obra tão agradável, que prende a atenção do leitor, que se delicia entre uma crônica e outra. Dividida entre a realidade e a ficção, a intensidade e a banalidade da vida pacata da Bucolândia, entre o sério e o hilário a narrativa é toda deliciosa, encantada e fascinante.

O leitor vai deparar com figuras clássicas como o Barão de Alfenas, o plebeu José Cabral, que revolucionou o panorama político do reino. Vai conhecer a torrencial tempestade que inundou o Borá, desculpe, o Cotia; o Prof. Antônio de Pádua, latinista que distribuiu cultura no reino; e vai ficar sabendo até que, no Reino Encantado da Bucolândia, havia três tipos de gente, a de cima, a de baixo e a de Traz os Montes. Vai até se identificar com uma delas. Sem contar que vai ficar conhecendo o primeiro grafiteiro da Bucolândia, o Antônio Marques.

Saulo escreveu uma fábula real, uma fábula fantástica.

Do amigo, WJS