Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

A Copa do Mundo precisa ser motivo de alegria e união entre os povos

Edição nº 1420 - 27 Junho 2014

Desde 12 de junho o mundo está de olho na maior competição esportiva do planeta, a Copa do Mundo. Trata-se de uma disputa esportiva coletiva na qual 22 jogadores em campo têm o efêmero objetivo de colocar a bola dentro das traves do gol adversário. Contudo, atrás desse efêmero se esconde na verdade um grande espaço celebrativo entre os povos, em que arte, disciplina, estratégia, força e competitividade se misturam aos corpos e almas de homens que buscam superar seus próprios limites.

Como não lembrar ainda que esses esportistas simbolizam uma nação, carregando eventos como esse com um significado político e social, e o poder de trazer à flor da pele um patriotismo tantas vezes esmorecido em meios aos individualismos do mundo moderno!

No Brasil, as Copas do Mundo tem sido a única ocasião em que se vê o verde e o amarelo exposto nas ruas, sem a mancha de outras que tentam mudar as cores de nossa bandeira. Quem sabe, o mover do verde e o amarelo nessa copa possa ajudar a desencardir essas outras cores que querem desfigurar nosso país.

Não há dúvida de que a Copa do Mundo se reveste de grandeza humana, beleza, comunhão entre os povos e alegria. Todavia, essa nobreza pode ser corrompida por interesses escusos e fanatismos, aliás, que infelizmente marcam a Copa do Mundo no Brasil, e que tanto nos entristecem. Mas, em se tratando de uma atividade competitiva, em que a vitória de uns é construída pela superação de todos, o primeiro risco é transformar em combate frívolo, em que todos saem fracassados por suas próprias misérias humanas. São Francisco de Sales, em seu livro “Introdução à vida devota”, escrita muito antes da primeira Copa do Mundo, já ensinava:

Quanto aos jogos, ainda digo que o bem deles não pode estar na alegria de ganhar ou perder, pois não será injusta uma alegria semelhante que acarreta a perda e o desgosto do próximo? Na verdade, uma tal alegria é indigna de um homem de bem. A alegria deve ser motivada pelo empreendimento em si e também pela vitória que se conquistou pela habilidade.”  

Também esclarecedor é a definição de jogo pelo Cardeal Ratzinger, por ocasião da Copa do mundo em 1986 no México: “uma atividade totalmente livre, sem propósito e sem limitações, ao mesmo tempo que envolve e ocupa todas as forças do homem. Neste sentido, o jogo seria uma espécie de tentativa de retorno ao paraíso perdido: a fuga da seriedade escravizante da vida cotidiana e da necessidade de se ganhar o pão, para viver a livre seriedade de tudo que não é obrigatório e, portanto, belo.”

Assim penso que, vivendo segundo as boas  virtudes, o esporte, o futebol, uma Copa do Mundo é mais uma dessas maravilhas que o homem inventa com o dom da Inteligência que recebeu do Criador. Que o Espírito do Criador nos ensine a contemplar essas belezas, lembrando que as coisas passageiras desse mundo só têm sentido se nos elevam para o eterno. 

(André Luís. Botelho de Andrade (WWW. http://pantokrator.org.br/)