Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Monsenhor Valmir

Edição nº 1343 - 04 Janeiro 2013

 

“De tudo na vida ficaram três coisas: - disse Fernando Pessoa -

A certeza de que estamos sempre começando...

A certeza de que precisamos continuar...

A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...

Portanto, devemos fazer da interrupção um caminho novo...

Da queda um passo de dança...

Do sonho uma ponte...”

 

Essa é a certeza de que Monsenhor nos deixa e, por certo, para toda Sacramento, onde chegou,  nos primeiros dias de 2009, sutilmente. Um dia desses, há quatro anos atrás, um amigo nos segredou: “Hoje pela manhã, vi um novo padre na cidade pelos lados da Praça de Esportes. Olhando, observando, andando com os braços para trás. É o novo vigário?”  

 

Essa historinha nos faz lembrar um verso da 'Valsinha', de Chico Buarque: “Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar...”, e que nos faz parafrasear: 'Um dia ele chegou de um jeito estranho e soube tanto cativar'. 

 

Cativou com o seu jeito de ser. 

Cativou com a sua bela voz.  

Cativou pelo seu empreendedorismo e sua intensa dedicação ao trabalho paroquial. 

Cativou gente da cidade e gente da roça; gente católica e gente de outros credos. 

Cativou adultos, idosos, jovens e crianças... 

Cativou ricos e pobres... 

 

Cativou pela igreja inovadora, leiga, dinâmica, pastoralística, presença viva na ajuda ao povo de Deus.

Cativou por transformar a 'igreja para os pobres', para a 'igreja de pobres e com os pobres', numa comunhão profunda com os ensinamentos de Puebla.

 

Cativou pela ação de uma igreja que desceu do púlpito e caminhou junto às famílias, rezou com as irmandades, fez festas com as comunidades, cantou e gritou leilões, se fez um entre as gentes.

Cativou por onde andou, 

Da Santa Helena  ao Desemboque, foi presença viva nas comunidades rurais, junto ao povo de Deus, numa transformação vibrante de sua paróquia, em igreja mundo.

 

Cativou diariamente pelas ondas da Rádio Sacramento pregando e anunciando o reino de Deus entre os homens.

 

E quase quatro anos se passaram, desde aquele 9 de fevereiro de sua posse na Paróquia do Santíssimo Sacramento, um tempo incompleto de um vicariato normal, mas tão rico na transformação de uma paróquia, que participou de uma grande revolução de fé e de amor a Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Também nos lembra Tertuliano, um dos primeiros escritores cristãos, referindo-se aos primeiros cristãos: “Vede como se amam entre si e como estão prontos a dar a vida uns pelos outros”.

 Era a realização das palavras de Jesus:

 

‘‘Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros’’.

 

Hoje, despedindo-se de seu rebanho, deixa-nos um grande legado de exemplos, de reencontro com a igreja, com a família, aquele reconhecimento dos primeiros cristãos:

 'Vejam como se amam'. 

 

Sobretudo, deixa-nos a certeza de que não terá que sacudir o pó das sandálias, pois sua mensagem foi acolhida plenamente. 

 

O nosso   obrigado por esses anos, que se tornados em meses, semanas, dias, horas, minutos foram bastante  para falar de Deus. 

Um grande abraço.!


Equipe do Jornal ET, Armando, Manja, Maria Elena, Pati,  Ruth e Walmor