Na manjedoura, o Menino espreguiça
e dá o seu primeiro salto para a vida:
Vim para aqueles que são párias,
pobres, doentes, migrantes, explorados.
Vim para aqueles esquecidos, abandonados,
pardos, medos, judeus e palestinos...
Sou o alimento do cocho que o mundo precisa,
sou o alimento do pasto para os enjeitados,
sou o alimento do resto do consumismo,
sou o alimento do verbo, da crença, da verdade.
Que pena foi terem transformado meu presépio!
Enchido minha manjedoura de ouro,
meus altares de tecidos, e taças, e castiçais,
minha túnica surrada em mantos prateados.
Ainda assim, sou o que bate à sua porta,
o faminto, o sedento, o sem terra, sem teto.
sou o prisioneiro, o moribundo, o expatriado.
Sou sempre eu na pessoa do próximo...
'Esse Cara sou eu!'
Continua me enxergando na estrebaria,
abraçado ao peito de minha mãe,
amparado no cajado de José,
braços estendidos sempre, sempre para ti.
WJS