Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

O dia em que Sacramento inteira chorou

Edição n° 1308 - 04 Maio 2012

No próximo dia 08 de maio novamente toda a cidade relembrará com lágrimas de saudades os nossos inolvidáveis estudantes que tiveram suas vidas ceifadas naquela noite.

Não só os familiares, mas todos os sacramentanos ainda guardam na memória aquele barulho melancólico das sirenas das ambulâncias...

Dez anos são passados e jamais esqueceremos aquele dia que foi o mais longo da história de Sacramento.

Continuamos e continuaremos a chorar suas faltas e nos perguntar: por que?

Não há como escapar, durante a vida, de alguns acontecimentos que avassalam nossa alma: são os momentos de perda. 

A vida é feita de ganhos, a começar do próprio nascimento e de perdas, como a morte. 

Os sentimentos que acompanham a separação de alguém significativo são dolorosos, mas inevitáveis e necessários. 

É um profundo vazio entrelaçado com muita angústia. 

E como se estivéssemos morrendo juntos. 

E, efetivamente, alguma coisa morre dentro de nós quando perdemos a presença da pessoa amada. 

A ausência não escolhida cria uma falta, um fosso ao qual respondemos com muita tristeza. 

E, é natural que sintamos assim. 

É o luto que  tem por objetivo nos ajudar na reorganização da vida, abalada pela inevitável certeza da existência da morte.

Consentir na dor, na perplexidade, 

na estranheza é o primeiro passo da travessia. Isso exige paciência para evitarmos a tentação inicial de negarmos a perda. 

A morte é a grande oportunidade também de aprendizado. A morte é nossa principal aliada de crescimento e reformulação de vida. 

O luto só termina quando aprendemos tudo o que deve ser aprendido com aquela realidade. O sofrimento fecha o coração para novas experiências e para novas pessoas apenas por um tempo. 

Se tudo na vida é transitório, incluindo pessoas amadas e querida, porque a tristeza, a angustia, o desespero serão definitivos? 

Transformar a pessoa que morreu em fonte de aprendizado e não perpetuá-la como objeto de sofrimento. 

No convívio com as famílias que perderam filhos, esposo,

amigos e conhecidos, aprendemos nesses 10 anos que a fé e a coragem foram propulsoras para que a vida continuasse sem eles.

Diariamente, várias mães choram silenciosamente a ausência daquele filho (a) que estava prestes a se formar e procurar o seu futuro.

O pai radiante porque pode dar-lhe um caminho melhor não se conforma com a tragédia. 

E o amigo ainda escuta as sonoras risadas despreocupadas que davam às vezes por nada.

Tiramos muitas lições desta pungente dor.

Olhamos com pesar e muita saudade para o nosso tão azul céu de maio, à procura daqueles anjos que cumpriram suas missões aqui na terra e bem mais cedo do que nós, foram encontrar-se com o Pai e receberem a coroa da glória.

Descansem em paz!

E os familiares recebam,neste 08 de maio, o nosso abraço solidário.