Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Minha mãe Corina

Edição n° 1322 - 10 Agosto 2012

Não vim ao mundo de dentro das entranhas do útero materno de Mãe Corina, mas vim para entrar nas entranhas de seu coração e ser sua filha do coração e por ela conduzida para um caminhar tranquilo e seguro e ser transformada de criança em um ser adulto, com uma bagagem adquirida ao seu lado, podendo conseguir alcançar nosso objetivo maior de vida, ser capaz de enfrentar as suas etapas seguindo seus exemplos de dignidade, amor, respeito, humildade, fé e confiança em Deus.

Mãe Corina, mãe de tantas crianças como eu no Lar de Eurípedes, foi também mãe de toda nossa Sacramento, pois todos assim a chamaram. Tinham-na como mãe porque gerou amor a tantos corações e tornou-se humil-de como Maria e teve a grandeza de Jesus.

Fomos criadas com tanto amor e dedicação e vivemos muitos anos rodeadas por uma família maravilhosa, que Mãe Corina tão sabiamente conduziu.

Como em todo seio familiar, tivemos grandes oportunidades de estudo, de aprendizado aos trabalhos domésticos.

De alguma forma, Mãe Corina proporcionou-nos um meio para que pudéssemos enfrentar a vida, pois ela sabia que cada uma teria um destino diferente e ela queria tornar mais leve esse caminhar para a vida.

Tantos exemplos de amor, caridade e humildade tivemos de nossa Mãe Corina. Sempre alegre e feliz acolhia todos os que a ela procurassem em busca de um consolo, de uma palavra amiga, para uma ajuda na decisão de uma vida.

Na humildade e no desprendimento, sempre estávamos com ela nos arredores da cidade, com os mais humildes, transmitindo-lhes os ensinamentos de nosso Mestre Jesus e da Doutrina Espírita, oferecendo-lhes também oportunidades de trabalho.

Mestra por excelência, foi nossa professora no Colégio Allan Kardec, onde ministrava todas as matérias; e nos cursos, Ginasial e Magistério, foi mestra em Português e Literatura, na Escola Normal, hoje Escola Coronel.

Era amada e respeitada por todos e sem jamais cursar uma faculdade adquiriu uma cultura invejável a qual tinha maior prazer em dividi-la com todos. Era apaixonada por livros, música, futebol, novelas...!

Adquiriu uma grande biblioteca que era referência na cidade. Comprava todos os meses, livros e mais livros, para que todos pudessem conhecer a maravilhosa arte dos grandes escritores brasileiros. Ela sabia que, “Aquilo que a memória amou, fica eterno”.

Foi uma mãe perfeita, preocupada com a saúde de suas filhas e estava sempre ao lado de quem adoecesse.

Excelente sogra recebia seus genros carinhosamente e tornava-os também filhos de seu coração e companheiros de luta.

Experimentou a alegria de ser vovó e ouvir seus netinhos chamá-la carinhosamente de Vó Ina. Ela ficava toda dengosa (como toda vovó).

Passamos momentos alegres, mas também vimos várias vezes Mãe Corina triste, preocupada, quando a escassez de ali-mentos chegava.

Eram tantas crianças para serem alimentadas! Mas Mãe Corina não desanimava, pois ela confiava em Deus.

Ela sabia que de alguma forma Ele agiria, e como num passe de mágica, a campainha tocava e chegavam fazendeiros trazendo sacos de arroz, feijão, frutas, verduras...

Mãe Corina foi a orientadora perfeita no estudo da doutrina espírita. Ela foi e é nosso porto seguro.

Enviada especial de Jesus, não vacilou em momento algum de seu objetivo, encaminhar tantas crianças e jovens para enfrentarem o mundo.

Este ano, Mãe Corina faria cem anos, se ainda estivesse conosco... Já estamos comemorando!

Com saudades, recordamos de nossa mãe querida, relembrando de tantos momentos juntos vividos, mas sabemos que a sementinha que ela plantou em cada coração de alguma forma germinou e, com certeza, lá no alto, ela sempre coloca uma gotinha de seu amor em nossos corações para que esta semente não morra jamais e o seu exemplo de amor, sacrifício, dedicação e desprendimento continue, passando às gerações futuras.

E assim continuamos tentando fazer algo que alegre seu espírito e que veja o quanto foi importante em nossas vidas. Agradecemos eternamente a Deus por tê-la colocado em nossas vidas.

E eu, em particular, louvo a Deus por ser a sua primeira filha do coração e digo o quanto me orgulho e me sinto privilegiada por ter vivido ao seu lado todos esses anos.

Deus abençoe eternamente nossa Mãe Co- rina. Mil beijos no seu coração, Mãe querida.                

 

Cleuza Rosa Ramos