Inicia-se mais um ano letivo. Milhares de jovens, crianças rumam para a escola, seja ela pré-escola, ensino fundamental e médio, seja universidade. Na Educação tem sido constantemente propalada a questão da qualidade, que ainda não foi alcançada e, por vários motivos. Um deles é o fato de que,faz-se necessária uma mudança de postura por parte de todos: educadores, dirigentes, mantenedores e até da família, pois ela também é resistente às mudanças que se apresentam dentro das escolas, chocam-se com aquela que sai do convencional. E, a mudança de posturadesses quatro pilares é que talvez seja a mais difícil, porque mudança exige vontade, coragem para sair da mesmice e aliar conteúdos à vida real. Enquanto isso não acontece, os estudantes vão vivendo a rotina de sempre, olhando e analisando o mundo em todos os seus aspectos através dos livros... Tendo em vista o início do ano letivo é oportuno refletir as palavras de Dom Walmor em “A aventura de educar”:
“Os desafios e as demandas estampados no horizonte de nossa sociedade, com tarefas de reconstrução e urgências de recomeçar, remetem-nos imediatamente à necessidade da educação. As lições que precisam ser aprendidas, a partir das catástrofes, das crises, das perdas e do consequente sofrimento revelam a prioridade do ensino.
As comparações a respeito dos processos educativos brasileiros em relação a outras nações, a partir da análise de estatísticas, práticas e procedimentos, nos convencem de que a educação entre nós ainda é um desafio crônico. É importante refletir mais e melhor sobre os processos. Também, abrir-se a inventividades que projetem crescimentos e conquistas, caminho para qualificar a educação e, consequentemente, alavancar o crescimento cultural e socioeconômico de toda sociedade.
Além de infraestrutura, investimentos e outros elementos necessários para qualificar o ensino, a questão que ainda permanece é o desafio de uma mudança profunda de posturas. É necessário avançar na compreensão e adequação tecnológica para que a educação se transforme na garantia do desenvolvimento integral. O conjunto de exigências para qualificar o aprendizado na sociedade faz dessa tarefa, conforme explica o Papa Bento XVI, na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano, uma aventura. O Papa considera essa aventura difícil, mas fascinante.
Pensando nos jovens, Bento XVI faz uma reflexão sobre o ponto de partida fundamental na compreensão do que é educar. A etimologia latina educere significa conduzir para fora de si mesmo ao encontro da realidade, rumo à plenitude que faz crescer uma pessoa. Não se trataria, portanto, apenas de uma apropriação de conteúdos e técnicas. É um processo que alavanca e sustenta uma cultura da vida, da justiça e da paz. Por isso mesmo, o processo educativo, acentua o Papa, é o encontro de duas liberdades: a do adulto e a do jovem. Da parte do discípulo é exigida uma abertura para deixar-se guiar no conhecimento da realidade. Da parte do educador, uma disposição para dar-se a si mesmo. Portanto, trata-se de um processo que ultrapassa uma simples oferta de informações e de regras. O educador há de ser uma testemunha autêntica, capaz de ver sempre mais longe, vivendo o caminho que propõe, garantindo um amor e uma dedicação que vão além de um simples cumprimento de dever profissional.
É claro que a escola não pode prescindir da referência à família, célula originária da sociedade, onde primeiro se aprende, e de maneira determinante, os valores humanos e cristãos, que permitem uma convivência pacífica e construtiva. Não se pode correr o risco de perder a convicção de que é na família que se aprende a solidariedade entre as gerações, o respeito às regras, o perdão e o acolhimento do outro, diz o Papa Bento XVI, afirmando ainda que ela é a primeira escola onde se educa para a justiça e a paz”.