Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Páscoa, um modo de viver!

Edição n° 1254 - 22 Abril 2011

Páscoa não é só festa. É um modo de viver.

Um dia passamos pela água do Batismo, significando nossa participação na morte e ressurreição de Jesus. Por isso, animados e guiados pelo Espírito Santo, que recebemos através do Cristo, somos chamados a viver a Páscoa em todos os momentos e aspectos de nossa vida. Somos chamados a viver uma vida pascal.

Páscoa é tempo de se procurar fazer a passagem da morte para a vida, em nossa existência individual e social. É tempo de superação do egoísmo, dos vícios, do ódio, da indiferença pelos irmãos, crescendo no amor, na dedicação, na doação de nossa vida.

Páscoa é busca de vitória sobre todo e qualquer sistema de injustiça e opressão, todo e qualquer sistema de vida baseado na ganância, na violência, no aumento do capital, do lucro a qualquer custo...

Páscoa é tempo de construir, com muita luta e esperança, uma sociedade justa e fraterna, baseada no amor, na partilha, na solidariedade, no respeito a cada pessoa humana.

Na Páscoa está em jogo o drama fundamental da VIDA e da MORTE.

Na introdução ao documento de Medellin, encontramos o seguinte trecho: "Assim como Israel, o antigo povo, sentia a presença salvífica de Deus quando da libertação do Egito, da passagem pelo Mar Vermelho, conquista da Terra Prometida, assim também nós, o Novo Povo de Deus, não podemos deixar de sentir seu passo que salva, quando se dá verdadeiro desenvolvimento, que é, para todos e cada um, a passagem de condições menos humanas a condições mais humanas!"

Menos humanas: as carências materiais dos que são privados do mínimo vital, e as carências morais dos que são mutilados pelo egoísmo. As estruturas opressivas, quer provenham dos abusos da posse ou do poder, da exploração dos trabalhadores ou da injustiça social.

Mais humanas: a passagem da miséria à posse do necessário, a vitória sobre os flagelos sociais, o alargamento dos conhecimentos, a aquisição de cultura. 

Mais humanas também: a consideração crescente da dignidade dos outros, a cooperação no bem-comum, a vontade de paz. 

Mais humanas ainda: o reconhecimento pelo homem dos valores supremos, e de Deus, que é a origem e o termo deles. 

Mais humanas, finalmente e, sobretudo, a fé, Dom de Deus, acolhido pela boa vontade do homem e a unidade na caridade de Cristo que nos chama a todos a participar como filhos e filhas na vida do Deus vivo, pai de todos os homens.

 As condições menos humanas significam "MORTE", as mais humanas significam "VIDA". É preciso fazer a passagem da morte para a vida.

Cada vez que nós, nossa Comunidade, nosso povo, consegue fazer um passo a mais nesta passagem da morte para a vida, devemos dizer: É Deus que está nos salvando. É Deus que está nos arrancando da morte, como fez com seu filho Jesus. 

É como se Deus visse no rosto do homem sofredor, desempregado, o rosto de seu Filho crucificado. "Eu vi, eu vi a miséria do meu povo", diz Deus, "e eu desci para salvá-lo". É um novo êxodo; são precisos novos "Moisés". É a nós que Deus hoje diz: "Vai, eu te envio".

Páscoa, celebração da presença salvadora de Deus em nossas vidas. Páscoa, força que leva o  homem a unir-se cada vez mais a Cristo e aos irmãos, buscando num compromisso de solidariedade a transformação das realidades econômica, política e social, fazendo com que a vida vença a morte e todos os seus sinais, tornando essa vitória uma realidade no hoje da história.

Quem viveu a Quaresma de modo profundo e transformador, comprometido com a causa a nós proposta pela Igreja do Brasil, através da Campanha da Fraternidade, certamente viverá uma Páscoa verdadeira, pois o Cristo Senhor ressuscitará nele e por ele na sociedade.

 

           (*) Pe. Valmir A. Ribeiro é pároco