Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

O bispo que eu quero

Edição n° 1257 - 13 Maio 2011

Assisti há pouco mais de um ano à primeira ordenação episcopal de minha vida. Era consagrado bispo da igreja católica romana, Mons. José Luiz Majella Delgado, na casa mãe de Aparecida. 

Os cabreiros de Santo Afonso estavam em polvorosa! Pudera!!  Ali naquele aprisco redentorista, ao findar a adolescência, viram o franzino José Luiz chegar do interior mineiro levando no coração o desejo sincero de abraçar o sacerdócio e, naquela noite memorável, aplaudiam Dom Majella recebendo o báculo pastoral.

Missão que nascera ainda criança de um lar povoado de figuras, atitudes e exemplos cristãos. Do pai, José Luiz, a perseverante crença no Senhor Jesus. Da mãe, Dalmira, a fé que movia montanhas. Dela, recebera o nome 'Majella', em agradecimento a uma graça de São Geraldo, no difícil parto do menino que teria na pia batismal, já como homenagem, o pre nome do pai.

Ao saudá-lo, caríssimo, Dom Majella, humildemente representando nossa comunidade paroquial, a pedido de Pe. Valmir, me vem à mente tantas histórias que vivemos juntos em nosso inesquecível Seminário do Santíssimo Redentor. E pensando nessas histórias todas, eu posso dizer sobre o bispo que eu quero.

O bispo que eu quero tem o segredo da ternura, da paz e da compreensão que demonstrava com todos os seminaristas, naqueles belos anos 80.

Tem a paciência de Jó e o carinho de um mestre na compreensão dos problemas daqueles jovens estudantes que se preparavam, tão distante dos pais, para a difícil missão missionária.

Tem a palavra dura e responsável que brotava de profundos estudos teológicos e de uma competente liderança na reitoria daquela casa de Santo Afonso.

O bispo que eu quero tem a mente aberta para a oração e para a cultura, para a arte e para o esporte, para a música e para o teatro.

O bispo que eu quero acompanha o seu alunos na Casa da Cultura para os ensaios de Nadim Nadinha contra o Rei de Foleiró! Morte e Vida Severina! E o inesquecível, 'Milagre das Águas'!

Chora com os alunos que sofrem, com os amigos que se vão, com os funcionários que adoecem; e se alegra com a vitória e as conquistas de todos aqueles que chamava de irmãos.

O bispo que quero se envolve com militantes da esquerda e da direita, da situação ou oposição, criaturas antirevolucionárias ou revolucionárias, de boa ou má fé.

O bispo que quero ninguém consegue prendê-lo a um grupo, ligá-lo a um partido, a um movimento, a não ser o Partido de Deus.

O bispo que quero tem a porta e o coração abertos para o mundo, absolutamente a todos, a ninguém excluindo do diálogo fraterno. 

O bispo que quero chama o Zé, o Bastião, a Maria, o Severino; o rico, o mendigo, o branco, o negro; o médico, o advogado, o juiz, o jardineiro, o faxineiro... de Cristo. 

O bispo que quero vê em todos, especialmente aqueles que estão na desgraça e na descrença, a face desfigurada do Salvador.

O bispo que quero tem um amor especial pelos pobres, pelos que têm fome, têm sede, andam sujos, machucados e oprimidos. 

O bispo que quero tem sua diocese, como uma grande mãe, abraçando conceitos cristãos católicos, mas trabalhando pela unidade ecumênica.

Tem sua diocese enraizada em doutrinas, em encíclicas, em dogmas, mas tem também, e em primeiro lugar, a simplicidade dos Evangelhos de Jesus, que vão do amor à Teologia à Ecologia, convicta de que 'a Criação está gemendo em dores de parto'.

O bispo que quero tem muito de missionário, tem a missão de Artur Bonotti, de Borginho, de Magalhães, de Alberto, de Luiz e Eugênio, de Dionísio, de Vanim, de Brás, de Marques, de Carrilho, Ignácio...

O bispo que quero tem um pouco de Dom Fragoso, o bispo dos pobres de Crateús; um pouco de Dom Pedro Casaldáliga, o bispo sem medo de S. Félix; tem um pouco de Dom Paulo Arns, de Dom Benedito... mas tem muito, muito de Dom Hélder Câmara.

O bispo que quero tem um pouco da santidade do papa Paulo VI, de João Paulo II, de Bento XVI, mas muito, muito de João XXIII.

Por tudo isso e por tantas lembranças tiradas de nosso Seminário do SSmo. Redentor... 

O bispo que quero se chama José Luiz, Pe. Majella, Mons. Majella, Dom Majella Delgado.

Com uma última lembrança: Nossa arquidiocese estará vaga a partir de junho próximo!!

Querido Dom Majella, Sacramento sempre se encantará com sua presença. Seja sempre bem-vindo!

Senhoras e senhores, Jovens, Pe. Valmir, obrigado pela atenção!