Tatá

O destino nos trouxe uma grande tristeza com o falecimento da professora Tatá. Profissional querida por todos e que sempre fez de seu trabalho um ato de amor, doando-se ao ensinamento de centenas de jovens na sociedade sacramentana.

Os desígnios da vida muitas vezes nos surpreendem, deixando-nos obscurecidos pelos mistérios que os circundam.

Tatá era uma das professoras que tinham não apenas o respeito, sentimento que deve ser evidenciado nas relações escolares, mas, principalmente, o afeto sincero de seus alunos. Foi uma das mestras que mais amei. Sim, amei! Porque sou de um tempo em que os alunos amavam seus professores, inebriados que éramos com a relação mágica que se faz presente no ato sagrado de ensinar.

Permitam-me dizer que ensinar não é apenas descarregar montanhas de matérias sobre os ombros dos alunos, que devem triturar toda a grade escolar prevista para o cumprimento de uma meta formalmente estabelecida. Ensinar é reconhecer as peculiaridades e diferenças existentes entre as pessoas, e valorizá-las, de modo a fazer com que a criança e o jovem tenham consciência de seu potencial e possam se sentir auto confiantes para desenvolvê-lo. Ensinar é fornecer caminhos, é respeitar as diferenças, é despertar potenciais, é ter a consciência de que todos são capazes, pois cada um de nós carrega um dom, e somos únicos na nossa essência. 

Por mais que precisemos dos outros, ninguém fará a trajetória da vida de modo igual ao do seu semelhante. A vida é como uma grande tela em branco, onde os artistas somos nós. Talvez a nossa pintura não seja tão bonita quanto a de um Michelangelo, mas será a nossa obra de arte, com todos os erros e acertos, com todas as lágrimas e sorrisos, com todas as derrotas e vitórias... Com toda a nossa história.

Tatá, ainda jovem se foi, mas com certeza nos presenteou com um maravilhoso quadro, cujas cores vivas de seus traços evidenciam a maestria da artista que sempre fora, mulher que semeou sonhos e esperanças nos corações de seus alunos.

 (*) Ricardo Alexandre de Moura Costa (Da Matta), é advogado