Afirmam alguns estudiosos (com o que concordo plenamente) que a conduta humana, para ser equilibrada precisa estar alicerçada em valores. Faltando esses alicerces, a pessoa torna-se capaz de qualquer desvario. Em outras palavras, são os princípios morais que garantem a harmoniosa sobrevivência humana tanto no plano individual como social e político. Existem registros de Nações inteiras que sucumbiram pela falta desses princípios. Reforçando essa idéia, há uma citação atribuída a Lênin (1870-1924), que, ironicamente, diz: ”Quando quisermos destruir uma Nação, devemos destruir a sua moral. Assim ela cairá em nossas mãos como um fruto maduro”. Essa e tantas outras afirmações deixam claro quão manipuláveis somos, bastando para isso o emprego de táticas infalíveis usadas, com excelência, pelos meios de comunicação.
O despudor, a falta de decoro, se insere nesse contexto. Usando recursos atraentes, os meios de comunicação vão rebaixando, subliminarmente, os níveis de censura próprios do ser humano. Observem que a criança, a partir de certa idade, quando afloram em seu comportamento a vergonha, o recato, o zelo pelo corpo, passa a dispensar a presença da mãe ou da Babá na hora do banho. São raros os casos em que isso não acontece. Deduz-se, portanto, que pudor não se ensina- nasce com a gente. (Isso sem ignorarmos o contexto cultural de cada povo.)
O que temos observado é que os apelos à licenciosidade estimulam comportamentos inconseqüentes que passam a ser assumidos com naturalidade, ferindo as regras do decoro: afrontam-se valores, costumes e normas de uma sociedade comandada pela mídia. A permissividade, também subliminarmente, passa a se infiltrar na mente humana; transgredir é preciso. A sociedade aprova. A família, perdida e sem rumos, se omite. A mercantilizarão do corpo e da alma passa a ser vista como algo normal. O despudor, encorajado pelos meios de comunicação, vem ultrapassando limites. Atraindo um público cada vez mais jovem, tais apelos vão se infiltrando na mente infantil, a ponto de seqüestrarem sua infância e sua inocência. A gravidez precoce pode acontecer interrompendo um futuro que mal começara a lhes acenar com suas promessas. Esse excessivo apelo sexual acaba por restringir a capacidade de os jovens exercitarem a sua liberdade: beber, transar, ficar, ficar... Sem vínculo, sem afeto, sem nome, sem rosto. .Em síntese, uma desenfreada busca pela vivência de uma ilusória felicidade a ser conquistada, freneticamente, pela geração do erotismo. Tal exagero chega a desestimular o desejo sexual nesses jovens, que ,a despeito da efervescência hormonal em que se encontram, estão, cada vez, e em maior número, visitando farmácias à procura de socorro para conseguir algum sucesso na sua performance sexual.
O certo é que a felicidade não pode ficar reduzida a essa busca desenfreada do prazer pelo prazer. A perda do verdadeiro significado das coisas não acontece impunemente – alguém pagará por isto. É preciso ampliar o entendimento das “armadilhas” que vem debilitando a inteligência humana. Vislumbrar novos caminhos que possam preencher melhor a incontida ânsia do homem na busca do amor. Bem mais grave que a transgressão e a derrubada de valores, é a perda de si mesmo.
Mariu Cerchi
Educadora