Dia 20 de novembro comemora-se o Dia da Consciência Negra.
A data foi escolhida pelo Movimento Negro em contraposição ao 13 de maio dia da abolição da escravatura e é uma homenagem a Zumbi dos Palmares, que faleceu neste dia. Zumbi foi o líder do Quilombo dos Palmares,que é considerado o maior foco de resistência negra à escravidão no Brasil.
Mais de três séculos após a sua morte, constata-se que o racismo não deixou de existir, ou de se manifestar cruelmente. Na verdade, a opressão de cor somente modernizou-se, assim como a sociedade da opressão modernizou suas formas de dominação durante os anos.
Tal data é comemorada hoje em muitas cidades brasileiras.
Seu significado é o de dizer que a raiz do preconceito e da discriminação está na imposição duradoura de uma cultura excludente e intolerante.
A palavra “raça” surgiu nos finais do século 15 para designar as famílias reinantesna Europa. Sinônimo de linhagem, e que demorou mais de 200 anos para ganhar outro sentido:grupo que se diferenciava por um conjunto de caracteres hereditários.
Em Portugal, no século 18, não constava dos dicionários, embora os descendentes de judeus considerados gente de “raça infecta”, fossem proibidos de ter acesso a cargos públicos.
No Brasil, tais concepções chegaram tarde.
A simples introdução da categoria “cor” nos censos do império gerou protestos,e apenas no final do século é que, intelectuais brasileiros se interessaram pelo tema.
O anti-racismo tem diferentes respostaspara o que deve ser a consciência negra.
Ter consciência negra, significa compreender que as diferenças não significam inferioridade.
Ter consciência negra, significa que ser negro não significa defeito, significa apenas pertencer a uma raça que não é pior e nem melhor que outra, e sim, igual.
Ter consciência negra, significa compreender que não se trata de passar da posição de explorados a exploradores e sim lutar, junto com os demais oprimidos, para fundar uma sociedade, onde todos tenham, na prática, iguais direitos e iguais deveres, e sobretudo, respeito mútuo.
Ter consciência negra, significa compreender que para ter tal consciência, não basta ser negro e até se achar bonito, e sim que, além disso, sinta necessidade de lutar contra as discriminações raciais, sociais e sexuais, onde quer que se manifestem.
A sociedade brasileira está em plena transformação. Não somos racistas, mas sim, fazedores de preconceitos.
Alimentamos intolerâncias, estranhamos o “outro”, diferente na cor, na religião, na condição econômica.
Por isto, muitos, lamentavelmente, olham com desconfiança quem não é como eles.
O foco das diferenças encarnadas nas minorias,ajuda passar em silêncio uma característica das sociedades de massa: a grande uniformidade dos modos de vida.
Nós como os outros, temos hoje, muito mais coisas em comum, do que diferenças.
Portanto, infelizmente, temos de admitir, ainda, em pleno século XXI, que:
“Enquanto cor da pele for mais importante do que o brilho dos olhos, haverá guerra”.
Louvemos, pois, o Dia da Consciência Negra!
Dra. Ivone Regina