Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Bondade

Edição n° 1221 - 03 Setembro 2010

Tenho me encontrado freqüentemente com a bondade e, a cada encontro, acrescento um pouco mais do meu entendimento sobre a dimensão altruísta desse sentimento. Altruísta, sim, pois inteiramente debruçada sobre esse lado humano, cultivado, cuidadosamente, nas mais nobres esferas do coração. Explicar ou teorizar sobre a bondade é tarefa difícil principalmente por esbarrarmos na sua transcendência.  

Sei que a bondade se diferencia de outros sentimentos nobres, por exemplo, ela não é gentileza, talvez até tenha um pouco disso, pois, embora importante, a gentileza cumpre mais com sua função social; a bondade, não é solidariedade – pode  até assemelhar-se  um pouco à bondade, mas vai um pouco além. Tem um pouco de compaixão, mas ultrapassa esse sentimento por não ficar estacionada na dor pelo sofrimento alheio. Não pode ser compreendida como a ausência da maldade, admiti-la assim seria diminuir a sua dimensão de entrega. Ela não se explica pela religiosidade, pois existem pessoas religiosas que não são bondosas enquanto outras,  não religiosas são profundamente bondosas. A bondade, portanto, é quase in - definível; contém elementos de todos esses nobres sentimentos humanos, mas , conforme já disse, vai além.  Como compreender, portanto, bondade?  Nessa busca do seu significado, encontro a definição que, no meu modo de ver, satisfaz o meu entendimento: “Bondade é a disposição permanente de uma pessoa em não fazer o mal, em não prejudicar.”... É uma manifestação do espírito, fruto da grandeza da alma.” A bondade, portanto, é magnânima, complacente, benevolente, indulgente – pródiga  em fazer o bem. É generosa, abundante, incansável.É silenciosa, não ostenta. “Vasculha” o que o outro precisa e o provê. Sendo um atributo do espírito, ela se harmoniza com o Bem maior que é Deus. 

No evangelho de Lucas, capítulo 10,25-37, através da parábola do Bom Samaritano, Jesus explica, passo a passo, os caminhos da bondade. Nessa passagem, o Samaritano não fica paralisado na compaixão - faz o que precisa ser feito: acolhe o enfermo, derrama azeite e vinho sobre os seus ferimentos, leva-o a uma hospedaria, deixa-lhe recursos para as despesas comprometendo-se que, ao voltar da sua viagem, pagaria ao estalajadeiro tudo o que excedera ao valor deixado por ele. Assim  é a bondade- irradiante no seu esplendor. 

Lamentavelmente, os meios de comunicação raramente mostram  gestos de bondade, ao contrário, o que costumam fazer, é  divulgar, para o mundo todo,  detalhadamente, toda a malvadez que o ser humano é capaz de praticar.  No entanto, indiferente a tudo isso, lá, no mais profundo recôndito da alma humana, a bondade, através do amor oblativo, continua a acontecer.