A vontade soberana do povo está manifestada. O povo sacramentano comemora a sua vontade para os próximos quatro anos, ao final do momento mais democrático da história do pais, o do voto, o de eleger seus governantes.
Há exatamente um ano e três dias publicamos um texto semelhante a este, na edição especial da eleições de 3 de outubro de 2004. O tempo passou, novas eleições chegaram, mas o texto continua atualíssimo, porque venceu mais uma vez a democracia, a vontade do povo e desta feita entre três candidatos a prefeito, Baguá, Biro e Joaquim, para pouco mais de 17 mil eleitores. E foi com fogos, gritos, vivas, lágrimas de alegria, abraços que Sacramento viu consolidada a democracia.
Uma das primeiras definições de democracia de que se tem notícias foi feita por Aristóteles (384-322 a.C). Posteriormente, a democracia é apresentada por Platão, na sua “República”, como a “menos má das formas más”, porque nela os poderes encontram-se pulverizados. E depois de esquecida por muito tempo, foi retomada no século XVIII, proposta por Montesquieu (Executivo, Legislativo e Judiciário). A noção de “soberania popular”, da Idade Média, segundo a qual “todo poder emana do povo”, eles inventaram uma forma de governo que também chamaram de República (res pública = coisa pública).
Mas dadas as grandes diferenças existentes entre as democracias adotadas em diversos países, alguns pensadores políticos tentaram chegar a uma definição mínima de democracia que pudesse ser aplicada a todas as suas formas. Chegaram, então, à idéia de uma democracia participativa, visto termos dentro da atual estrutura social, a existência de dois mundos, duas esferas: de um lado, a esfera do poder, exercido pelos governantes e de outro, a comunidade de cidadãos. Assim, ao fazermos a nossa escolha, precisamos verificar se o candidato que pretendemos eleger, de fato, identifica-se com nossas idéias e se será capaz de traduzi-las em ações concretas, que melhorem a vida da comunidade, e ajudem a prosperidade, cultivando paz e justiça.
E por certo foi com esse sentimento que o povo sacramentano foi às urnas, visando à melhoria da saúde, da educação, da moradia, da geração de empregos e renda, de lazer, da dignidade... Não queremos crer que alguém tenha ido às urnas por interesses próprios ou porque alguém lhe comprou o voto com cesta básica, porta, telha, dinheiro, porque este é um tempo em que o povo aprendeu a lição de que oportunidades têm que ser dadas a todos; aprenderam a lição de que se pode construir para todos visando acabar com a pobreza que tanto marginaliza, e que então só é lembrada por ocasião das eleições. Há, inclusive, quem questione, o que farão muitos políticos quando acabarem is pobres, os desempregados, os analfabetos, os sem teto, os eleitores inescrupulosos...
A democracia venceu. A democracia na cidade, a partir de agora, não tem cor e não tem número. Não será verde, vermelha ou azul, mas será da cor da esperança de todo o povo. Cessaram as ideologias em prol do bem comum, do bem de todos os 17.611 eleitores e de todos os cerca de 22 mil habitantes do município. E, há que se ressaltar ainda que, para que a democracia impere em todos is cantos da cidade, há que se vencer também as intrigas e divergências entre famílias, vizinhos, amigos, irmãos de sangue,d e raça e de credo,d e padres e leigos. Há que se vencer todas as animosidades, afim de que continuemos a ter a feli(z)cidade a que sempre almejamos.
E, duvido que os grandes pensadores políticos não tenham pensado nesse tipo de democracia também, essa que começa em casa, na família, no trabalho, na escola, nas ruas, porque é lá que começa o poder do povo, que no dia das Eleições exercita o seu direito de cidadão em sua plenitude.
(*) Maria Elena de Jesus é professora pos graduada em Língua Portuguesa.