Os moçambiqueiros e congadeiros de Sacramento e cidades vizinhas reuniram-se no último domingo, 22, para dançar, cantar e louvar os santos padroeiros da raça negra, Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Nossa Senhora Aparecida, num encontro regional, que já se tornou tradição. Coordenado pela Associação dos Ternos de Congada e Moçambique de Sacramento, presidida por Antonio Francisco Porto, e mais dez festeiros coroados anualmente, o encontro vem crescendo a cada ano. “Hoje a festa conta com muitos festeiros e a cada ano cresce mais e mais o número de visitantes”, avalia o presidente.
A cidade recebeu a visita de de15 ternos, vindos das cidades de Uberaba (9 ternos), Franca (4 ternos), Brotas e Santo Antonio da Alegria (cada uma com um terno), que se reuniram no salão de festas do Chafariz, para saudar os padroeiros, depois nas casas dos festeiros para o almoço e, às 15h30, seguiram para a Igreja de Nossa senhora do Rosário, onde participaram da missa de encerramento.
Ao presidente cabe toda a organização da festa, mas os ternos de Congado e Moçambique têm seus capitães e um deles é Cláudio Inácio dos Santos, que estreou como capitão do Moçambique e se confessa satisfeito em poder manter a tradição. “O Moçambique vem de muitos anos, foi resgatado pelo meu avô, e continuamos mantendo a tradição e queremos passá-la para as futuras gerações”, disse.
Sebastião Inácio dos Santos é o rei do Congado ao lado de sua mãe, Antonia. “Meu pai, Divino Inácio, era o rei, na falta dele, o lugar passou para mim e agora vai acontecendo a sucessão.
Antigamente, era o rei e a rainha, com a evolução surgiu a associação com uma diretoria, foi a democracia que chegou na Congada, mas o cargo de rei, rainha e princesas continuam”, explica, acrescentando que o atual terno de Congada existe há mais de 30 anos. “Antes do meu pai, tinha Congada na cidade, era chamada de Congada do Santana, mas depois acabou. Aí meu pai reergueu o terno. Eram tempos difíceis, tinham que pagar pra sair na rua, pagava o vigário pra celebrar missa, mas graças a Deus, no tempo do padre Júlio, a gente parou de ter que pagar pra celebrar e aí as coisas foram melhorando. Mas a gente nunca esquece que essa liberdade quem nos deu foi o padre Julio, que nos incentivava muito. Hoje saímos livres na rua, dançamos, cantamos e mantemos a tradição”, afirma. E Antonio Francisco emenda: “O presidente é o coordenador de tudo, ajudado pelos festeiros. O rei, rainha, capitães ficam encarregados das apresentações. Aqui é uma soma de esforços de todos para manter a tradição”, concluiu.
Festa tem data fixa: 4º domingo de outubro
O 4º domingo de outubro é a data fixada para o encontro anual dos congadeiros e moçambiqueiros da cidade. “Agora temos uma data fixa no calendário, o quarto domingo do mês de outubro, fixar a data foi bom, porque fica esse dia reservado, as outras cidades já ficam sabendo. A cada ano que passa as coisas vão melhorando”, informa o presidente do terno, Antônio Francisco.
Para a realização da festa, a diretoria e festeiros contaram com da comunidade. “Foram servidas mais de 800 refeições e a população ajudou com muitas doações, teve ajuda da Secretaria Municipal de Cultura, que colaborou com o empréstimo de aparelho de som e doou quatro caixas de fogos. A maior dificuldade que tivemos foi com água. Das 30 caixas de copos de água, solicitadas ao SAAE, foram doadas apenas oito, aí os participantes da festa ou compravam água ou ficavam com sede”, desabafa o presidente Antonio Francisco, que apesar das dificuldades se sentiu realizado com o sucesso da festa.