A diretoria do Treze de Maio Futebol Clube convocou assembléia no dia 10 de janeiro, às 20h00, para discutir o assunto. Representantes da comunidade compareceram à reunião, que iniciou com as explicações do presidente Renato Candido Fontes, sobre a proposta do prefeito Joaquim Rosa Pinheiro em construir na área do clube uma vila olímpica. A partir daí várias pessoas opinaram e questionaram, mantendo sempre firme a posição da manutenção do patrimônio.
Uma das opiniões que mais convenceu os presentes foi a do velho guerreiro Macalé, quando argumentou: "É bom que todos saibam, uma vila olímpica é aberta para todos, é uma coisa pública, se fizerem uma vila olímpica aqui, não vamos ter um local nosso, até o nosso campo vai sair daqui. O prefeito quer fazer uma obra bonita, que sirva aos bairros adjacentes utilizando uma propriedade particular, não podemos permitir. Este patrimônio é nosso. Ainda tenho as notas promissórias do pagamento feito. Pagamos com o suor de nosso rosto. Ele quer construir a vila olímpica no bairro, ótimo, será bem-vinda. Vamos todos usar, vai estar aberta a todos. Mas se for aqui, vamos perder, além de nosso patrimônio, nossa história", disse.
Outras pessoas usaram a palavra, sempre voltando a tempos anteriores, recordando as promessas e a falta de apoio e defendendo o patrimônio. E todos, por unanimidade, foram a favor das melhorias no campo, conforme promessas feitas, mas não abrem mão do patrimônio. “Todos aqui somos a favor da vila olímpica no bairro, mas se for aqui, que o campo permaneça oficial e todas as benfeitorias sejam incorporadas ao patrimônio do 13 de Maio, ou então que se faça noutro local”, disse Macalé.
O Treze de Maio em documentos
Oficialmente, o Treze de Maio Futebol Clube foi fundado em 15 de junho de 1959, conforme cópia da "ata de fundação do XII de Maio Foot-Bol Club e aprovação dos seus estatutos", mas segundo Benedito Roberto Ferreira, Macalé, o Treze de Maio já existia. "Nessa data foi oficializado", disse, mostrando os papéis amarelecidos, cuidadosamente guardados numa pasta.
A primeira diretoria do XIII de Maio Foot-Bol Club (grafado conforme registro da ata) foi composta por: Presidente: Azor Pereira Guimarães, Vice-presidente: José Tertuliano Silva (Zé Bertulino); 1º secretário: José Bendito dos Santos (Zé Pretinho); 2º secretário: Arnaldo José da Silva; 1º tesoureiro: Desidério Alcides Nascimento; 2º tesoureiro: Alzamor Ferreira; Diretor Esportivo: José Francisco Pereira (Curtume), Auxiliar: Antonio Eugenio dos Santos (Capoeira); Fiscal Geral: Eurípedes Custodio (Badiquinho); Auxiliar: Antonio Francisco Pereira (Cabeleira); Zelador: Matuzalém Ferreira (Tutim) e Auxiliar: Sebastião Gomes da Silva.
Outros nomes aparecem na ata, que foi assinada por todos os presentes: João Miguel de Queiroz, Lucia Vieira Guimarães, Vilquer Vinor, Benedita Antonia dos Santos, Dario Cardoso, Abadio Anselmo, Miguel Salomão Jacob, Benedito Roberto Ferreira, Thomas Abrate, Lamartine Aleixo dos Santos.
O terreno do Treze de Maio tem área de 14.718 m2
Benedito Roberto Ferreira, Macalé, um dos fundadores do Treze de Maio Futebol Clube, comprova através de alguns documentos a posse do patrimônio: notas promissórias no valor de sete mil cruzeiros em nome de Elder Domingos Lopes, datados de novembro e dezembro de 1961; e janeiro, março e maio de 1962 e um memorial descritivo, assinado pelos advogados, Luiz Rodrigues de Souza e Efrém de Souza Vieira, datado de 26 de novembro de 1985, que foi protocolado no Cartório sob o nº 23.78/85, no dia 27 de novembro.
Pelo documento, a diretoria, alega posse do imóvel e requer assistência judiciária e isenção do pagamento das custas processuais e taxa judiciária para o registro do terreno, alegando ser entidade reconhecida de utilidade publica. O documento traz a descrição métrica do terreno e seus confrontantes, o rol de testemunhas e o parecer favorável do Juiz Rui da Matta Costa.
Conforme o documento, a área total do terreno do Treze de Maio Futebol Clube é de 14.718 m2, sendo 14.673.00 m2 de área livre e 45 m2 de área construída. Segundo Macalé, a área construída era de um vestiário que servia o campo. “Mais tarde houve também uma permuta com a família Bonetti”, lembrou mais.