Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Comerciantes revoltados contra Feira de Goiânia

Uma feira de roupas de malha e jeans da Expo Goiânia Fashion, que esteve em Sacramento nos dias 10 e 11 de novembro, causou revolta em vários comerciantes da cidade. A reclamação da maioria foi em torno da concorrência, da legalidade discutida da feira e de como a Prefeitura e a Aciapss aprovam esse tipo de comércio. A tônica da maioria dos comerciantes foi a mesma: “Nós recolhemos impostos mensalmente, temos firmas registradas e pagamos todos os tributos, municipais, estaduais e federais. Compramos sempre em lojas de varejo que também recolhem seus impostos. Não compramos direto da fábrica. Isso é um absurdo”, denunciaram, identificando-se, mas pedindo para não revelar o nome.

Conforme informações de Gisele de Carvalho Gonçalves, coordenadora da Feira, foram trazidas cerca de 18 mil peças de roupas a preços que variavam entre R$ 5,00 a R$ 40,00. “A Feira da Lua vem direto da fábrica, de Goiânia, roupas confeccionadas por nós mesmos, por isso os preços são tão acessíveis. Todos os feirantes somos funcionários da fábrica e durante todo o ano saímos com a feira pelos estados de Minas, Goiás, Bahia e outros estados do Nordeste. O nosso alvo é a população mais carente, por isso os preços são bem mais baixos”, explica.
Sobre a legalidade da Feira, Gisele afirma que tudo está dentro da lei. “Não somos caloteiros. Tudo funciona dentro da lei. Requisitamos o espaço junto à prefeitura e pagamos a taxa. Com autorização da prefeitura, alugamos o espaço da Pacheco´s Dance Bar. Com relação aos impostos, pagamos a diferença da alíquota, porque em Goiás é 12% em Minas é 18% e montamos a feira”, explica.

Mas na avaliação de Gisele, a receptividade do sacramentano foi aquém do esperado. “Foram 18 horas de propaganda de rua, 120 inserções em rádios, mas não tivemos o retorno esperado, o povo não compareceu e não comprou o que esperávamos, porque a nossa mercadoria é voltada para pessoas de baixa renda. Estamos com 33 bancas e 66 vendedores, se não tivermos prejuízo, vai empatar”, diz, informando que não há data prevista para voltar a Sacramento. “Estamos com a agenda cheia até meados de 2007, não há data prevista para voltar mos aqui”,concluiu.

Aciapss confirma legalidade

O presidente da Aciapss, Marcos Jerônimo Borges confirmou a legalidade do comércio feito pelos feirantes no Pachecão. “Recebemos inúmeros questionamentos do comércio local, mas não podemos fazer nada. Foi tudo legal. Como estavam com a documentação em ordem a prefeitura não pôde negar a autorização. Se o prefeito negar a autorização e a Feira entrar com um pedido de liminar eles ganham na hora, é um direito que eles têm”, afirmou o presidente.
Para Jerônimo que também é vereador, o que pode ser feito é dificultar a entrada desse tipo de comércio na cidade. “Num pedido feito na última reunião pedimos medidas para dificultar a entrada dessas feiras, mas não podemos impedir como os comerciantes querem”, explica.
Pessoas que se encontravam na feira, na sexta-feira garantem que os organizadores foram multados pela Receita Estadual. Buscadas informações junto a chefe da AF local, Carlos Eduardo Pavanelli de Araújo, fomos informados de que fiscais do Estado estiveram no local fiscalizando, mas Pavanelli não informa se houve ou não a multa. “Há o sigilo fiscal e não compete a mim dar informações desse tipo. O que posso confirmar é que os fiscais vieram para fiscalizar a feira, fizeram o seu trabalho, mas quanto a multa eu não sei se houve. Não é minha competência”, diz.
Já os compradores falaram bem da feira. “Vale a pena. A qualidade das roupas é boa e os preços são, realmente, bem acessíveis”, disse a jovem sem se identificar, levando duas blusas e uma calça jeans.