Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

O Carnaval na festa do bicentenário

Edição nº 1716 - 28 de Fevereiro de 2020

Neste ano em que Sacramento comemora seu bicentenário, em um só bloco, todos aqueles que fizeram e fazem parte da história do carnaval, que teve início com Rute e Conceição Guimarães, levaram alegria ao grande público que prestigiou e aplaudiu, na noite do sábado 22, a 'Escola de Samba dos 200 Anos'. Foram momentos ímpares de recordação e muita emoção, para quem desfilava e quem assistia. 

 Oficializado em 1978, pelo então prefeito José Alberto Bernardes Borges, o carnaval de rua passou a fazer parte do calendário dos festejos da cidade e as escolas de samba a concorrerem a troféus. E assim foi por 37 anos, muito samba no pé, muito brilho e muita alegria, num carnaval que ficou consagrado como um dos melhores da região. 

Desses, muitos já se foram, Azor, Bigico, Carabina, Cachimbeiro, Curtume, Cirene, Desidério, os irmãos Caiana Mané, Tonico e Tião, Mané Luzia, Noninho, Besouro, Epaminondas (Sabonetão), Reinaldão, Macalé, Izinha, Eva, Iraci, Roxa (Luzia), Rita..., mas que permanecerão para sempre nos anais da história, muitas delas caricaturadas pela pena artística de nosso artista Denis Balduíno, compondo o cenário da avenida do Samba (Rio Branco). O enredo não podia ser outro, 'Sacramento, 200 anos de Paz e Amor'. Nesses dois séculos de existência, nas pessoas dessas personalidades retratadas com painéis na avenida, o Governo Municipal, através da Comissão Organizadora do Carnaval de 2020, homenageou milhares de foliões e folionas, presidentes e presidentas de escolas, mestres e ritmistas, pierrôs e colombinas que uma noite pisaram na passarela do samba.


Emoção e aplausos do  início ao fim da avenida

O Rei Momo Diego Olenik e a rainha Meiryele, Gomes, filha da rainha do Carnaval 2000, Cintia Missana receberam, respectivamente, a chave da cidade e a faixa do Prefeito Wesley De Santi de Melo que, ao lado da primeira dama Maria Tereza Abrate Melo declarou abertos os festejos do ano em que Sacramento completa 200 anos, desde que o fundador Cônego Hermógenes de Cassimiro de Araújo Brunswick celebrou a primeira missa na Capela do Santíssimo Sacramento, em 24 de agosto de 1820.

 O cortejo, ao som da Bateria 2000, prosseguiu com uma figura antológica na história do carnaval sacramentano, Antônio Claret Scalon, o Polaco, que por tantos anos esteve à frente da organização do carnaval na cidade. Numa cadeira de rodas empurrada pela neta Flávia Schiffini, foi a mais pura emoção diante de tantos aplausos. Aliás, emoção e fotos não faltaram desde o momento em que chegou à concentração.  E se Polaco estava lá, a animadíssima esposa Valéria, que sempre o acompanhou nessa longa aventura momesca, desfilou numa das alas.

  Completando a corte, os reis momos Murilo Scalon Correia  e José Eustáquio da Silva (Tacão) e 14  rainhas dos carnavais passados: Sílvia Raquel Pinheiro, Patrícia, Rossana Crispim, Simone Camilo, Andreza, Mileia Scalon, Grabriela  Justino, Ana Flávia,  Taciane Polastrine, Kelly Gonçalves, Jussânia, Josy, Caprice Borges e Cíntia, acompanhados daquela  que os vestiu. Antonina Florentino, a Purunga, que por 22 anos foi a responsável pela confecção das vestes dos reis e rainhas do carnaval. 

 Um grupo de jovens dançarinos, o Mix Dance, foi a comissão de frente, seguido pela porta-bandeira, a também inesquecível Dalva Maria da Silva, a quem coube a honra de desfilar com a Bandeira dos 200 Anos, tendo como mestre-sala, o sobrinho Vítor.

 Ao longo do desfile, entre uma ala e outra, seguiram-se outras sete porta-bandeiras e alguns mestre-salas portando o estandarte dos 200 Anos: Adriana Rosa e Davi; Maria Lúcia e Luiz Pedro; Geórgia Bonatti e Jean Rodrigo;  Irinez e Helder;  Débora, Eliana, Lúcia Morlim e Leandra.

 O desfile seguiu com as campeãs em comissão de frentes, “As Gracietes”, com as irmãs Balbino,  Graciene, Rosimary, Lucimar e Luciene, e Sandra Silva.

 A ala dos presidentes das escolas de samba nesses 37 anos também tomou conta dos aplausos da avenida quando entrou na avenida no carro alegórico, 'A corte em festa', com as destaques, Lílian e Heliana e os ex-presidentes da 13 de Maio e Acadêmicos do Borá, respectivamente, Dayse Silvana Maluf Paulino da Costa e o casal Nicanor de Souza e Terezinha Silva. Avelu Silva Araújo, da Mocidade Alegre Sacramenana, optou por fazer todo o trajeto a pé, assim como o ex-presidente da Operários Cícero Salatiel e da Unidos do Areião, participação do ex-presidente Célio Gomes de Menezes. O público sentiu falta de César Donizete de Oliveira, da Beija-Flor;  mas sua esposa  Meire Idualte desfilou com destaque encerrando o desfile e, dos animadíssimos Catão e Juscelaine, fundadores da  Tradição Sacramentana, bem como  dos ex-presidentes, Luiz Antônio Gonçalves e Elzinha, da Unidos da Estação. 

 A ala 'Escolas de Samba' reuniu foliões e folionas das diversas escolas da cidade, com destaque para Domingos Bernardes, com a fantasia, Arlequim. Outros destaques premiadíssimos também estiveram no desfile, Nayan Idualte, com a fantasia, 'Nas asas de um sonho', ao lado de Alessandra Rosa, Vitor Bonetti, Luiz Alberto e Rosemary  Idualte, todos com suas inesquecíveis fantasias.

 Na ala 'As Sabonecretes', organizada por Tata Bernardes e Nohad Ayache, numa bela homenagem ao saudoso casal,  Sabonetão e Cora, muita gente matou a saudade da passarela do samba. 

 A homenagem ao Rei Azor, que não poderia faltar, foi apresentada através do carro alegórico, 'O Samba', que trouxe como destaque Eliza Mirthes, no sábado e Fabíola Vieira, na terça-feira e a Rainha Nacional do Milho, Danielle Andrade.

 O desfile prosseguiu com a 'Ala dos Foliões', grupo que reuniu diversos integrantes de escolas, seguido pelas alas, 'Madrinhas de Bateria', formada por Lucília, Cristiane, Layla, Poliana, Pauliana, Bia, Yeda, Raquel e Aguione e 'Passistas', que contou com a participação dos passistas hours concurs, Tiola e Zezé Nascimento, filha da inesquecível baiana Eva.

 

 O penúltimo carro alegórico homenageou Conceição, uma das pioneiras do Carnaval de Rua de Sacramento, que teve como destaque, Adriely Ferreira, seguido pelas alas azul e branco, 'Ribeirão Borá' e 'das Baianas'. Encerrando o desfile, o carro com a eterna destaque, Meire Idualte.

 

Três baterias animaram o público...

Três baterias com 200 ritmistas, divididas entre as alas da escola, animaram o desfile e o grande público da avenida:  Bateria 2000, Bateria Alegria do Samba, com o Bloco do R 10 e Bateria Verde Branco, com o Bloco Bar do ET.

 A Bateria 2000, comandada por Marcelo Alves dos Santos (Marcelinho do Adão), embalada pela madrinha Juliane Cristina estava composta por 75 ritmistas e um grupo de dança com cerca de 70 jovens fazendo a coreografia de abertura do desfile, deu um show de ritmo.  

“Reunimos ritmistas de todas as escolas, temos seis mestres de bateria no grupo. Foram 40 dias de ensaios, resgatamos os tamborins pra trazer uma coisa bonita para a avenida, afinal todos gostamos do carnaval. Era muita gente desfilando, não nos informaram que era pra fazer o recuo, até porque eram três baterias pra fazer o desfile, mas infelizmente não deu certo e para piorar não tem nem caixas de som neste trecho”, explica, elogiando: “foi um resgate muito bom”. 

A Bateria Alegria do Samba composta pelo Bloco do R10, comandada pelo mestre  Wallace Alves Lopes    encheu de alegria o público, que aplaudiu com entusiasmo. E, para completar a marcação e encerrar o desfile da Escola de Samba dos 200 Anos, a terceira bateria entrou na pista, a Verde Branco, composta pelo Bloco do Bar do ET (Marciano Ferraz), sob a batuta do mestre Anderson Macalé e outros.  

 

Blocos tradicionais encerram o desfile

E logo entraram na avenida os blocos As Robertas e a As Virgens; o bloco dos 'Professores' vestido de preto com faixas de protesto para chamar a atenção do público pela situação dos servidores da Educação do Estado de Minas Gerais. E o bloco 'Vai  Quem Quer', que completaria  40 anos de avenida não fossem os dois anos sem carnaval na cidade.  O bloco organizado por Elaine Scalon e Leslie Cruvinel estreou na passarela em 1980 e conforme os fundadores na época, o objetivo do bloco era reunir o 'povão', todo mundo sambando e assim o bloco segue até os dias atuais. Assim que passa, os responsáveis já vão abrindo a avenida.

 

Foliões mirins recebem troféus e medalhas

A galerinha teve uma animada matinê no domingo e terça-feira de carnaval, com direito até a troféus de destaque para os baixinhos que desfilaram beleza, graciosidade e muita criatividade, nas categorias entre 1 a 12 anos. 

Na categoria, até 2 anos, foram premiados: Ana Laura Mendonça (campeã), Benício Bertolucci Devós (2º lugar) e  Kael Joaquim (3º lugar);

De 2 a 3: Miguel Adrian (campeão); Pietra Assunção (2º lugar); Cecília Cassemiro (3º lugar); 

 De 4 a 5 anos: Rosangela Antônia (campeã); Lovenia Silva (2º lugar); Camile Bonatti (3º lugar);  

De 6 a 8 anos: Kiara Evillany (campeã); Arthur (2º lugar); Maria Júlia (3º lugar).  

De 9 a 12 anos desfilaram: Luna Camila, Mateus Mião, Carolina Faria, João Victor, Ana Bárbara, Daniely Vitória, Luma Rafaela, Maria Vitória, Jean Gabriel, Gabriela Assis e Clara Eduarda. 

 

 

Uma noite que vai ficar na história

Dalva Maria da Silva, que se consagrou na passarela como porta-bandeira da Mocidade, Unidos da Real e Beija-Flor era a alegria em pessoa ao levar a Bandeira dos 200 Anos. “Isso é a coisa mais linda que me acontece, eu nunca esperava acontecer o que está acontecendo comigo. Quando me entregaram esta bandeira fiquei emocionada. Esta será uma noite inesquecível e agradeço a toda comissão por esta homenagem, poder carregar esta bandeira, porque nunca imaginava uma coisa dessa pra mim”. 

 Graciene Balbino, há 22 anos não desfilava na avenida, mas carregar o título de campeão de comissão de frente, ela e mais três Balbinos, Rosimary, Lucimar e Luciene, e mais Sandra Silva.  “É uma grande emoção poder desfilar para mostrar para os jovens o que foi o carnaval e o exemplo  de se brincar um carnaval saudável e por amor. Fiquei muito feliz com o convite e aceitei na hora. Foi maravilhoso”, afirma, lamentando a ausência de Karlova, que completava a comissão. 

 Dayse Silvana Maluf Paulino da Costa, ex-presidenta da 13 de Maio, desfilou num carro ao lado de Nicanor de Souza e Terezinha Silva e comemorou. “Gosto de carnaval e sempre fiquei na avenida olhando as escolas passarem e esta é a primeira vez que desfilo. Quando recebi o convite, me enchi de alegria e, para mim, foi importante poder participar deste desfile nos 200 Anos de Sacramento, cidade que eu amo”.

 Lucília Cristiane da Silva, que já brilhou na passarela como madrinha de bateria, voltou à passarela depois de 16 anos. “Muito feliz e vou como madrinha de bateria da Unidos do Areião.  Quando me chamaram, meu coração bateu forte e vou sambar na avenida toda”, disse ao lado da mãe, Maria Luiza do Nascimento, que desfilou de baiana.

 Avelu Araújo Silva que inovou o carnaval sacramentano ao fundar a Mocidade Alegre Sacramentana, em 1978; que conquistou sete títulos, dentre eles o Troféu Conceição e que fez o último desfile em 1995, garante que o coração continua azul e branco. “Meu coração foi e é azul e branco, por isso estou aqui com minha sobrinha. Fui um dos que começou o carnaval como ele era até pouco tempo. Foi um tempo muito bom e me orgulho de a minha escola ter conquistado o Troféu Conceição”.

 Darcy Inácio, sempre desfilou pela Beija-Flor, desde os cinco anos, e lá estava como destaque, pela sua escola. “Comecei com cinco anos e foram dez anos desfilando, depois parou tudo. Se as escolas de samba voltarem eu volto na Beija-Flor e com tudo. Estou muito feliz pelo convite para participar deste desfile”.

 Mercedes, a porta-bandeira dos blocos, 'As Virgens e As Robertas', só se identificou como Mercedes para a alegria dos amigos, que comemoraram a volta. “Estou estreando na avenida, tem muita gente nova no grupo, porque não pode acabar.” 

 Domingos Bernardes, tricampeão como destaque pela Escola de Samba Operários, desfilou com uma belíssima fantasia de Arlequim. “Meu último desfile pela Operários foi em 1992 e, em 2012, saí pela Unidos do Areião. E agora, neste Carnaval dos 200 Anos, estou aqui muito feliz, porque adoro carnaval. Enche-me de alegria estar na passarela mais uma vez”.

 Antonina Florentino (Purunga), rodeada por 14 rainhas do carnaval e dois reis momos se confessa muito feliz. “Foram 22 anos confeccionando as roupas de Rei Momo e Rainha. No começo, eu até costurava para alguns blocos, mas era muito serviço e preferi ficar só com reis e rainhas e cada um que eu vestia era uma felicidade. Agora me chamaram para desfilar, na hora achei estranho, porque nunca desfilei, mas vim por causa das meninas. E confesso que foi emocionante ver o carinho de todos. E fiquei muito emocionada ao ver o Polaco, foram muitos anos trabalhando juntos”.

 Para Simone Camilo, rainha dos carnavais de 2001, 2004 e 2008, desfilar ao lado daquela que as vestiu por tanto tempo, foi tudo de bom. “Foi uma grande honra e um presente e acredito que para todas nós”, afirma. Ao ser questionada sobre os belos salto altos e finos que usava, a resposta veio de pronto com uma boa risada: “O tempo vai passando, a idade vem chegando e o salto baixando”.  

 Meiryele, Gomes estreou na passarela como rainha do Carnaval 2020, com o também estreante, Diego Olenik. Ela é filha da Rainha do Carnaval de 2000, Cíntia Missana. “Fiquei muito feliz por estar no lugar que minha mãe esteve em 2000, e eu nem existia ainda”, afirma, e Diego completa: “E eu sempre sonhei em ser Rei Momo”. 

 José Eustáquio da Silva Jr, Rei Momo, que fez o último desfile em 2015 elogiou o resgate do carnaval. “Muito bom, a gente sente saudade da avenida e é bom para as pessoas recordarem, rever os amigos, foliões e folionas. O tempo passou, e como estou mais 'cheinho', o convite foi aceito na hora”.

 Maria Flávia Afonso Bernardes (Tata), com as amigas, Nohad Ayache e Lília, resgataram as 'Sabonecretes' (o termo vem do saudoso Sabonetão, Epaminondas Bernardes, pai de Tata) e desfilaram com animação total. “São alguns anos longe da avenida, mas o Bloco do Sabonete viverá eternamente. E quando recebemos o convite, foi maravilhoso. Foi vapt vupt  pra organizar. Meus pais devem estar vibrando... Aliás, ele está vibrando desde o dia que colocaram a caricatura dele bem em frente a nossa casa, é eterno”, afirma ao lado do marido, Marcelo Franco, que revela ter feito a corneta usada por Sabonetão há 45 anos. E Nohad com sua simpatia completa: “Não perco um carnaval em Sacramento. Só parei quando o carnaval parou, voltou o carnaval eu voltei também e agora voltamos com as Sabonecretes”.  

 Adriana Rosa, que este ano confeccionou a roupa da atual rainha Meyryele, das ex-rainhas e reis momos,  é  uma das idealizadora do Cordão Samba Sacra, em 2019,  voltou à passarela como porta-bandeira e com as cores da sua escola do coração, a verde e branco, 13 de Maio. “Estou muito lisonjeada por ser uma das personalidades homenageadas e feliz por ver tantas pessoas que têm paixão pelo carnaval na avenida. No ano passado plantamos a sementinha do Cordão e hoje vejo que ela brotou e acredito que o que está acontecendo este ano vai se repetir nos anos vindouros”. 

 Alzira Cota Franzoi é apaixonada pelo carnaval e, desde 2018, quando foi improvisado um desfile com integrantes das diversas escolas ela está na avenida e toda feliz. “Amo carnaval e quando me convidaram, aceitei na hora. Eu não conheço todas as escolas, mas achei muito importante uni-las num único desfile, é um resgate importante para as pessoas que não conhecem e uma boa recordação  para todos”.

 Maria José de Jesus veste a camisa azul e branco e lá estava prontinha para a ala das baianas. “Estou numa felicidade só, porque adoro desfilar. Comecei na Mocidade, desfilei duas vezes para a Unidos da Real, voltei para a Mocidade até ela parar, e aí segui para a Beija-Flor. Quando falaram desse desfile, meu coração bateu forte”.

 Dênis Balduíno foi o responsável pelas caricaturas de 22 personalidades e se confessa realizado como trabalho. “Foi gratificante demais, primeiramente pela responsabilidade, porque sei o peso da história de cada uma dessas personagens na construção do carnaval da cidade, por outro lado é um aprendizado a mais,  porque a gente passa a conhecer a história de cada um”, afirma e completa informando que foram pintadas 22 caricaturas, com impressão feita pelo Turkinho.

 Rodrigo Anselmo,  coordenador da Bateria Alegria do Samba (R10), revela como nasceu a bateria. “Com uma turma de amigos sugeri criarmos o Bloco R10 para homenagear Sacramento, proposta aceita, tivemos uma ajuda da prefeitura e estamos aí, com os batuqueiros todos alegres e o povo aplaudindo. E para o próximo ano, se Deus  quiser, estaremos na avenida de novo”, explica ao lado das filhas, Maria Luísa e Maria Eduarda, e da esposa Cristina Santos, que faz um apelo. 

 Rodrigo Anselmo, (...) “- Abracei o Areião como se fosse meu bairro, porque passo boa parte do meu tempo lá e, devagar vamos conseguindo as coisas. Fizemos a proposta de sair, não foi fácil, mas saímos. É muito difícil chegarem as coisas pra nós ali no Areião, o bairro mais populoso da cidade, mas as pessoas se esquecem disso. O bairro precisa de mais apoio. E quando falo em apoio, não é financeiramente, mas a presença nos nossos eventos, no dia a dia do bairro”.

 Carlos Antônio Rodrigues (Bananal), Coordenador Geral da Comissão do Carnaval, faz uma avaliação positiva do evento, afirmando que o objetivo é melhorar cada vez mais. “Procuramos fazer as coisas da melhor forma possível, com todos da organização participando ativamente. Falhas sempre há, e vão sendo corrigidas na medida em que vão surgindo. Desde sexta-feira, o teste do som e iluminação levou muita gente na avenida. Foi na verdade o pré-carnaval, muita animação. Durante o desfile, as famílias presentes, visitantes e turistas, todo mundo muito feliz, desfilando com alegria. Estamos vivendo um carnaval muito seguro e tranquilo”. 

Maria Lúcia Nascimento começou a desfilar em 1969 na 13 de Maio como passista. Depois, como porta-bandeira pela Unidos da Estação no seu único desfile em 1979, tendo como mestre-sala o marido, Luiz Pedro dos Reis. O casal se mudou para Nova Ponte e lá estreou na avenida em 1984 como campeão, e seguiram com a escola até seu último título em 1989 e, agora, retorna à passarela.  “Comecei no carnaval como passista em 1969 na 13 de Maio. Naquele tempo, a escola saía e dançava em frente às casas. Depois passou a ser só na avenida”, relata e completa: “Fiquei muito feliz com o convite, mas estou triste, porque minha mãe (dona Eva) não está aqui. Mas foi um resgate muito bom para o povo recordar”, afirma com o marido Luiz Pedro completando: “O tempo vai passando a gente cansa, mas foi muito bom participar, valeu muito a pena, porque a festa está maravilhosa”.   

 Carlos Roberto Tiola, detentor de 18 troféus como passista, comemorou a volta à avenida. “Comecei no carnaval como passista da Mocidade em 1979, eu tinha 16 anos. Dançávamos a Roxa (Luzia) e eu. Roxa (de saudosa memória) era uma grande passista, dançava demais. Depois passei a dançar com a Zezé e hoje guardo com orgulho  18 troféus. Neste carnaval do bicentenário fiquei muito satisfeito por dois motivos, por receber o convite para desfilar e por ser homenageado na avenida. Vou levar para casa a minha caricatura. Sou contra esse negócio de homenagear pessoas após sua morte. Por isso gostei demais dessa homenagem, é um reconhecimento pelo que a gente é”.   

Marciano Ferraz, ex-presidente da 13 de Maio, estava como presidente da escola no último ano de desfile na avenida, em 2014. E este ano resolveu investir na Bateria Bar do ET, mas com as cores da 13 de Maio. “Essa bateria é fruto de um trabalho voluntário. A galera sempre foi apaixonada por carnaval, por bateria. É uma tradição que vem de muitos anos e que, de repente, acabou, coisa que nunca poderia ter acontecido. Nosso carnaval era um carnaval de arrepios, de riso, de choro, uns arrepiavam, outros choravam  de emoção e a galera, que é toda do 13, vinha sentindo falta, então decidimos montar a bateria para trazer alegria para eles e o público...”. 

O campeoníssimo destaque, Luiz Alberto da Silva, membro da Comissão Organizadora do Carnaval, um dos responsáveis incumbidos de reunir os foliões e folionas para o desfile, comemorou a participação. “Quem viu o desfile são só elogios. Na minha opinião resgatou muito, trouxe muitas pessoas que há anos não vinham participar do carnaval. Infelizmente, muitos não puderam vir, algumas desfilaram só no sábado, outros vieram para o desfile na terça, mas o que vale é a festa, a união, este amor todo por Sacramento. Várias arestas foram aparadas entre as escolas de samba e saíram todos juntos, todos com um mesmo ideal na avenida, para mostrar o que foi o carnaval em Sacramento. E tomara que dessa união das escolas dê origem à Liga”, defendeu, deixando a dica: “É só deixar a vaidade de lado que as coisas acontecem, como aconteceu este resgate”.  

Edson Pontes é eletricista da Prefeitura que, com mais quatro profissionais, fez toda a iluminação da avenida e do seu entorno. “Estou na prefeitura há 35 anos e para este carnaval trabalhamos por 15 dias, fazendo toda a iluminação da Visconde do Rio Branco e das ruas do entorno, tudo com lâmpadas de Led, que já vão permanecer nos locais. Graças a Deus não houve um problema sequer com a iluminação nem na avenida nem nas demais ruas. Agora é só festa”. 

Marino José Lobato, diretor de Limpeza Urbana, com uma equipe de 22 funcionários garantiu a limpeza da passarela do samba e ruas do entorno, diariamente, a partir das 5h da madrugada. Para a limpeza, além dos 18 funcionários varredores com carrinhos, foram utilizados dois caminhões pipas e dois caminhões de suporte. 

 “Toda a equipe reunia-se às 4h45 e, às 5h da manhã iniciávamos o trabalho que se estendia até às 9h, primeiro com a varrição e coleta do lixo, seguida da lavação de todas as ruas próximas. Na quarta-feira, o serviço avançou um pouco mais, porque tivemos que aguardar a desmontagem do som, barracas, palco... E só depois veio o rescaldo final, lavando tudo de novo, finalizando com a higienização com água sanitária”, explica, elogiando a equipe. “Tenho uma equipe nota 1000, muito comprometida, sem eles não conseguiríamos isso. Eu coordeno o trabalho, mas o mérito da limpeza é deles, os artistas dessa festa são eles”, parabeniza.  

 

Eles verdadeiramente fizeram história 

O prefeito Wesley De Santi de Melo, que sempre marca presença na avenida, ao lado da esposa Maria Tereza e filhos, fez também uma avaliação positiva. “Tudo correu dentro do planejado, carnaval bonito, animado, muita gente todas as noites. É um carnaval diferente, para comemorarmos o bicentenário de Sacramento. E o carnaval tem história nessa história, porque ele se revela como um Carnaval de Personalidades”, onde pessoas que, merecidamente, estão sendo homenageada porque, verdadeiramente, fazem parte da história do nosso carnaval”, reconheceu.

 O prefeito informou que todas essas pessoas homenageadas estão recebendo do Governo Municipal, através da Comissão Organizadora dos 200 anos de Sacramento, um troféu pelo seus relevantes trabalhos e contribuição dados ao Carnaval de Rua de Sacramento. “Pessoalmente, reconhecendo que essas personalidades merecem essa homenagem, estamos entregando esses troféus em suas respectivas residências, mesmo porque seria impossível fazê-lo na passarela”, afirmou, elogiando o desfile.

 “- Fizemos um excelente resgate, o público aplaudiu, se emocionou, assim como os foliões também muito emocionados, tudo muito bonito. E não podemos deixar de destacar a segurança que está sendo feita pela Polícia Militar, que aumentou seu efetivo durante o evento, além de mais de 130 seguranças contratados pela Prefeitura, ocupando pontos estratégicos da avenida e de seu entorno, montados para essa finalidade, além do vídeo monitoramento em toda a área do carnaval e saídas da cidade”.

 Questionado sobre a volta das escolas de samba, Wesley reafirmou o que disse nos anos anteriores. “Depende das escolas. A TV Integração me fez essa mesma pergunta e a resposta é a de sempre: depende das escolas. Se quiserem criar a Liga das Escolas de Samba de Sacramento, trabalhar durante o ano, se organizarem, a Prefeitura é parceira. Aliás, deixei isso bem claro, desde o primeiro ano do nosso Governo. Portanto, como estamos num ano eleitoral, afirmo por mim, e continuo afirmando, a volta do desfile depende das próprias escolas tendo a Prefeitura como parceira.

 

Carnaval seguro apontou apenas duas ocorrências policiais

O comandante da 184 Cia PM, Tenente Milton Maffessoni Júnior, ao fazer à imprensa o balanço das ocorrências policiais em Sacramento registradas no período de carnaval, apontou apenas duas infrações. Foi o carnaval mais tranquilo de todos os anos, na avaliação do ET ao comparar com anos anteriores.

Segundo o comandante houve o registro de uma ocorrência de lesão corporal praticada por uma menor infratora contra um segurança contratado e uma ocorrência de dano a estabelecimento comercial, localizado próximo ao local do evento de carnaval. 

“Durante os cinco dias de carnaval houve alguns inícios de confusão, as quais foram interrompidas de imediato pela intervenção rápida e precisa dos policiais militares, seguranças privados e guardas municipais presentes no evento”, informa.

 Para o comandante, o trabalho conjunto da Polícia Militar, empresas de seguranças contratadas, guardas municipais, Conselho Tutelar, Corpos de Bombeiros Militares de Minas Gerais e bombeiros civis; através de suas presenças ostensiva no evento foi primordial para a segurança dos foliões. 

“Além disso, outras estratégias foram somadas aos recursos humanos empregados, tais como: instalação de câmeras de monitoramento, exclusivas no local do evento, feitas pela empresa NetTel; montagem de postos de observação e vigilância (plataformas elevadas), dando mais ostensividade e referência dos policiais militares na avenida; busca pessoal em todas as portarias de acesso ao local e banners com mensagens de segurança espalhados pela avenida. Por fim, foi montada uma operação policial nas rodovias de acesso a Sacramento durante todos os dias do evento, realizada pelas Polícias Rodoviária Militar Estadual e Polícia Militar de Meio Ambiente”. 

 

O comandante agradece a todos os funcionários da Prefeitura, dos diversos cargos, pela organização e limpeza do evento e, principalmente, à população sacramentana e visitantes que confiaram à Polícia Militar de Minas Gerais sua integridade física e a proteção de seu patrimônio.