A capivara é um animal mamífero que vive em grupos. Destaca-se por possuir corpo
robusto, musculoso e coberto por uma pelagem, geralmente, marrom.
Os amantes da natureza e dos exercícios físicos ao ar livre, como caminhadas e ciclismo que, diariamente, fazem do Parque do Ipê Renato Crema o seu local para essas práticas já acostumaram com as capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) que habitam as margens do ribeirão Borá. Sempre em pequenos grupos ora na água, ora pastando enfeitam o caudaloso córrego despertando a curiosidade dos passantes. Como são mansos e calmos chegam próximos à cerca que protege o parque e se deixam fotografar. Mas vai aqui um conselho dos naturalistas. Fique longe da capivara, aprecie, fotografe e nada de passar a mão nesse robusto mamífero que pode atingir até 1,3 m de comprimento e 60 cm de altura, com um peso que varia entre 20 a 80 quilos. Não deixe também que seu cão se aproxime do grupo ou brinque dentro do parque. O seu pelo espesso marron-escuro esconde um inimigo fatal, o carrapato, que transmite a febre maculosa, uma doença febril grave que é transmitida pela picada de carrapato. Se não tratada, causa a morte em 80% dos casos.
Conheça um pouco sobre a capivara
As capivaras são animais calmos e mansos, nativos da América do Sul. Vivem em locais próximos ao ambiente aquático, pois precisam da água para várias de suas atividades, como esconder de predadores e reproduzir-se. Dizemos que esse mamífero possui um hábito semiaquático.
Esses animais vivem em grupos que variam de tamanho e apresentam organização social. A quantidade de capivaras nos grupos varia de 2 a 30 animais, apresentando um macho dominante. Além do macho dominante, observa-se a presença de várias fêmeas e de indivíduos mais jovens.
As capivaras vivem em grupos, nos quais há um macho dominante
A maturidade sexual do macho e da fêmea é atingida em idades diferentes. Enquanto o macho atinge a maturidade entre 15 e 24 meses de idade, as fêmeas alcançam essa maturidade com idade entre 10 e 12 meses. A reprodução da capivara acontece geralmente na água, na região mais rasa. As capivaras possuem uma alta taxa de fecundidade e de fertilidade. Sua gestação dura aproximadamente 120 dias, e as capivaras fêmeas dão à luz, em média, três filhotes.
Esses animais são herbívoros e pastam, principalmente, ao entardecer. Alimentam-se de gramíneas e até mesmo de plantas aquáticas. Capivaras adultas podem comer mais de 5 kg de comida, dependendo de seu tamanho.
Curiosidades sobre a capivara
O gênero ao qual pertence a capivara (Hydrochoerus) está relacionado com os hábitos desse animal e significa “porco d'água”.
O nome popular da capivara possui origem tupi-guarani e significa “comedor de capim”.
Os dentes incisivos de uma capivara adulta podem ter de 5 cm a 6 cm.
Muitos autores questionam se as capivaras possuem ou não rabo. Enquanto alguns afirmam que não, outros dizem que esses animais possuem um pequeno rabo encoberto por pelos.
As patas traseiras da capivara são maiores que as dianteiras.
A pele da capivara apresenta valor comercial e pode ser usada na indústria de couro.
Na época da seca, as capivaras podem apresentar grupos de mais de 100 animais.
Atualmente, as capivaras estão na categoria “pouco preocupantes” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). Isso significa que, na época atual, a espécie não apresentas grandes riscos de entrar em extinção
Febre maculosa
As capivaras apresentam relação com uma doença chamada febre maculosa, que pode levar à morte. A relação está no fato de que as capivaras, algumas vezes, apresentam um carrapato chamado carrapato-estrela (Amblyomma cajennense), que é reservatório da bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da febre maculosa. O homem, ao ser picado por um carrapato contaminado, pode desenvolver a doença.
No Brasil, os principais vetores são os carrapatos do gênero Amblyomma, principalmente o A. cajennense, conhecido como carrapato-estrela. Além de atuar como vetores, os carrapatos são reservatórios da bactéria, já que a transmitem aos seus descendentes.
Algumas espécies de animais destacam-se por seu papel na transmissão da febre maculosa, sendo esse o caso de capivaras, gambás e equinos. Muitas dessas espécies possuem carrapatos, os quais muitas vezes estão contaminados e contribuem para a transmissão da doença.
As capivaras podem conter carrapatos transmissores da febre maculosa.
A febre maculosa é transmitida pela picada do carrapato contaminado. Para que a transmissão aconteça, o carrapato deve ficar aderido à pele por um período de quatro a cinco horas. Alguns autores afirmam que, para que ocorra a transmissão, são necessárias de seis a dez horas. Vale destacar que uma pessoa doente não transmite a febre maculosa para outra pessoa.
Por ser transmitida pela picada de carrapato, é sempre importante evitar locais em que se sabe que há infestação desse animal. Além disso, caso não haja como evitar locais com infestação, é fundamental estar com vestimentas adequadas, como roupas de manga comprida e sapatos. Ao sair do ambiente, é importante verificar o corpo e procurar por carrapatos que possam estar aderidos.
O período de incubação da febre maculosa (tempo decorrido entre o contato com a bactéria e os primeiros sintomas) é de 2 a 14 dias. O início da doença é súbito, e os sintomas iniciais são febre alta, dores musculares, dor de cabeça, náusea, vômito, manchas vermelhas pelo corpo e mal-estar. Esses sintomas são pouco específicos e podem causar um atraso no diagnóstico.
A taxa de mortalidade pode chegar a 80%
A doença pode evoluir para casos mais graves, causando edema nas pernas, aumento do fígado e baço, insuficiência renal, edema pulmonar, tosse, meningites e manifestações hemorrágicas. O paciente pode ter ainda confusão mental, convulsões e chegar ao coma profundo.
O diagnóstico da febre maculosa é feito com exames, uma vez que os sintomas são pouco específicos. O exame mais utilizado é a reação de imunofluorescência indireta, que busca identificar anticorpos contra a doença.
O tratamento deve ser iniciado mesmo sem confirmação laboratorial do caso, bastando apenas a suspeita da doença. O tratamento iniciado nos primeiros dias da doença apresenta maior chance de sucesso. Por ser causada por uma bactéria, o tratamento da febre maculosa baseia-se no uso de antibióticos.