Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Berto Cerchi lança livro sobre Djalma Santos

Edição nº 1716 - 28 de Fevereiro de 2020

A editora Bertolucci lançou nessa sexta-feira

 21, o livro, 'Djalma Santos - Biografia Autorizada', de autoria do escritor Carlos Alberto Cerchi que, a partir de 2009, firmou uma grande amizade com o ex lateral-direito da seleção brasileira e bicampeão mundial, Djalma  Santos, eleito em 2000 pela FIFA como o maior lateral-direito de todos os tempos. O atleta morreu aos 84 anos no dia 23/7/2013, em Uberaba, cidade que escolheu para viver a partir de 1988 e ali terminou os seus dias.  

 

O livro do Prof. Berto é uma biografia autorizada, cujo personagem principal teve a oportunidade de ler,  fazer alterações e correções, conforme explica  o autor: “Este era um grande sonho do nosso ídolo, Djalma Santos, ver a sua vida retratada num livro. E nós começamos esse trabalho quando ele fez uma exposição na Câmara Municipal de Sacramento, quando então éramos presidente daquela casa. Ali nasceu uma amizade e começamos o trabalho que, na verdade, é um resgate das décadas de 1950 e 1960. Ele começou na Portuguesa, depois das participações nas Copas da Fifa, passou pelo Palmeiras e o Atlético do Paraná”, explica, destacando que Djalma Santos teve a oportunidade de ler o trabalho. “Em 2013, terminamos o trabalho, colocamos em suas mãos, ele leu, fez alguns reparos, que foram obedecidos. Mas infelizmente, ele adoeceu e naquele mesmo ano morreu”. 

 No lançamento da obra, não houve a presença de familiares de Djalma Santos. Segundo o escritor devido ao tempo muito chuvoso, mas será feito o lançamento da obra em Uberaba, no Centro Cultural Cecília Palmério, na Uniube, em data ainda a ser agendada.

   De acordo com Berto Cerchi muita gente deu a sua contribuição para a obra, um deles, o uberabense Luiz Alberto Molinar, sobre o seu trabalho na escolinha de futebol em Uberaba e Conquista. “Visitamos os clubes, Palestra Itália, do Palmeiras; o Canindé, da Portuguesa e Desportos, ambos em São Paulo e o Clube Atlético Paranaense, em Curitiba. Foram muitas entrevistas. Mas outro grande mérito de Djalma Santos, foi em Uberaba, com a escolinha de futebol e, também, em Conquista. Aliás, ele dava assistência a este processo educativo em toda a região, sempre incentivando a criançada”.  

Berto destaca ainda o lado familiar e a sua convivência com amigos. Djalma era um grande homem, seja no esporte, no trabalho social, na família, no convívio com amigos, uma pessoa muito simples, tão simples que não fazia ideia de que foi o melhor lateral-direito de todos os tempos. Ele foi o único brasileiro que vestiu a camisa do Brasil no centenário da Fifa, em 2004. Pelé foi convidado mas não pôde comparecer. É importante ainda salientar que ele foi uma pessoa muito interessada no futebol brasileiro como um todo. Ele tinha uma coleção, um acervo muito interessante. Todo lugar por onde passava, pegava as coisas relativas ao futebol do Brasil”. 

Sentindo-se gratificado por assinar a obra, Berto reconhece que 'Djalma Santos – Biografia Autorizada' é  fruto de um trabalho que teve muitos colaboradores, cujos nomes vão listados na última página. E faz ainda um contraponto com Carolina Maria de Jesus, lembrando uma coincidência. “Djalma iniciou sua carreira na Portuguesa de Desportos, em 1948, cujo Estádio Dr Oswaldo Teixeira Duarte, também conhecido como Estádio do Canindé, fica próximo a Favela do Canindé, onde Carolina Maria de Jesus morava.  Ou seja, dois negros saíram do Canindé para a consagração mundial”.  

 

 

Djalma Santos deu uma grande contribuição para Uberaba

Luiz Alberto Molinar que fez a revisão, sobretudo sobre a grafia de nomes de clubes e atletas estrangeiros no livro, escreveu também sobre a trajetória de 25 anos do Djalma em Uberaba. “Além de ajustar as grafias de clubes e jogadores internacionais, fiz a parte de Djalma em Uberaba, a sua relação com os clubes Uberaba Sport e Uberaba Country que ele frequentava. Além do trabalho dele através do projeto 'Bem de rua, bom de bola', entre os anos de 1993 e 2004 e o incentivo que ele deu para a meninada da região, como por exemplo, o Instituto Djalma Santos, em Conquista”.  

Lembra Molinar, falando ao ET, que Djalma foi secretário de Esportes no governo do então prefeito, Odo Adão, em 2004, quando fez um grande trabalho pelo esporte em Uberaba, e diz se sentir gratificado com o fato de Berto ter sido o escolhido para escrever a sua biografia.  “Djalma, sendo a pessoa que era, conhecia muita gente, grandes jornalistas e escolheu o Berto para escrever a sua biografia, dando-nos a oportunidade de também participarmos. Isto é gratificante”, reconheceu.  

A noite cultural foi abrilhantada pela Banda Lira do Borá e o destaque vai para a exposição do material utilizado na pesquisa, troféus e bandeira do Clube Atlético Sacramentano (CAS) e 13 de Maio. E, também fotos de atletas da cidade contemporâneos de Djalma nos idos de 1950, incluindo dos Marianos, cujas fotos não conseguimos resgatar. Mas isso mostra que o futebol é paixão nacional e que naquela época era a arte do povo, por isso fiz questão de relembrar esses atletas”, diz o autor.  


O maior lateral-direito de todo os tempos

No ano em que se comemora os 50 anos da Copa de 70, quando o país se tornou tricampeão, Djalma Santos (Dejalma dos Santos – nome de registro) tem a sua biografia publicada. Isto, sem dúvida, é uma homenagem ao lateral-direito que fez parte do primeiro título da seleção na Copa do Mundo (1958) na Suécia. A curiosidade é que Djalma Santos era reserva de Nílton Di Sordi e jogou uma única partida: a final contra a Suécia, 5 x 2. O Brasil é campeão e Djalma levou o título de melhor lateral-direito da Copa, com apenas um jogo. A partir de então tornou-se titular da seleção, que conquistou o bicampeonato em 1962 contra a Tchecoslováquia, 3x1, no Chile. Djalma disputou também as Copas de 1954, na Suíça, e a de 1966, na Inglaterra. 

 Santos como era chamado na Lusa, permaneceu no time até 1958, quando foi para o Palmeiras, onde permaneceu até 1969, quando recebeu passe livre e foi para o Atlético Paranaense, encerrando a carreira no ano seguinte, 1970, quando o Brasil conquistou o tricampeonato. A partir de 1974 até 1986, trabalhou em diversos clubes no interior paulista, na Bahia e no exterior (Peru, Bolívia, Arábia Saudita e o último deles na Itália, por dois anos, 1986/1988). Retornando ao Brasil, fixou residência em Uberaba, onde implantou e o coordenou o projeto Bem de Rua Bom de Bola no período de 1993/2004. Terminou a carreira sem ter sido expulso uma única vez.

 Viúvo e pai de uma filha, Djalma casou-se em 2006 com Esmeralda Rodrigues Silva e  passou a realizar exposições, palestras e trabalhos com crianças nas cidades da região. Até que tombou em 23/07/2013, deixando um grande legado para a história da região, do Brasil e do mundo.