Bairro João XXIII ganha Academia Viva

O prefeito Wesley De Santi de Melo inaugurou no bairro João XXIII a Academia Viva 'Maria das Dores Barcelos', em cerimônia restrita sem convites para os moradores do bairro, cumprindo apenas o agendamento do ato, marcado para a última quarta-feira 18, com  a presença  do vice-prefeito, Osmar Trevisan Júnior, vereadores,  alguns moradores do bairro, dentre eles, familiares da homenageada, mais conhecida como Maria do Côco. Junto à Academia, o prefeito entregou também as reforma e revitalização da Quadra de Esportes José Gabriel Dias, que recebeu cobertura, banheiros e pintura geral. 

O secretário de Esportes, Márcio Luiz de Freitas, na sua mensagem destacou a importância das obras, lembrando sua luta pela preservação do local, quando era vereador. “Foram muitas reivindicações para que não destruíssem e deixassem acabar   a quadra, mas assim que assumi a Secretaria de Esportes tive este espaço como prioridade. O prefeito Baguá, desportista que foi, acredita no esporte como fonte de saúde e mudança das pessoas, numa homenagem justa à dona Maria do Côco, antiga moradora do bairro. Hoje é dia de alegria e gratidão para a Secretaria de Esportes, por tudo que o prefeito realiza pelo esporte local”, disse, informando que, a partir de agora, o local terá três funcionários para atendimento dos frequentadores.  

O prefeito Wesley saudou os moradores e os familiares de Maria do Côco, lembrando o quanto a admirou em sua luta. “É uma pessoa que merece essa homenagem”, disse, justificando a rapidez e a pouca participação de público na inauguração. “Mas ainda assim estamos satisfeitos com a presença dos familiares, nessa obra que vai beneficiar todo o bairro. Hoje, aqui, entregamos mais que uma quadra coberta, mas um complexo esportivo  que conta inclusive com Academia Viva”, afirmou.

O prefeito anunciou aos poucos moradores presentes que inicia agora a construção do campo do Vila Nova, time de futebol do bairro. “É uma reivindicação antiga dos moradores, dos atletas do bairro João XXIII. Fomos eleitos para isso e não fazemos nada mais que a nossa obrigação. Pode demorar um pouco, devido aos trâmites legais e a certeza de ter em caixa os recursos da obra. Todas as obras concluídas em nossa gestão estão pagas e tudo com recursos próprios, ao contrário do que ocorre em muitos municípios da região”, comparou, agradecendo a presença dos profissionais responsáveis pela obra e dos moradores.

Discursaram também os vereadores Edmilson, Marcos Pires e r Pedro, todos enfatizando a importância da obra para a prática esportiva e física da quadra e da academia ao ar livre, meios imprescindíveis para levar saúde às pessoas. 

Maria do Côco deixou sua marca

Maria das Dores Barcelos nasceu em Sacramento em 1940, no bairro João XXIII, na época conhecido como 'Trás do Morro' ou 'Cata Osso'.  Ainda bem jovem casou-se com Coclânio  José Barcelos (Côco) e foram morar, como todos do bairro, numa casa de adobe (tijolo de barro) coberta de folhas de coqueiro no meio de um pasto. Ali nasceram os filhos: Leia, Ernani, Elcione (falecido), Hercules (falecido), Leuza (falecida), Ernio e Erly.  Maria e o marido trabalhavam duro para o sustento da família, mas aos 37 anos ficou viúva e com filhos pequenos, o mais novo, Erly tinha dois anos. 

E Maria que já trabalhava muito, teve que redobrar  suas forças e diariamente cortava a cidade para chegar às casas de família para lavar e passar. Uma vida muita difícil, mas nunca deixou os filhos passarem fome.  Saía cedinho e voltava à noite levando sobre a cabeça uma lata de lavagem (comida para os porcos que criava em casa) e nas mãos  sacolas com comidas, pães e quitandas que  ganhava das patroas. Se não ganhasse nada sempre fazia  uma sopa de fubá ou macarrão...

Em 1962, chegaram a Sacramento as irmãs de São José de Cluny para administrar a Santa  Casa  e como o seu carisma era o acolhimento e a ajuda aos mais pobres, vendo a pobreza do hoje bairro João XXIII, decidir construir ali a Obra Social João XXIII. Mas paralelamente à construção da vilinha, iniciaram a evangelização  das crianças e Maria do Côco foi convidada para ser catequista. 

Tornou-se uma líder  do bairro, sempre pronta a socorrer a todos. Maria era uma mulher de fé, muito religiosa, por muitos anos foi a  catequista do bairro e a  zeladora da igreja de São Miguel, também construída pelas irmãs de São José de Cluny. E mais que isto, Maria foi a guardiã da história do bairro. Maria morreu no dia 2/2/2018, aos 77 anos. 

Leia Dalva, em nome da família,  agradeceu a homenagem à mãe, Maria das Dores Barcelos. “Na memória de quem ama, não há lugar para esquecimento, só para saudades daqueles, que durante a vida trouxe para nós tantas alegrias.  Nem toda rainha tem coroa. A prova disto foi nossa mãe, que hoje recebe esta homenagem. Muito obrigada a todos”, disse, emocionada.