O oficial Tenente Milton Maffessoni Júnior é o novo comandante da 184º Cia PM de Sacramento. Assumiu o cargo no dia 4 de fevereiro, em substituição ao tenente Belchior dos Reis Carvalho Filho, que estava no comando da corporação desde novembro de 2017, quando foi transferido para a Reserva. Natural de Ibiá, Maffessoni ingressou na PM em 2004; em 2013, foi aprovado no curso de Oficiais e seguiu para Belo Horizonte, onde permaneceu por dois anos. Retornando para a região, foi lotado em Araxá, onde concluiu o aspirantado durante seis meses, sendo a seguir, nomeado para Ibiá. Depois de dois anos, assumiu o pelotão de Conquista, onde permaneceu por um ano. No dia 4 de fevereiro, foi nomeado comandante da 184ª Cia de Sacramento, respondendo também pela cidade vizinha de Conquista. Maffessoni é casado, tem um casal de filhos. Com um vasto currículos, Sacramento só tem a ganhar com a chegada do oficial, que além de ser bacharel e pós-graduado em Direito, é Tecnólogo em Alimentos, fez diversos cursos, inclusive fora do Brasil. “Além da graduação, fiz muitos cursos dentro da PM, como por exemplo, no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope/RJ), comandei o Pelotão de Choque na Copa do Mundo em 2014 e fiz curso com a SWAT - Special Weapons And Tactics, em São Paulo”.
O que muda com o novo comando...
De acordo com o comandante, as mudanças advêm das necessidades, mas já adianta os projetos de ampliação do vídeo monitoramento urbano e a sua implantação na zona rural, além da criação de três modalidades de serviços.
“Gosto de trabalhar com projetos, tanto preventivos quanto repressivos com relação à criminalidade. Em Sacramento, temos um fator positivo, o já implantado sistema de vídeo monitoramento, que criei em Ibiá, primeira cidade a implantar o sistema na região, conforme expus às autoridades locais, falando de sua importância, por ocasião da inauguração do sistema implantado aqui. Agora, já estamos cuidando de sua ampliação, na zona urbana e a criação do vídeo monitoramento rural, que será inédito na região, explica, detalhando como será implantado.
“Vamos mapear as principais estradas vicinais, rotas de acesso de infratores e estradas com grande tráfego de veículos e de insumos. O Projeto terá o nome de 'Blindagem', que será instalado pela mesma empresa, já convidada para montar um orçamento, que será apresentado às empresas interessadas e ao Sindicato dos Produtores Rurais, em busca de recursos. Isso porque nós, a PM, temos várias ideias, mas não temos recursos para colocá-las em prática, o que não tem sido um fator dificultador. Pelo contrário, pelas cidades por onde passei, sempre encontrei apoio e recursos junto à iniciativa privada e penso que Sacramento não será diferente”.
Modalidades de serviços
Quando ao policiamento ostensivo da cidade, o comandante Maffessoni implantará nos próximos dias três portfólios ou novas modalidades de serviços, conforme detalha:
“Primeiro, duas equipes tático móvel, trabalhando em dias alternados, constituídas de uma viatura com mais militares, mais armamentos, escudos balísticos, munição de impacto controlado (balas de borracha) para serem usadas em eventos para controle de distúrbios inclusive, rebeliões no presídio, que são comuns na cidade. Estas equipes não atenderão ocorrências, ficarão somente com o serviço preventivo, só abordagens nos pontos onde há mais indícios de crimes e criminosos. Vulgarmente denominadas de 'equipes que ficarão por conta de perturbar os bandidos'.
“No segundo momento, será criada uma equipe de recobrimento, isto é, uma viatura que vai dar suporte à viatura de atendimento de ocorrências. Para isso, será feito o mapeamento e setorização da cidade, onde haverá uma viatura exclusiva para cada setor”.
Segundo o comandante, a companhia conta hoje com duas viaturas para atender ocorrências, mas a partir de março serão quatro. “Aí alguém pergunta, como faremos isso? Eu explico. Sacramento tem um diferencial em relação a outras cidades do mesmo porte, o contingente aqui é maior, em comparação a outras companhias. Porém, há um dificultador, o fato de os militares se ocuparem no atendimento do 190. Isso não existe em nenhuma cidade. Hoje, o 190 é atendido por funcionários civis, contratados pela prefeitura ou cedidos pelo Consep (Conselho de Segurança Pública), ou outras parcerias”, salienta.
De acordo com o Tem Maffessoni, a ideia já foi apresentada ao prefeito Wesley De Santi, que se prontificou em ceder funcionários para assumir o serviço, o que vai liberar mais cinco militares para atuar nas atividades afins. “E assim que substituirmos os cinco militares do 190, gradativamente implantaremos as modalidades”, informou.
Uma terceira ação do comandante, já em operação, foi a reativação da patrulha rural. “Ela ficou parada por determinado período, mas já foi reativada, agora com uma cobertura mais planejada, considerando a extensão territorial do município de Sacramento, quase 3 mil Km² de área. Dividimos a área rural em quatro quadrantes, para ficar mais fácil o mapeamento estratégico das operações, com uma viatura exclusivamente rural para dar suporte ao produtor”, explicou, percebendo dificuldades.
“- Lógico que haverá dificuldades, porque só temos uma equipe e o município é um dos maiores do Estado. Mas, felizmente, temos o apoio dos produtores rurais. A viatura está em perfeitas condições e é mais do que justo que façamos esse tipo de prevenção, com policiamento exclusivo, para essa classe, que é a responsável pela maior arrecadação em ICMS do Brasil. Não podemos deixá-la na mão, destacou.”
Fronteira com outro estado preocupa
Além da grande extensão territorial do município, que propicia muitas rotas de fuga, a questão fronteiriça também preocupara as autoridades e com o comandante Maffessoni não é diferente. “Eu convivo com esse problema. Já fiz um estudo diagnóstico do município, que faz divisa com o Estado de São Paulo, e percebi que a maioria dos crimes aqui cometidos, os infratores vêm de fora. Apesar de a população ficar assustada, Sacramento é muito tranquila em relação às cidades do mesmo porte”.
Comparando com a cidade de Ibiá, que tem 900 habitantes a menos que Sacramento, Maffessoni revelou que lá a criminalidade é maior, sendo os infratores da própria cidade. “Já Sacramento tem duas questões: primeiro, faz limite com cidades do Estado de São Paulo, muito próximas, e, infelizmente, não há uma barreira de fiscalização. A segunda questão é que aqui tem um presídio e isso atrapalha, e muito, a questão de segurança pública”, ressalva, esclarecendo:
“Um indivíduo de fora que comete crime na cidade permanece preso no presídio local, e com isso, na maioria das vezes os familiares vêm para a cidade, criando vínculos e gerando preocupação. “Não que não tenhamos estratégias para combater isso. Esse não é dificultador, mas preocupa. Se aqui não tivesse presídio, os presos seriam encaminhados para outras cidades e se não fosse uma cidade limítrofe, também não teríamos infratores, presos de fora, apenas do município”.