Os amantes de cinema, especialmente aqueles que demonstram pendor de estar por trás da cena com uma câmara na mão, colaram um 'The End' no final de seu primeiro filme, ao participar de uma oficina de cinema realizada por Rogério Takashi, cineasta de Batatais que, a convite da Secretaria de Cultura e Turismo, dirigiu e finalizou a oficina, 'Meu primeiro filme', durante quatro finais de semana de estudo e prática da arte de filmar.
Segundo Takashi, o projeto começou há 12 anos em Batatais. “É uma oficina básica que, nos últimos dois anos, vem expandindo para a região. Chegamos a Sacramento a convite do secretário de Cultura da cidade, o Prof. Carlos Alberto Cerchi e posso dizer que conseguimos realizá-la aqui com sucesso”, explica, resumindo o curso.
O curso, que é gratuito, inicia-se com as noções básicas das funções técnicas, conforme resume Takashi. “Os participantes aprendem inicialmente como fazer um filme: direção, produção, roteiro, etc e, durante a oficina, os participantes apresentam uma ideia, roteirizam. Depois de todos os roteiros criados, vamos para a prática que é a filmagem, com cada grupo gravando um curta-metragem. Ao final, em data ainda a ser definida, os trabalhos são apresentados em uma exibição pública, podendo também ser disponibilizados através do canal Youtube”, esclarece.
Segundo ainda o cineasta, a oficina ensina técnicas de cinema que nasceram depois da tecnologia digital, que democratizou o acesso à arte do cinema. “Hoje, todo mundo, até pelo celular, faz um filme e consegue distribui-lo através da plataformas online obtendo até um bom retorno, uma boa visibilidade”, diz, estimulando os interessados.
Para Takashi, a filosofia da oficina, 'Meu primeiro filme' é descomplicar e simplificar o cinema e torná-lo acessível a qualquer pessoa. “Nosso foco são pessoas que nunca tiveram uma experiência, mas têm interesse em conhecer como funciona o audiovisual de cinema”, finaliza.
Rogério Takashi, proprietário da empresa Cine Set Filmes, é formado em Comunicação Social, mas trabalha com audiovisuais há mais de dez anos e tem uma razão para isso: herança do pai, o cineasta José Adauto Cardoso.
Quem é Rogério Takashi
“Meu pai é cineasta, já trabalhou com Mazzaropi, Zé do Caixão, dentre outros. No começo da década de 70 ele fez a sua carreira no cinema em São Paulo e acabou passando isso para a família, sobretudo aos filhos. E a bem da verdade, o projeto, 'Meu primeiro filme' foi criado por ele em 2009, quando eu também iniciei meu trabalho com o audiovisual, auxiliando-o na oficina, até que abri a produtora”, conta.
Antes disso, Takashi enriqueceu seu currículo com uma longa experiência de trabalho fora de sua região. “Foram quatro anos de experiência com audiovisual em todos os segmentos, trabalhei dois anos na televisão, dirigindo programas para o SBT, um longa metragem e vários curtas e videoclips em Mato Grosso. Até que resolvi voltar em 2015, quando assumi a coordenação das oficinas, o que tem dado muito certo”, relata.
Segundo ainda Takashi, o intuito é despertar as pessoas para a arte do cinema, mas já saíram pessoas das oficinas que se tornaram atores e atrizes e até filmes premiados. “São trabalhos feitos por leigos, sem interesse de inscrevê-los em concurso ou no circuito. Mas, quando o grupo ou o produtor tem interesse, ele pode fazê-lo, e até com nossa ajuda. E foi numa dessas que acabamos tendo boas surpresas”, revela.
Para o secretário de Cultura, Berto Cerchi, a ideia surgiu a partir de sua amizade com Adauto Cardoso, que veio a Sacramento fazer um roteiro sobre a vida de Eurípedes Barsanulfo. “Conversando, ele sugeriu essa oficina de cinema que veio a calhar, incluindo uma sala de projeção que fizemos aqui para avaliação de filmes e, quem sabe, até abrir uma perspectiva para as pessoas interessadas, porque a indústria do cinema dá oportunidade para muita gente: roteirista, elenco, fotógrafos... Enfim, se alguém se interessar é uma vertente interessantíssima. E a oficina tem também o intuito educativo”, explica.
De acordo com o secretário, mais de 30 interessados se inscreveram para o curso. “Começamos com mais de 30 pessoas e estamos terminando com 18, e é compreensível a desistência, por não ser quilo que muitos esperavam. Havia inclusive pessoas que já fizeram filme e essa oficina é o beabá, ou seja, o primeiro passo nesse sentido”, justifica.
Ainda assim, Berto faz uma avaliação positiva. “Tudo foi feito com muito boa vontade, um ambiente de camaradagem que reinou, inclusive, com a participação de pessoas da comunidade que emprestaram roupas para compor o figurino. Estamos agora aguardando a mostra final, que vai dar o resultado de integração do pessoal, que acredita em formas alternativas de cultura”, avalia.