A secretaria do Meio Ambiente realizou nessa quarta-feira 16 o I Seminário de Diagnóstico da Coleta de Lixo no Município com a participação de vários segmentos ligados ao tema. As discussões e decisões levaram em consideração o estudo feito pelo Instituto de Gestão de Políticas Sociais (Gesois/BH), que identificou e quantificou o tipo de resíduo gerado no município: É plástico, papel, alumínio...? Qual deles gera uma quantidade maior de resíduos? Quais bairros geram mais resíduos? Com esse levantamento - explicou o secretário Marinho Martins Severino Segundo, que coordenou o seminário - detectamos também o percentual de separação desse lixo, tanto o orgânico como o reciclável. Enfim, esse diagnóstico aponta como funciona hoje a coleta seletiva no município, já nos indicando que precisamos intensificar a campanha de coleta seletiva”.
O Seminário contou com a participação de ambientalistas, membros do Codema, agentes de Saúde e Endemias, o pessoas da Cooperativa de Recicladores que vivem da separação dos resíduos, equipes da Secretaria de Meio Ambiente, do Instituto Gesois, responsável pelo diagnóstico, e da empresa Agrega, responsável pela coleta seletiva no município, além de representantes de segmentos da sociedade civil, tais como Consórcio da UHE Igarapava, Laticínios Scala, dentre outros, que acompanharam a apresentação dos dados desse estudo.
Adiantando alguns pontos, Marinho disse que a Secretaria constatou que a maioria das pessoas, moradores da cidade que diariamente dispensam o lixo em sacos plásticos para coleta, em frente a sua casa, conhecem o procedimento da coleta. “A maioria tem consciência e importância da separação do lixo úmido/rejeitos do seco/reciclável, sabe os dias corretos, no entanto, não obedecem às normas. Isto é, sabem que têm que separar o lixo, porém misturam o úmido com o seco; sabe que de segunda a quinta são dias do descarte do lixo úmido e sexta do lixo seco/reciclável, no entanto, não respeitam os dias”, queixou-se secretário, informando que vão incluir mais um dia na semana (terça-feira), além da sexta-feira, para o lixo seco.
Marinho informou que foram discutidos outros dois problemas. Em relação ao recolhimento das caçambas rurais, a falta de consciência dos moradores que descartam o lixo nos pontos é o mesmo na cidade. “As caçambas são feitas para recolher o lixo doméstico, úmido/rejeitos e seco/reciclável. Mas estão usando para descartar ali sofás velhos, entulho de construção e até restos de produção de lavoura, ou seja, resíduos que nunca devem ir para as caçambas”.
O segundo ponto foi dado em forma de alerta aos produtores rurais que dispensam nas caçambas embalagens de agrotóxicos e até seringas usadas para vacinação de animais. Nas caçambas rurais, só lixo doméstico. Embalagens de agrotóxicos e seringas, depois de fazer uma tríplice lavagem e depositar as agulhas em uma garrafa plástica, devolver à loja onde comprou o produto ou aguardar o recolhimento anual, em caso de um grande volume de embalagens”, informou.
Participantes avaliam Seminário
Parabenizando a Secretaria do Meio Ambiente por estar retomando a discussão sobre a coleta seletiva, o vice-presidente do Codema (Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental), “as questões ambientais são muito boas para manchetes de jornais e televisão, mas a realidade é que, na hora de pôr em prática, ninguém quer saber de meio ambiente e fazer sua parte, por isso, momentos como esse são muito importantes, é uma mobilização da comunidade no sentido de melhorar a coleta seletiva, que é um dos passos primordiais na questão ambiental”, opinou, destacando a participação do órgão no evento. “A contribuição do Codema no seminário é muito grande, pois é ele que tem sob sua responsabilidade decidir sobre as questões ambientais. Nossa participação aqui é de apoio nesse processo de coleta seletiva com melhorias na sua qualidade”.
A engenheira e bióloga Joelma Mendes Gomes Ferreira, do setor de Educação Ambiental do Consórcio da Usina Hidrelétrica de Igarapava, vê com bons olhos a proposta de retomada dos trabalhos para ampliação da coleta seletiva no município.
“Muito importante esse trabalho para que, de fato, essa coleta aconteça da melhor maneira possível junto aos munícipes. E o papel da Usina é contribuir para que isso de fato se efetive. Estamos prontos para sermos parceiros e a trabalhar, principalmente, na Educação Ambiental junto às escolas que representam nosso principal foco. E, também, dar o apoio, na medida do possível, para o pessoal da Cooperativa dos Recicladores com orientações, EPIs (equipamentos de proteção individual) e camisetas”.
Roberta Nascimento Ferreira Lourenço Borges, responsável técnica da Agrega, empresa responsável pela coleta convencional e seletiva do lixo no município, que atua no município desde outubro de 2018, quando venceu a licitação, avaliou positivamente o Seminário.
“Foi muito importante, principalmente com a capacitação das equipes de garis, recicladores, agentes de saúde e endemias, que estão no dia a dia mais próximas da população. São essas equipes, na verdade, as pessoas responsáveis pela implementação do processo, que visa melhorias e valorização para todo o município, além da questões ambiental, social e financeira”, afirmou, destacando que uma das maiores dificuldades enfrentadas pela empresa, continua sendo a separação do material.
Roberta apontou também como principal problema, a coleta do material reciclável, realizada às sextas-feiras. “O material que chega à usina, infelizmente, continua misturando o lixo úmido do seco, o que ainda demonstra a falta de educação ambiental. Precisamos investir muito na conscientização para a população entregar na sexta-feira, o que de fato é reciclável, o material seletivo. Essa necessidade de conscientização foi bastante discutida e será intensificada com o apoio de todas as secretarias”, reforçou.
De acordo com Roberta, a Agrega trabalha no município com oito funcionários distribuídos em dois caminhões compactadores e um caminhão poli guindaste usado para a zona rural para a retirada das caçambas. Garantiu ainda que, se de fato o município aumentar mais um dia da coleta seletiva, na terça-feira, conforme o discutido, a empresa tem condições de atender.
Bom trabalho depende do morador
Para a Agente de Saúde Amélia Ranuzzi que participou do Seminário nos dois dias de atividades, os agentes têm condições de fazer um bom trabalho junto à população. “Estamos todos os dias de casa em casa e agora sabendo um pouco mais sobre a coleta, vamos poder passar isso para a população, conversar sobre a importância da coleta seletiva, orientar como selecionar e, sobretudo, mostrar que essa coleta está diretamente ligada à saúde. Nós que estamos no dia a dia, por mais que divulguemos, percebemos que falta muita conscientização. A população ainda tem uma certa resistência para separar o lixo”, afirma apontado algumas falhas que vem acompanhado.
“A mistura do lixo nas sacolas continua sendo o grande problema. Alguns misturam tudo, outros descartam ali até animal morto e os coletores não têm como verificar lixo por lixo, mesmo porque é perigoso. Levam tudo junto. E por que eles levam? Se eles deixam para trás, a população começa a reclamar. Na minha opinião, se houver um rigor a mais por parte do pessoal da coleta, vamos conseguir efetividade”, aconselha.
Acatando a sugestão do repórter do ET, Ranuzzi gostou da ideia. “Fazer um trabalho junto aos supermercados da cidade (pois mais de 90% do lixo é condicionado em sacolas plásticas) para que utilizem dois tipos de sacolas para embalar os produtos. Além da logomarca da empresa em ambas, logo abaixo, a identificação em vermelho, LIXO ÚMIDO; e no outro tipo, a impressão em azul, LIXO SECO.
Sacramento foi contemplada para receber apoio técnico do Estado para a ampliação da Coleta Seletiva, por meio de parceria firmada entre a Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM) e o Instituto de Gestão de Políticas Sociais (Gesois). Em 12 de março deste ano foi assinado um Termo de Adesão entre a Feam e o Município que formalizou o apoio técnico, iniciando as atividades para o desenvolvimento do programa.
Capacitação de garis
Nessa semana, a Secretaria de Meio Ambiente realizou dois eventos. No dia 15, uma capacitação dos garis que trabalham na coleta do lixo e de agentes de Saúde e Endemias. “O objetivo dessa capacitação foi mostrar-lhes como funciona a Coleta Seletiva , o que é reciclável e o que não é. Foi um momento importante, porque eles serão os multiplicadores dessas informações, pois estão ali na frente do trabalho, no dia a dia, fazendo a coleta. Já os agentes, visitando as casas, vão divulgar, conversar com a população e buscar sua cooperação”, explicou o secretário Marinho Martins Severino II, avaliando de modo positivo o seminário.