Acompanhando o prefeito Wesley De Santi de Melo às obras de reforma da Estação do Cipó e de três casas no seu entorno, o ET entrevistou os profissionais contratados pela MR Construções, vencedora da licitação da obra que vai custar R$ 1,1 milhão. Iniciada no início de junho com o reparo da alvenaria do principal prédio, a estação de trens e a recuperação do madeiramento do telhado de todos os prédios que serão reformados, o ritmo segue adiantado, na visão do prefeito.
“Estive aqui na última semana e já percebo que as reformas estão acontecendo num ritmo muito bom, o que nos permite, sem prejuízo da qualidade do serviço e se tudo correr bem, inaugurar tudo em 12 de outubro, no feriado nacional da Padroeira do Brasil, Na. Sra. Aparecida”, augurou o prefeito, falando sobre as intervenções que serão feitas.
“Será uma restauração completa. Todo esse riquíssimo patrimônio histórico será recuperado, começando pelo prédio principal da estação e mais três casas construídas na mesma época. O maior bloco, a estação, é formada pelo grande hall dos passageiros, salas de bilheteria, do telégrafo, banheiros, galpões de depósito de encomendas recebidas e despachadas e a grande varanda que contorna o prédio. Fazem parte a licitação outras três reformas das casas localizadas no entorno da estação: uma casa maior que servia ao chefe da estação e outras duas menores”, resumiu Wesley, destacando que “a recuperação do que foi destruído pelo tempo ou pelo vandalismo deve ser restaurado respeitando sua originalidade, especialmente do piso de cerâmica, dos azulejos, detalhes que estamos dando muita atenção”.
Completam a reforma, segundo ainda o prefeito, a recuperação da estrada de ferro que passava junto à plataforma onde embarcavam os passageiros. “Após essa linha de trilhos, que será assentada sobre uma base de brita e dormentes, vamos construir uma rua calçada com paralelepípedos. Vai ficar faltando uma locomotiva, a histórica 'Maria Fumaça'. Mas quem sabe, até lá...” – augurou, revelando que parte do madeiramento está sendo recuperado.
“Acreditamos que vai ficar muito bom, porque até os portais serão da madeira velha que já existia. Vamos tentar aproveitar ao máximo o material original, tijolos, telhas, madeiras. Não é nossa intenção derrubar e construir uma estação nova, mas sim recuperar, restaurar”, explica, enaltecendo o valor histórico e sentimental daquele patrimônio.
“Por aqui passou grande parte do progresso da nossa cidade e da região. Era a única ligação que tínhamos com as regiões Sudeste e o Sul do país, além do Brasil central. Por aqui chegaram os primeiros imigrantes para ajudar na colonização de nossa região’’ lembra o prefeito Wesley.
Segundo o prefeito, a reforma do patrimônio foi sempre muito cobrada. ‘‘A cobrança para sua restauração era muito grande por parte da população, e com razão. E tudo isso me motivou, porque também eu tinha esse desejo, alimentei esse sonho desde meu primeiro mandato”.
Budu e sua turma reformam estação
Constantino Marques (Budu), mestre-de-obras que acompanha a obra in loco, fazendo uma avaliação do estado precário em que se encontram os prédios, disse que a depredação foi muito grande, principalmente no prédio da estação. Roubo de material como madeira dos telhados, janelas e portais, telhas e estruturas de ferro que compunham a varada... Segundo Budu, não sobrou quase nada.
“Detonaram geral. Se essa intervenção não viesse agora, esse rico patrimônio poderia ficar totalmente destruído, pois sem os telhados, a chuva cai nas paredes, amolece o reboco e acaba caindo, porque o prédio não tem nenhuma viga de cimento e ferro. Foi tudo feito com tijolo duplo, 'um tijolo', como dizemos, quase o dobro do tamanho que usamos hoje, mas tijolo não pode com água”, salienta, explicando como estão recuperando o prédio.
“Para o aproveitamento das paredes, estamos fazendo arrochantes, amarrações, que consistem em aberturas de 10x10 cm nos tijolos, onde introduzimos uma verga de ferro com uma chapa parafusada e chumbada com cimento, com a finalidade de reforçar, segurar a estrutura das paredes que estavam cedendo. Há pontos com trincas mais acentuadas que vamos ter que passar uma ferragem para a amarração”, explica, Budu, ressaltando que o prédio foi construído sem colunas de cimento e concreto.
“Estas paredes não têm colunas, são só tijolos mesmo”, mostra, apontando os portais originais que já estavam sendo chumbados. “Muita coisa vai dar para reaproveitar. Agora, o que não der, teremos que substituir. Por exemplo, as janelas e portais roubados ou os que não puderem ser reaproveitados, serão feitos em marcenaria, obedecendo o formato dos originais, aproveitando algumas peças do madeiramento do telhado”, informou.
Budu, que trabalha no local com os funcionários Vicente, Rubens e Galdêncio, explica que a varanda da estação coberta por folhas de alumínio e suportada por uma estrutura de ferro, em formato de mão francesa, com três delas roubadas, será totalmente recuperada, refundindo essas peças. Já o telhado coberto por telhas francesas de Marseille, quase todas roubadas, serão reproduzidas por uma cerâmica de Tambaú (SP). Foi uma depredação muito grande. Não morava ninguém aqui”, justifica o mestre-de-obras.
É uma reforma complicada e que exige cuidado
Responsável com sua turma pela recuperação de duas das casas do entorno, o pedreiro José Marques (Fritz), que trabalha com outro pedreiro, Givanildo Eufrásio (Giva), diz que o serviço vai transformar aquele patrimônio. “Trata-se de uma reforma normal, porém com uma mão de obra complicada e minuciosa e que deve ser feita com muita atenção e cuidado em relação ao que era antes. Não podemos modificar nada. Apenas uma das casas exige um cuidado maior, porque ela é toda construída de tijolos à vista, mas perfeitamente recuperável”, analisa, explica que uma das casas dará mais trabalho, por serem tijolos à vista.
“Embora seja uma casa rústica, tem muitos detalhes. É uma casa duas águas, com 97 m², quatro cômodos e mais a varanda na frente com duas escadas externas. Está assentada em um platô com arrimo de pedra seca. As paredes são duplas, tem pilastras, mas tem algumas rachaduras que terão de ser amarradas. É uma casa que vai ficar muito bonita a hora que ficar pronta”, avalia, informando que a outra casa é mais simples e que se sente honrado em executar o serviço. “É uma satisfação trabalhar aqui. Chegar aqui e ver como estava e agora começar a ver como vai ficar é um entusiasmo danado. Depois, ver que é um trabalho da gente é muito gratificante. Vamos ficar na história”, reconhece Fritz, satisfeito.
Budu, que trabalha no local com os funcionários Vicente, Rubens e Galdêncio, explica que a varanda da estação coberta por folhas de alumínio e suportada por uma estrutura de ferro, em formato de mão francesa, com três delas roubadas, será totalmente recuperada, refundindo essas peças. Já o telhado coberto por telhas francesas de Marseille, quase todas roubadas, serão reproduzidas por uma cerâmica de Tambaú (SP). Foi uma depredação muito grande. Não morava ninguém aqui”, justifica o mestre-de-obras.