Edição nº 1692 - 13 de Setembro de 2019
O Centro de Recuperação do Alcoólatra - Cerea de Sacramento, realizou três dias de festa em louvor ao seu padroeiro, São Francisco de Assis, nos dias 6 a 8, com a reza do terço iluminado, missa e procissão. Após os atos religiosos, seguia-se a parte social, com quermesse, show e muito forró, nas noites dos dias 6 e 7 e na tarde do domingo. A novidade deste ano foi a chegada da Folia de Reis do Cerea.
Para o presidente, Delcides Tiago Filho (Cid), a festa foi além do esperados. “Estamos muito satisfeito, porque mais uma vez conseguimos provar que conseguimos fazer uma festa bonita, animada, sem o uso de bebida alcoólica. Infelizmente, este ano não tivemos caravanas de fora, devido à crise dos municípios que custeavam o transporte. Mas fizemos uma festa bonita com os sacramentanos e só temos que agradecer pela presença e ajuda que nos deram para realizar, sem dúvida, uma grande festa”, avaliou.
Cid agradeceu também o apoio da Igreja, na pessoa do celebrante da Santa Missa, Pe. Carlos Alexandre. “Uma missa maravilhosa, piedosa nas orações e alegre e animada na parte social. Só temos que agradecer. E o que nos deixou mais feliz é que o Pe. Carlos nos prometeu ir à reunião do Cerea fazer uma palestra para nós. E é disso que precisamos, apoio, ajuda. Uma atitude dessas só vem a somar’’.
Cerea homenageia três mulheres de sua história
No ano passado, o Cerea começou a homenagear pessoas que têm contribuído com a entidade. Este ano foram homenageadas três mulheres, duas delas com uma longa história de serviços ao Cerea: Dona Blandina Maria Alves, a cereana mais idosa da cidade e única ainda em vida entre fundadoras do Cerea em 1977; e a Profa. Derly Silva Loyola, que há 42 anos, desde o início da entidade, fundou e assumiu a direção do Coral do Cerea. E a terceira, Dona Nena (Florípedes Batista Silva), que há muitos anos ajuda nas festas dos cereanos, sobretudo na cozinha. Cada uma delas, recebeu da entidade uma placa de prata com os agradecimentos e reconhecimento do Cerea.
Perfil das homenageadas
Da. Blandina Maria Alves, aos 94 anos, é a única diretora viva que fez parte da equipe que fundou o Cerea, em 1977. Nasceu na fazenda Santa Bárbara, onde morou até os 16 anos, quando então se mudou para o Quenta Sol, onde conheceu Teodorico Ribeiro da Silva, conhecido como Pinante, e logo se casaram, constituindo uma grande família com oito filhos: Aglemon, Agleci, Alonso, Ivo, Renato, Nancy, Neli e Renan, que lhes deram 29 netos e 26 bisnetos.
No final dos anos 1950, a família se mudou para a cidade e fixou residência numa chácara, naquele tempo, no final da avenida Antônio Carlos, hoje esquina da rua Antenor Germano, onde criaram os filhos. Católica praticante, membro da Sociedade São Vicente de Paulo, Blandina começou a mostrar o seu altruísmo, dedicando-se a ajudar aqueles que mais precisavam, em especial aqueles dominados pelo vício do álcool.
Juntamente com outras duas grandes mulheres, Júlia Mateus Terra e Laércia Araújo Oliveira nasceu a ideia de que precisavam fazer algo para salvar as famílias do alcoolismo. Assim, com a ajuda e apoio de dois grandes abnegados uberabenses, o vereador Jesus Manzano e o médico Antônio José de Barros, que vieram a Sacramento para 48 reuniões, às terças e quintas-feiras, até que, em 1977, o Cerea foi oficialmente fundado em Sacramento.
Profa. Derly Silva Loyola veio de Mogi-Mirim (SP) onde nasceu depois que conheceu o produtor rural e bancário Inacinho Loyola, com quem se casou. Tiveram duas filhas, Ana Carolina e Juliana. Sua bela voz e a formação musical pelo Conservatório Carlos Gomes de Campinas a fizeram uma grande professora de Arte Musical na EE José Afonso de Almeida e na cidade. Derly foi fundadora e, durante muitos anos, regente do Grupo Chapadão, coral de jovens das comunidades Matriz, Rosário, Perpétuo Socorro, Chafariz e João XXIII.
Mas o seu grande trabalho, talvez, tenha sido junto ao Cerea, cantando músicas e ensinando músicas sacras, folclóricas e populares e orientando centenas de recuperandos do vício do alcoolismo, que carinhosamente passaram a chamá-la 'Madrinha Derly'. Durante muitos anos, o Coral do Cerea foi o responsável pelos cânticos da missa dominical das 7h da manhã, sempre sob a regência da professora. Uma colaboração espontânea que perdurou décadas, até que a idade a fez diminuir o ritmo, mas ainda hoje, nas festividades da instituição, em especial na Festa de São Francisco de Assis, sua presença é certa.
Floripedes Batista Silva (Nena) nasceu na fazenda São Basílio. Aos 16 anos casou-se com Sebastião da Silva (Sebastião Caiana) e juntos criaram oito filhos. Tia Nena, como é conhecida, depois de trabalhar para muitas famílias na cidade e na Creche Corina Novelino, passou a servidora estadual como cantineira nas escolas estaduais, Afonso Pena e Sinhana Borges, onde se aposentou.
Paralelamente ao seu trabalho como servidora, trabalhou no Tião da Curandeira, em galinhadas beneficentes e nas quermesses das muitas festas na cidade. O tempo sugou-lhe parte da saúde, mas ainda permanece como voluntária no Grupo São Vicente de Paulo, servindo o café da manhã todos os domingos e visitando doentes. É membro da diretoria do Cerea, entidade com a qual muito colaborou nas realizações festivas e, também é voluntária do GTUFA (). Nena é uma mulher guerreira que sempre encontrou tempo para a família, o trabalho profissional e o voluntarismo.
De acordo com o presidente, as homenagens vão continuar. “Não podemos esquecer essas mãos amigas que nos ajudaram durante esse quase meio século do Cerea. Há muitas pessoas ainda a serem homenageadas porque a merecem. Para nós essa é uma homenagem que não tem preço, porque são pessoas que fazem parte da história do nosso Cerea. Quantas pessoas, inclusive eu, vivemos na sobriedade hoje, longe do álcool, graças a essas pessoas que começaram tudo e que seguem nos apoiando no dia a dia”, reconhece o presidente Cid, informando as atividades semanais da entidade.
O Cerea reúne-se semanalmente às quintas-feiras, na sua sede própria, às 19h30. Uma vez por mês, realizam reunião na Clínica Santa Edwirges (MG-428). E tem aberto suas portas para cursos do Senar em parceria como Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento e a Associação de Artistas e Artesãos de Sacramento (ASAA).