Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Cemig tira da cidade equipe de manutenção de rede

Edição nº 1666 - 15 de Março de 2019

O governo Romeu Zema, logo que assumiu o governo de Minas anunciou a privatização da Cemig, a maior estatal mineira. Para isso, a empresa começou a enxugar a empresa com planos de demissão voluntária e, agora, retira seus funcionários que formam as equipes de base, em cidades pequenas . Em Sacramento, por exemplo, os quatro funcionários concursados da Cemig, que prestam serviços na Unidade de Mão de Obra e Manutenção da rede em todo o município foram transferidos para Uberaba nessa segunda-feira 11, deixando na cidade, apenas uma empreiteira com um veículo e dois técnicos. 

 

A denúncia foi feita por Willian Franklin e Evaldo Gomes de Araújo,  diretores do Sindieletro (Sindicato Intermunicipal  dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais), falando da tribuna da Câmara Municipal, a convite do vereador Marcos dos Santos Pires, com aprovação da casa, nessa segunda-feira 11. O alerta feito aos vereadores e ao pequeno público presente denunciou às autoridades o prejuízo que a cidade vai ter. “A intenção do governo é enxugar a máquina, para isso vai demitindo e contratando empreiteiras para atrair empresas interessadas na compra da estatal”, justificou, enumerando a perda de qualidade do serviço, o longo deslocamento de Uberaba até chegar às comunidades mais distantes do município, o desconhecimento do município por parte dos novos contratados, dentre outras.

“Vai perder a cidade e, principalmente, as propriedades rurais, pois as denúncias de defeito e falta de energia vão ser feitas através do número 116 para uma central em BH, que repassa para a cidade polo que atende Sacramento, no caso Uberaba. Um veículo daquela cidade, a 80 Km de distância, é deslocado para o município para atender a ocorrência neste município, um dos maiores de Minas”, destacou. 

“A maioria deles não conhece o município e se perde na vasta rede viária de estradas até alcançar a propriedade, como vem acontecendo”. O exemplo foi dado pelo presidente do Sindicato Rural de Sacramento, André Barra Bisinoto, em seu programa radiofônico, lamentando a decisão da Cemig. “Temos recebido reclamações de produtores rurais sobre a demora das equipes de manutenção e reparos para chegarem às propriedades, que dependem da energia elétrica para refrigeração de seu leite”, relatou, informando que o Sindicato tomou providências junto a deputados e ao governo mineiro para brecar a decisão. Em vão, na última segunda-feira foram todos transferidos. 

O eletricitário Francklim confirmou que “a medida vai acarretar uma série de transtornos, em caso de falta de energia, principalmente, na zona rural do município, que possui uma grande bacia leiteira, conforme vem ocorrendo em outros municípios do estado”.

De acordo com o sindicalista, os funcionários lotados em Sacramento operam e dão manutenção às redes urbana e rural, abrangendo ainda os municípios de Conquista e parte de Perdizes, Delfinópolis e Tapira. Para isso mantinham na cidade equipamentos, veículos e uma sede. E tudo isso foi desmobilizado. “Juntos eles têm mais de 40 cursos e conhecem a região como ninguém.  Conhecem o município, conhecem toda a rede que já é muito antiga, conhecem as distâncias. A partir do momento que eles saem daqui, o município e a região vão ficar desassistidos”.

 Para o diretor William, vai aumentar o tempo em que os consumidores ficarão sem energia. “Sair de Uberaba e vir pra cá, será no mínimo uma hora a mais sem energia. Imagine se for um chamado da zona rural, a 100, 120km de distância!”, questiona em entrevista ao ET, destacando o objetivo da visita. “Queremos informar e alertar as autoridades e esperamos que a sociedade possa insurgir contra isso, fazendo valer os seus direitos. Então conclamamos vereadores, prefeito, organizações para que se mobilizem junto ao Governador”. 

A notícia caiu como uma bomba na cidade, especialmente pela dimensão territorial do município, quase 3 mil Km², um dos maiores do Estado, com mais de 2 mil propriedades rurais, a grande maioria eletrificada, além de vários povoados, como Desemboque, Jaguara, Jaguarinha, Perdizinha, Pinheiros, Quenta Sol, Santa Bárbara, Sete Voltas...

 

Cemig se prepara para ser vendida

Logo que soube da intenção da Cemig em tirar a equipe de manutenção da cidade, o prefeito Wesley De Santi de Melo correu atrás de deputados e de chefes dos escritórios regionais de Uberlândia e Uberaba, justificando o prejuízo que a cidade teria. 
“Neste início do governo Zema surgiu a hipótese da privatização da Cemig. Conversei com o deputado Bosco, que levou nosso recurso à direção da Cemig e ao governador. Há 20 dias tivemos uma reunião aqui com os coordenadores da Cemig na região, o Hudson e o Walter Hugo que, infelizmente, anunciaram o fechamento da unidade, uma decisão que veio de cima, goela abaixo. Eu vejo isso como um retrocesso, temo uma piora muito grande no serviço. Mas, não vamos deixar correr frouxo, não. Se o atendimento não for satisfatório, vamos correr atrás, porque nós pagamos e caro e queremos um serviço a contento”, expõe o prefeito, se dizendo muito chateado e preocupado. 
“Falei também, pessoalmente, com vários outros deputados votados na cidade, pedindo sua interferência junto ao governo, pois quem manda na Cemig é o governador do Estado, mas infelizmente não fomos atendidos. Estamos recorrendo e tentando reverter a decisão”, prometeu o prefeito.