Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Cavaleiros de Maria rumam para visitar Na. Sra. d'Abadia em Água Suja

Edição nº 1686 - 02 de agosto de 2019

Pelo 16º ano consecutivo, os 'Cavaleiros de Maria' partiram, às 11h desta sexta-feira 2, do Parque de Exposição Hugo Rodrigues da Cunha, de Sacramento, rumo ao Santuário de Na. Sra. da Abadia, em Romaria, antiga Água Suja. O percurso de 140 Km deve ser percorrido pelos 60 cavaleiros em três dias, segundo o organizador, Aldo Abadio Cintra, o Dadim, que falou ao ET. “Há 16 anos atrás iniciamos essa cavalgada para Romaria. Éramos, na época, três cavaleiros, Airton Cury, Ademirzinho e eu. Ao longo dos anos, a cavalgada veio  crescendo, a adesão de cavaleiros aumentando e eu nunca mais parei. Nunca deixei de ir e continuo ajudando na organização”, recorda Dadim, revelando que faz esse trabalho em favor do povo e em louvor a Nossa Senhora d'Abadia.  Até chegar à Romaria são previstas três marchas e dois pousos, o primeiro no Posto Triângulo, na comunidade de Almeida  Campos, e o segundo, na Escolinha, sete quilômetros depois de Nova Ponte,  ao entrar na estrada de terra da fazenda do Belmiro. 

Romeiros falam de fé e de amizade
Para Arinaldo Heitor de Paiva, a cavalgada começou em 2011. “Depois de três anos consecutivos, parei outros três, retomando em 2017, portando esta é minha 6ª cavalgada. Poderia ser a 9ª, mas, infelizmente, tivemos uma interrupção de três anos”, explica destacando os pontos positivos da aventura.
“Criamos laços de amizade, conhecemos pessoas de várias comunidades. Hoje, por exemplo, conheço um grande número de pessoas do Caxambu, Bananal, Quenta Sol, Palmeiras, Santa Bárbara porque cavalgamos juntos, nos encontramos aqui e firmamos amizades. A cavalgada propicia esses encontros e é também momento de terapia, de reflexão espiritual. Sou espírita, mas não é pelo fato de me dirigir a um santuário católico que deixo de ir. Faço minhas reflexões e respeito todos os credos. Deus é um só”, ressalta, lembrando que, quem o incentivou muito para essa cavalgada, foi o saudoso José Alfredo Dias. 
“Nós estávamos na cavalgada do Divino Pai Eterno, de Sacramento a Jaguara, quando ele nos chamou e disse: 'Por que vocês não vão para a Água Suja? - aconselhou, porque ele tinha esse costume. Inclusive, no último ano de vida dele, nós estávamos seguindo pra Romaria, quando ele nos encontrou no trevo da BR 262, encostado ao Spaço Armazém, ele vindo de Uberaba, logo depois que teve alta do hospital, parou e almoçou conosco. Alma muito boa”, lembrou Arinaldo, com saudades.
 Além da Cavalgada para Romaria, Arinaldo já participou de um grande projeto competitivo e solidário, o 'Caminhos Gerais', idealizado por Lúcio Flávio Baioneta, também feito através de cavalgada, porém com uma finalidade social, onde professores e alunos das faculdades de Montes Claros (Unimontes) e de Uberlândia (UFU), das áreas de Direito, Medicina, Odontologia, logo após a passagem da cavalgada, chegavam àquelas comunidades rurais carentes para atendimento das pessoas. E foi uma experiência muito produtiva”, lembra. 
Uma vida de devoção e bênçãos
José dos Reis, (Zé Cigano), de 64 anos, é sacramentano, morador da fazenda São Miguel Arcanjo, (Gurita)  no município de Delfinópolis, há cinco anos cavalga até Romaria, mas é cavaleiro desde criança. E fala também da satisfação e importância da cavalgada.   
“É uma viagem muito boa, com uma proteção divina muito grande. É uma viagem sofrida, cansativa, mas é um sofrimento prazeroso, porque chegar aos pés da Virgem é uma alegria. A gente chega num ano e já começa pedir forças pra volta no ano seguinte”, explica Zé Cigano, destacando que a devoção por Nossa Senhora da Abadia é herança de família. 
“Essa devoção vem de bisavô, e vai passando de geração em geração. Já alcancei graças, sempre fui muito protegido por Ela, porque já fui domador de animal e Ela me protegeu muito. Essa viagem é uma forma de agradecimento. No ano passado alcancei uma grande graça para um dos filhos. Foi um milagre”, diz com a voz embargada.
Aguçado pelo repórter, revelou o porquê do apelido cigano. “Era criança, uns quatro anos, quando chegou na fazenda uma vizinha montada num cavalinho, um cavalinho pequeno mesmo, e eu montei nesse cavalinho que saiu pinoteando, pulando... E aí ela falou que eu parecia cigano, o pessoal achou graça, mas eu não. Não gostava! E foi aí que o apelido pegou mesmo. Sou Zé Cigano até hoje”, diz com uma boa gargalhada. 
 O pedreiro Weverton Natal Borges estreou na cavalgada este ano. Diz que estava realizando um sonho antigo. “Sempre tive vontade de ir, mas não tinha um bom animal, agora deu certo e vamos viver de perto estes momentos”, destaca, completando que cavalga desde criança, embora não tivesse cavalo. Weverton é casado com Ariana Aparecida Borges e diz que não vai por nenhuma promessa, mas tem muito para agradecer. “É proteção e bênçãos que eu e minha família recebemos todos os dias... E sempre tive vontade de ir para agradecer”. 
Dorica Maria de Rezende 61, das de Sete Voltas, casada, mãe de sete filhos, faz a cavalgada há quatro anos e garante que é a fé  que a move cavalgar anualmente até Romaria. “Muita fé e devoção a Nossa Senhora d´Abadia e não pretendo parar. Para mim é uma alegria. Quando a gente avista a igreja, parece que a santa vem encontrar com a gente, é muita a emoção”, diz, acompanhada do marido Geraldo, do filho Lucas e da neta Pâmela que a acompanham.